top of page

15.10.2017

Praxe: novo ano, velha polémica!

Debate entre dois estudantes de Coimbra sobre a praxe académica. Susana Mendes, apresenta-se como sendo a favor e Bernardo Silva sendo contra.

Mediado por Joana de Bastos e produzido por Catarina Santos, Sofia Vieira e Laura Batel.

Please reload

VOX POP: Questões Improváveis - 2 tipos de pessoas

No dia-a-dia, em diversas situações, existem dois tipos de pessoas, com dois tipos de gostos ou dois tipos de comportamentos. Saímos á rua em plena esplanada de Coimbra e fomos tentar encontrá-las. Será que somos todos iguais?

Ana Silva

Carolina Gama

Duarte Côrte-Real

Francisca Pereira

Patrícia Caneira

Comunicação Social 2º Ano 

Please reload

Entrevista a Soraia Esteves

15.10.2017

Soraia Isabel Costa Esteves tem 23 anos e é natural de Bragança. Apresenta o programa ESEC TV desde junho de 2017 e foi estagiária na rádio Onda Livre, em Macedo de Cavaleiros, no verão do mesmo ano. Para sabermos mais acerca dos seus projetos e da sua formação profissional, entrevistámos a nossa colega de curso que desde o início tem sido uma fonte de inspiração para todos.

 

Soraia, fala-nos acerca da tua experiência na ESEC TV.

No primeiro ano de curso não concorri no casting para a ESEC TV, pois não achei que fosse passar, e na altura ainda não tinha uma ideia bem definida do que queria fazer no curso. No segundo ano inscrevi-me por brincadeira e quando soube que tinha passado à segunda fase achei que fosse engano. Por fim, passei na segunda fase e comecei a gravar em junho deste ano, e provavelmente devo acabar as minhas gravações em dezembro, que é quando termina a minha estadia em Coimbra. Está a ser uma experiência muito enriquecedora, já aprendi muita coisa, já deu para perceber o que se passa atrás das câmaras e todo o processo de preparação para apresentar um programa. Uma das dificuldades que senti foi em relação ao sotaque, pois este tem de ser o mais universal possível, temos de saber falar e saber estar, saber ser naturais à frente das câmaras. Enfim, estou a gostar muito da experiência e toda a equipa da ESEC TV é composta por excelentes profissionais, desde a Carina no teleponto, ao Pedro nas câmaras e ao professor Francisco que me ensina muito mesmo.

 

Como é que ocorre a preparação do programa?

Normalmente recebo o texto às segundas-feiras, estudo-o, terça-feira de manhã tenho cabeleireiro e maquilhagem, nessa mesma tarde gravo e o programa sai ao sábado.

 

A ESEC TV é um programa que aborda diversos assuntos ou é tendencialmente focado num só tema?

A ESEC TV é uma magazine cultural, onde podem encontrar tudo o que se passa ao nível cultural em Coimbra, desde eventos musicais a teatros, exposições, enfim tudo o que acontece com um teor cultural em Coimbra nós fazemos questão de divulgar. Temos agora uma nova rubrica em que contactamos pessoas de Coimbra cujas profissões são de interesse público, tais como fotógrafos conhecidos, e entrevistamo-los no seu local predileto em Coimbra, por exemplo, já entrevistámos pessoas no Choupal, no Jardim Botânico, etc., e é muito interessante mesmo.

 

Estar na ESEC TV é um grande compromisso. Como consegues conciliar as gravações com as aulas e os estudos?

Normalmente falto à aula que tenho nessa tarde, mas tento gravar sempre durante a minha hora de almoço, de modo a não interferir com o horário das aulas. No entanto, durante o verão e já a estagiar na rádio Onda Livre, vinha para Coimbra uma vez por semana para gravar.

 

Quanto tempo dura a gravação do programa?

O programa em si nunca passa dos 35 minutos, mas a sua gravação, contando com repetições e preparações, demora em média uma hora, a menos que seja um texto muito extenso. Na verdade tudo depende de mim e do material, pois muitas vezes ocorrem problemas técnicos.

 

Recebes algum feedback de quem te vê?

Sim, da minha família. Também já aconteceu algumas pessoas virem ter comigo aqui em Coimbra, mas não considero que tenha um grande reconhecimento, até porque não sou nenhuma vedeta (risos).

 

Consideras que a ESEC TV vai ser uma mais-valia para o teu futuro?

Sim, muito, e acho que todos os estudantes do nosso curso deviam passar por essa experiência, se não for na parte da apresentação que seja nas câmaras porque é de facto um excelente currículo.

 

Sentes que vais melhor preparada para o mundo do trabalho depois desta experiência?

Sim, muito mesmo, aprendi bastante ao nível da apresentação e sinto uma evolução enorme desde o início até agora.

 

Podes falar-nos um pouco sobre a tua experiência de estágio na rádio Onda Livre?

Foi uma experiência muito boa também, estive lá durante dois meses e comecei por entrar para a parte da informação, depois passei de informação para edição de vídeo, de edição de vídeo fui para câmera man, depois passei para locutora e apresentei um programa. Tenho neste momento um programa meu na mesma rádio, que vou gravando aos fins-de-semana e que passa durante a semana.

 

Em que consiste esse programa?

É um programa de entretenimento que passa à noite e acaba por acompanhar as pessoas que saem tarde do trabalho ou que estão em casa e gostam de ouvir rádio à noite, é um programa com o fim principal de fazer companhia às pessoas. O outro programa que apresentei, Discos Pedidos era igualmente muito direcionado para o público mais velho. Aprendi muito ao nível da edição, aprendi a escrever uma notícia, etc.. Foi cansativo mas aprendi muito mesmo! Tinha dias em que entrava às nove horas e meia da manhã e só saía às duas horas da manhã, e deu realmente para perceber o que é o trabalho no dia-a-dia, não na teórica mas na prática. Lembro-me, por exemplo, que houve um domingo em que saí para fazer a cobertura de um jogo de voleibol, numa final de campeonato nacional, e este só acabou às oito horas da noite, já saímos de lá a pensar que íamos finalmente embora para casa jantar, e de repente deparamo-nos com um incêndio lá perto, numa propriedade, e lá fomos nós. Era meia-noite quando chegámos a casa nesse dia.

 

Agora que viveste a experiência tanto da televisão como da rádio, o que te imaginas a fazer no futuro?

Rádio, sem dúvida. Aprendi imenso com a experiência que vivi, e é de facto algo diferente, porque tu não sabes quem é que está do outro lado e a pessoa que está do outro lado não sabe quem é que está a falar. Há sempre uma enorme curiosidade de ambas as partes.

 

Sentes de algum modo que na rádio tens mais responsabilidade ao nível do vocabulário e da pronúncia, enquanto na televisão tens de ter uma postura diferente, certo?

Exatamente, na televisão temos de cativar com a nossa presença, já na rádio temos de cativar com a voz, e caso tal não aconteça, e sendo que a pessoa não te está a ver, torna-se mais fácil desligar ou mudar de estação, daí que seja de máxima importância saber o público-alvo a quem nos dirigimos e saber cativá-lo.

 

Este ano sabemos que vais ter estágio, já tens alguma ideia de onde gostavas de estagiar nos próximos meses?

Eu gostaria de estagiar para a TSF, aliás já estou em fase de preparação de documentos, já entrei em contacto com o jornalista da TSF, Afonso Costa, e vou fazer de tudo para conseguir realmente estagiar lá, não só por ser perto da minha terra, mas também porque é mesmo aquilo que eu gostava de fazer no futuro.

 

Já falámos em rádio e televisão, mas ainda não falámos acerca do jornalismo de imprensa. Não te identificas com este tipo de jornalismo?

Não, não gosto de escrever e sinto que não tenho muito jeito na verdade, considero que sou melhor a falar e a dar-me com as pessoas do que propriamente a escrever.

 

Terminamos então com um agradecimento por teres disponibilizado o teu tempo para esta entrevista e esperamos sinceramente que tenhas um grande sucesso na tua carreira.

Obrigada eu por terem demonstrado interesse neste meu percurso, bom trabalho.

 

Jorge Brito

Beatriz Céu

Catarina Pinto

Ana Luísa Maciel

Diogo Pereira

.

Please reload

JORNALISTA: PROFISSÃO DE CORPO E ALMA

 

Coordenador e jornalista da RTP, Pedro Ribeiro, conta o seu percurso profissional e destaca as dificuldades de uma profissão de “dedicação total, 24 horas”.

 

 

Pedro Ribeiro, 50 anos, coordenador da RTP e Antena 1 da delegação de Coimbra, iniciou a sua carreira de jornalista em 1986 numa rádio pirata. Seguiu, posteriormente, para uma rádio local conimbricense, 90 FM, que conciliou com um trabalho no Diário de Coimbra, compatibilizando a rádio com a imprensa. Prosseguiu para Espanha, em 1990, onde frequentou um curso de jornalismo nos arredores de Sevilha, em Jerez de la Frontera, com estágio na televisão e na rádio (Onda Gerês Rádio e Televisão) onde permaneceu durante meio ano. Quando regressou a Portugal ingressou na TSF, acumulando algum tempo como correspondente no jornal O Jogo, e a partir de 1992 entrou para a RTP a convite da direção. Paralelamente, conseguiu conciliar o trabalho na RTP/Antena 1 com o Jornal de Coimbra. A partir de 2010 dedicou-se por completo ao exercício de funções na RTP/Antena 1. Em março de 2013 foi nomeado coordenador da Antena 1 e RTP para os distritos de Coimbra, Viseu, Leiria e Aveiro Sul, funções que ainda exerce de momento.

Como coordenador as funções de Pedro Ribeiro são fazer a ligação e a coordenação das equipas de Coimbra e da região centro do país, assim como a associação com os editores chefes de Lisboa e do Porto. Fazer a marcação de serviços e trabalhos, preparar uma agenda, estabelecer contactos para os jornalistas quando vão para o terreno para saberem aquilo que vão fazer, além de ter de saber também um pouco do tema para lhes poder explicar. Para além disto, outros encargos passam pela preocupação com a parte técnica para que tudo funcione da melhor forma, com as obras do edifício e com toda a frota automóvel que a delegação tem, desde a manutenção até às revisões e por fim saber, financeiramente, os gastos mensais que terão de ser prestados a Lisboa. Como diz Pedro Ribeiro “É preocuparmo-nos um pouco com tudo”.

Em relação ao que é ser jornalista, Pedro Ribeiro confessa “É uma dedicação, uma dedicação total de 24 horas”. De seguida acrescenta, aconselhando os futuros profissionais da área:

“Venham para esta profissão de corpo e alma, conscientes das dificuldades que vão encontrar nas redações e no terreno.”

 

Tal como este refere ser jornalista é uma profissão muito difícil. Esta realidade é cada vez mais visível, pois existe uma grande diferença entre as gerações anteriores e as gerações de hoje em dia. Antigamente, o jornalismo era uma opção, apenas exercia quem gostava e quem realmente tinha jeito para o fazer. A aprendizagem era feita através da experiência, enquanto que, nos dias de hoje, a existência de cursos gera uma maior competitividade. Isto acontece porque atualmente quem sai da universidade, seja em que área for, sai mais astuto e competitivo.

Acrescentando ainda, para quem quer seguir a área, que acima de tudo têm de estar conscientes da competitividade entre todos os profissionais, das dificuldades e dos problemas que se irão encontrar ao longo de todo o percurso.

 

RTP COIMBRA: SOM, IMAGEM, PRODUÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1935, nasce a RTP e a Antena 1 e juntamente com elas surge também a delegação de Coimbra que, consequentemente, abrange além deste distrito, o de Leiria, Viseu e Aveiro Sul.

 

A equipa da delegação de Coimbra da RTP é constituída em Viseu por um jornalista e um repórter de imagem. Em Coimbra, esta é formada por três jornalistas de rádio, três jornalistas de televisão, três repórteres de imagem, três técnicos de som, – Embora existam jornalistas que exerçam funções tanto na rádio como na televisão – uma secretária de redação, uma telefonista, um engenheiro informático, um locutor e finalmente duas pessoas ligadas à engenharia que fazem a manutenção dos postos de emissão da rádio e da televisão.

As equipas de terreno (três jornalistas de televisão, três jornalistas de rádio e três repórteres de imagem) apesar de pertencerem à delegação de Coimbra são distribuídas por Leiria, Viseu e Aveiro Sul quando necessárias.

 

 

ORGANIZAÇÃO DA RÁDIO

 

A delegação tem três técnicos de som que fazem trabalho de estúdio e trabalho de exterior, sendo que em todas as emissões ou gravações existe um técnico de som para controlo. Existem dois estúdios – um assistido e um independente. O estúdio assistido necessita de uma cabine técnica com um operador de som para controlar a emissão. Por sua vez o estúdio independente denomina-se auto-operado permitindo ao jornalista fazer a edição, o que não seria possível realizar numa emissão em direto.

A central técnica concentra todos os estúdios. É onde se fazem as misturas, recebem-se e enviam-se peças, trabalham-se os sons, fazem-se gravações e dirigem-se os programas. “Vem tudo parar aqui. Já dizia um antigo chefe meu que aqui era o forno, era onde se cozia, preparava-se tudo e enviava-se” acrescenta Lurdes Gomes, técnica de som da delegação de Coimbra.

 

 

PROGRAMAÇÃO DA RÁDIO

 

João Costa é o locutor que faz a emissão de continuidade ao fim de semana, a partir de Coimbra, das 7 da manhã até às 13 da tarde. Há dias em que se faz continuidade para a Antena 1 e também trabalhos de informação. São também gravados alguns programas para todas as antenas, embora sejam a tempo parcial. Existe das 7 da manhã às 13 da tarde a Antena 1 Nacional e os noticiários ao sábado e ao domingo das 20 à 1 da manhã.

A partir de Coimbra é feito o programa do Cinemax em que são normalmente feitos dois filmes para preencher espaços, podendo ser escutado das 23 às 24 da noite, quintas feiras. O festival de cinema de Cannes e de Veneza é também realizado a partir de Coimbra, em que os jornalistas que estão no local enviam para a delegação as peças para que tudo seja sonorizado e montado. Para a Antena 3 às quartas feiras é feito o programa do Aleixo e finalmente o espaço do professor Eduardo Sá e da Isabel Still “Os dias do avesso”, sendo esta uma rúbrica diária.

 

 

ORGANIZAÇÃO DA TELEVISÃO

 

 

 

 

 

A RTP em termos de televisão engloba a RTP1, RTP2, RTP3, RTP África e a RTP Internacional.

A equipa da televisão tem um jornalista, um repórter de imagem e um jornalista de rádio. Pode acontecer, que o jornalista da rádio e da televisão seja o mesmo (É o caso de Viseu, Guarda, Beja e Castelo Branco).

O estúdio está em permanente utilização, fazendo-se nele peças diariamente, principalmente no ramo da cultura.  O jornal das 21 horas da RTP2, o jornal 2 da RTP 3 e debates na área da política, tanto para a televisão como para a rádio, já foram lá gravados. “Tanto dá para apresentar espaços informativos como também dá para meter pessoas em duplex para serem entrevistadas. Diariamente é utilizado, por universitários, pessoas ligadas à política, sindicatos, médicos, tudo. Temos cá todos os dias convidados em estúdio”. Acrescenta Pedro Ribeiro.

Na parte superior do edifício da delegação há duas salas onde se trabalha, escrevem peças, recebem informações e trabalhos de outros jornalistas. No corredor, existem 3 ilhas de edição de peças, onde o jornalista escolhe as imagens, grava o texto e, posteriormente, na sala de baixo é possível enviar as peças diretamente para Lisboa. Através da régie é possível comandar o que se está a passar no estúdio, escolhendo e fazendo a mistura das câmaras. O indivíduo que se encontra sentado com o realizador escolhe o melhor plano para ir para o ar – Este controla tudo o que se está a passar no estúdio de televisão, à exceção de quando só está um convidado com a única câmara existente em estúdio, nesse caso, apenas se coloca a pessoa no ar.

Finalmente, é de Lisboa que sai o produto final sendo também onde são feitas as alternativas em situação de imprevisto.

 

 

 

(Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

Ana Mamede

Maria Valverde

Teresa Ramos

             Comunicação Social, 2º Ano

"O grande desafio das rádios locais é a sobrevivência!"

 

César Granjeio, natural de Penacova, é jornalista há cerca de 30 anos e conta com um currículo recheado. A paixão pela rádio sobrepôs-se a todos os outros interesses e é na MUNDIAL FM que está há 2 anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como ingressou na área da comunicação social?

 “Tinha alguns amigos que já faziam rádio. Eu, curiosamente, cantava num conjunto e um amigo meu lembrou-se de me convidar para fazer ir lá à rádio porque achava que eu tinha boa voz, e assim foi. Comecei na rádio Manchete (Penacova). Fui umas 2 ou 3 vezes ver como é que se fazia aquilo, como é que se mexia nos botões e depois comecei a fazer um programa uma vez por semana durante 1h. O bichinho da rádio é tipo um vírus, nunca mais desaparece.”

Como surgiu o interesse pelo jornalismo?

“Fui empurrado para o jornalismo. Há cerca de 30 anos comecei a fazer um programa normal, com música e algumas curiosidades pelo meio. Entretanto, já na altura era obrigatório que as rádios piratas fizessem alguns noticiários pelo meio e não havia mais ninguém que lê-se as notícias e surgiu. Comecei de uma forma muito rudimentar, recortava as notícias dos jornais, era assim que todos faziam, riscar o que não interessava e ler aquilo que interessava.”

Tem formação na área?

“Não. Tenho carteira por trabalhar na área. Ainda assim, fiz um curso ou dois, de jornalismo, para aprender as noções básicas e a partir daí foi sempre a andar, foi a experiência, foi aprender a escrever notícias, a ler notícias, a fazer entrevistas, reportagens”

Qual o momento mais marcante que já experienciou em rádio?

“Estava eu a fazer o noticiário na altura em que o sr professor Cavaco Silva foi inaugurar o lar de idosos da misericórdia de Penacova. Nós fomos fazer reportagem e gravamos uma entrevista com Cavaco Silva numa cassete, que muitas das vezes não eram virgens e tinham coisas por baixo. Eu preparei tudo, fiz a notícia e deixei na mesa do técnico, que era responsável por lançar tudo. O meu técnico tinha por hábito sempre que chegava à rádio ir ouvir tudo que lá estava. Eu disse-lhe que estava ali a entrevista do Cavaco Silva, que estava pronta e que quando eu fizesse sinal ele podia arrancar com a entrevista. O que é que ele faz? Foi ouvir a entrevista. Mais grave que isso, não puxou a cassete para trás. Eu não sabia, claro. Sentei-me, comecei a fazer o noticiário e chegou a notícia do Cavaco Silva, eu fiz o lançamento e fiz-lhe sinal. Sabes o que é que arrancou? A Tina Turner. Já não havia condições para continuar mais noticiário nenhum”

Sente alguma dificuldade em ser jornalista? Nota alguma evolução?

“Eu nunca tive grandes dificuldades e também nunca precisei muito da Comissão da Carteira Profissional a não ser para revalidar a carteira. No entanto, confesso que, ainda hoje, não sei porque é que um jornalista credenciado tem de levar uma credencial cedida pelos clubes de futebol para irem fazer os relatos e isso é apenas um exemplo. Acho que em termos gerais, a profissão é mais reconhecida”

Em relação às fontes, qual acha que é a maior dificuldade que nota quando tenta contactar alguém?

“A maior dificuldade vem das estruturas que estão acima, por exemplo, ligas para um quartel dos bombeiros a perguntar onde é o fogo e eles dizem para ligar para a proteção civil. Devemos conhecer as pessoas, ter amigos. As fontes são fidedignas, estão no teatro de operacionais. Temos de ter uma relação. E, infelizmente, não devia ser assim”

Tem noção de quantas pessoas já entrevistou?

“Já entrevistei mais de 200 ou 300 pessoas”

Prepara as entrevistas?

“Não. Nem sequer preparo perguntas. Cada entrevista que eu faço tem uma base e depois as perguntas faço-as conforme a conversa vai evoluindo. Não entro na vida pessoal das pessoas.”

Como surgiu o projecto MUNDIAL FM no seu percurso profissional?

“O projecto MUNDIAL FM surgiu [na minha vida] no seguimento daquilo que eu já fazia antigamente. A RSA (Rádio Santo André) fechou em 2013 e eu fiquei desempregado. Estava envolvido noutros projectos, directamente ligados ao mundo do futebol, quando surgiu a oportunidade de vir fazer programa na MUNDIAL e eu disse logo que sim. O projecto tinha começado há pouco tempo [MUNDIAL FM], as emissões regulares da rádio tinham recomeçado à pouco tempo. Comecei a fazer 3 noticiários por dia. E a partir daí tem sido sempre a evoluir.”

Quais as suas funções, neste momento, na rádio?

“Para além de fazer notícias, de ir para o terreno, tenho também um programa ao sábado, das 9h às 11h. Na primeira hora recordo algumas das principais notícias da semana e na segunda hora, habitualmente, tenho sempre me estúdio um convidado comigo para conversar um bocadinho, desde o desporto à música”

Sendo jornalista numa rádio local, de que forma é que se tentam aproximar do público?

“Em termos de informação, nós tentamos sobretudo, e porque este é um órgão de comunicação local, dar as notícias locais. O que tem evoluído é a tecnologia. Hoje temos bastantes sites informativos. A rádio é um meio de comunicação de proximidade. O grande objetivo das rádios locais é a sobrevivência”

Já teve alguma peripécia durante alguma entrevista? Do género, já aconteceu algum convidado ficar sem resposta?

“Já me aconteceu, curiosamente, com um político. Estive quase 1h a ouvir monossílabos. É muito difícil e tu chegas a uma altura em que já começas a pôr as mãos à cabeça. Aí sim, 1h demora tanto a passar, foi uma coisa horrível. É complicado porque tu depois também começas a entrar em stress porque tu perguntas assim “então tem projectos para a câmara?” e a respondem-te “tenho”. Depois tens de ser tu a preencher o espaço. Não desejo isso a ninguém. Foi traumatizante”

O que acha dos novos jovens que vão, cada vez mais cedo, para o terreno?

“Muitos dos repórteres não sabem o que estão a fazer, estão muito mal preparados. Têm de se adaptar e muitos não sabem português, o que é uma vergonha. Mas, sobretudo, a culpa não é deles, é de quem os manda para lá. Quando tentam saber algo não tem de ser directamente, podem arranjar estratégias para obter a informação pretendida. O jornalismo sério não pode ser feito com base nesse tipo de perguntas, nesse tipo de reportagens. Tens que dar a notícia como ela é. Não podes estar a dar uma notícia para na reportagem a seguir vires desmentir, acho que é muito mau. É preferível dizeres que estás à espera de confirmação, que ainda não conseguiste falar com nenhuma fonte oficial, e que assim que puderes voltas a falar. As perguntas devem ser feitas de modo a informar as pessoas”

Prefere ficar em estúdio ou sair para o exterior?

“Gosto de fazer as duas coisas. Gosto mais de estar em estúdio porque tu em estúdio estás tranquilamente e não tens ruídos acessórios a perturbarem-te, por outro lado estar em direto dá uma adrenalina brutal, é bom estares a olhar para as pessoas e veres as reacções delas. Numa percentagem, gosto 60% de estúdio e 40% de exterior”

Sente-se famoso?

“As pessoas aqui sabem quem eu sou. Algumas, nem todas. Mas gosto muito de estar a beber café e que cheguem ao pé de mim e que me digam que gostam da pergunta que fiz ou daquilo que disse. Mas gosto do reconhecimento, apesar de não fazer nada por isso. Sou muito discreto mas também não fujo.”

Destaca algum acontecimento em que foi surpreendido?

“Aqui há muitos anos atrás, havia um café que frequentava regularmente e um dia cheguei lá à noite e entrei e disse “boa noite” e houve alguém que se levantou e disse “epá, eu conheço essa voz”. Era uma pessoa que eu não conhecia de lado nenhum, era de Aveiro estava a passar férias no parque de campismo e por acaso ouviu a rádio e reconheceu a voz.”

Qual o melhor conselho que pode dar a alguém que pretende ingressar na área da comunicação social?

“Estudar, aprender as técnicas, que é fundamental e adaptá-las à realidade. Muitas vezes vocês saem da escola com a teoria toda sabida e sem prática nenhuma e não podem chegar à rua e pensar que já sabem tudo”

É possível dar uma notícia que o afete diretamente ou menos boa sem mostrar emoção?

“Eu não acredito que não aconteça. Podes dar a notícia, tu consegues mas não duvido que não haja emoção porque tem que haver, não somos máquinas e temos emoções. Mas acho que temos de controlar mais as más emoções.”

Quais os seus planos para o futuro?

“Continuar a fazer informação.”

Quais são os seus jornalistas de inspiração? Sente que pode aprender com eles?

“Em termos de televisão gosto muito do Bento Rodrigues, é um pivô sóbrio, é um homem que dá as notícias como deve ser, tem o seu “q” de emoção e não esconde nada, faz perguntas excelentes. Em termos de rádio, gostava muito do José Ramos, do António Sérgio, ambos da Comercial. Aprendemos sempre e acho que temos de aprender as coisas boas. Eu, ainda hoje, gosto de ouvir noticiários nas rádios nacionais, como a Antena 1, Rádio Renascença. E devemos aprender com quem achamos que sabe mais que nós.”

Vê televisão?

“Às vezes. Costumo ver o noticiário da RTP2 e depois vejo séries”

Ouve muita rádio?

“Nem por isso”

Lê jornais?

“Leio os jornais regionais e alguns nacionais”

Gosta de se ouvir?

“Não sou narcisista mas gosto”

Quais são os seus interesses, no geral?

“Gosto de política, gosto de desporto, gosto de, acima de tudo, informar as pessoas”

Andreia Henriques

"As empresas preferem sempre alguém com experiência.”

 

Natural de São Pedro do Sul, Sérgio Carvalho tem 30 anos, é licenciado em Engenharia Eletrotécnica e das Telecomunicações, pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco e respondeu a algumas questões relativas ao que se segue ao ensino superior.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando escolheste o curso, quais eram as tuas expectativas?

Vi este curso como uma oportunidade de vir a ter um emprego estável, bem remunerado para poder alcançar alguma estabilidade financeira e independência.

 

Correu como esperavas?

Nem por isso, o curso correu bem, é verdade. Mas vários professores me alertaram na dificuldade que encontraria no futuro. Ainda por cima em tempo de crise, as minhas esperanças diminuíram um bocadinho. E, de facto, não aconteceu tudo conforme os meus planos, principalmente a nível de emprego.

 

Depois de ter o diploma na mão, como imaginaste que seria a tua vida dali para a frente?

Percebi imediatamente que a minha vida teria muito mais responsabilidade e muito menos tempo livre. À medida que o tempo passou, vi-me obrigado a sair muitas vezes da minha zona de conforto.

 

Quais foram as maiores dificuldades que encontraste para entrar no mercado de trabalho?

Encontrar um emprego na minha área é muito complicado, já que as empresas preferem sempre alguém com experiência. Não é fácil encontrar uma empresa disposta a arriscar em alguém novo. Fui aceitando pequenos trabalhos temporários e fora da minha área.

 

Como é que procuraste emprego?

Enviei currículos para imensas empresas, inclusive para empresas em Lisboa e no Porto, porque achei que teria mais hipóteses nos grandes centros urbanos, apesar de, sem dúvida, preferir o estilo de vida que tenho cá. São Pedro do Sul é uma cidade mais pequena, mais calma e que eu valorizo bastante!

 

Muitos jovens da tua idade optaram por sair do país, não pões a hipótese de sair também?

Sim, penso nisso muitas vezes. Tenho inclusive colegas de curso a trabalhar no estrangeiro, mas estão completamente fora da nossa área.

 

Só aceitas ir para fora, se trabalhares na tua área?

Não, não é uma prioridade trabalhar na minha área. Até porque mesmo cá em Portugal as ofertas que tive foram para programação, que é o mais procurado, mas nem as poucas cadeiras sobre isso que tive no curso gostei.

 

Nesse caso, o que te impede de ir para o estrangeiro?

Nada me impede, é uma questão de escolher o momento certo para isso, que ainda não surgiu. Mesmo já tendo tido algumas propostas, não me agradaram por diversos motivos.

 

O que aconselhas recém licenciados na tua área a fazer?

Aconselho a sair para os maiores centros urbanos do país e para não terem expectativas demasiado elevadas. Não é fácil encontrar logo um emprego dentro da nossa área, mas através de outros trabalhos e outras experiências vão fazendo contactos e conhecendo mais pessoas, o que pode ajudar muito.

 

 

 Ana Sofia Rodrigues

Domínio Socialista

      No passado dia 1 de outubro realizaram-se as eleições autárquicas que, como é sabido, servem para eleger os membros do poder local nos respetivos concelhos. Naquilo que diz respeito ao distrito de Coimbra, dos dezassete concelhos, doze ficarão a cargo do Partido Socialista.

     

 

 

 

 

 

 

 

 

     

 

 

     Comecemos pela “capital do distrito”. O socialista Manuel Machado vai continuar a comandar os destinos da autarquia de Coimbra depois de garantir 35.46% dos votos e cinco vereadores. Contudo, ficou aquém dos seis mandatos necessários para uma maioria absoluta. Ao movimento “Mais Coimbra” de Jaime Ramos - que liderava a lista da coligação PSD/CDS/MPT/PPM – foram atribuídos três mandatos, fruto de 26.56% da votação. À frente do movimento “Somos Coimbra”, o melhor que José Manuel Silva conseguiu foi a garantia de dois vereadores com 16.06% dos votos. O último mandato ficou reservado para a CDU que atingiu os 8.30%.

     Sem qualquer mandato atribuído, é possível referir partidos como o PAN (1.60%) e o PNR (0.29%), bem como o movimento “Cidadãos por Coimbra” que chegou quase aos 5 mil votos, atingindo, portanto, 7.02% da votação. A taxa de abstenção em 2013 estava fixada nos 50.62%, tendo caído para os 46.55%. Foram contabilizados cerca de 2 mil votos em branco (3.05%) e cerca de mil nulos (1.64%). Em comparação ao ano de 2013 é legítimo argumentar que existiram melhorias, quer ao nível da abstenção, quer em relação à diminuição significativa dos votos nulos e em branco, algo que até foi felicitado pelo presidente reeleito pelos cidadãos de Coimbra.

     Manuel Machado salientou que o poder democrático local saiu favorecido e reforçado, afirmando a intenção de “promover Coimbra como cidade de qualidade de vida e os conimbricenses como pessoas que merecem todo o respeito e proteção, mesmo os que em nós não votaram”. Declarações que não deixam de ser irónicas… Para quando a solução do Metro Mondego? É a promessa da transformação do aeródromo Bissaya Barreto num aeroporto internacional que vai resolver o problema? Problema esse que tem dificultado a vida a milhares de pessoas no quotidiano naquilo que diz respeito ao trajeto Serpins/Lousã/Miranda do Corvo – Coimbra. Confesso que até tinha a sua graça lançar palpites acerca do número de possíveis rotundas construídas até ao tal aeroporto, porém, um investimento que talvez implique uma quantia a rondar os 10 milhões de euros…não merece esse esforço.

    Dos restantes onze concelhos cujos respetivos líderes (re)eleitos pertencem aos quadros do PS, só um é que não atingiu a maioria absoluta. Lurdes Castanheira teve um mandato difícil em Góis, mas mesmo assim conseguiu vencer com apenas 995 votos, ou seja, 36% da votação, conquistando apenas dois de cinco vereadores possíveis em comparação aos três mandatos obtidos em 2013.

     Em Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino venceu com 69% dos votos. Também na casa dos 60% podemos referir dois concelhos (vizinhos): Vila Nova de Poiares e Lousã. O primeiro com João Miguel Henriques ao leme atingindo os 68%, assim como mais um mandato, o segundo a cargo de Luís Antunes que conseguiu quase 66% dos votos.

     O PS teve também uma vitória expressiva em Soure, passando de três para cinco mandatos, após Mário Jorge Nunes ter atingido 58% da votação. Em Condeixa-a-Nova, Nuno Moita conseguiu 57% dos votos. No concelho de Penacova, Humberto Oliveira adquiriu a confiança de 55% dos eleitores que se dirigiram às urnas.

     Mário Loureiro conseguiu cerca de 53% dos votos para continuar à frente da Câmara do concelho de Tábua, porém, perdeu um mandato, baixando de cinco para quatro. Com precisamente 50% da votação, o socialista João Ataíde Neves manter-se-á na presidência do concelho de Figueira da Foz, passando de cinco para seis vereadores.

     O PSD não conseguiu recuperar nem Montemor-o-Velho nem Miranda do Corvo, visto que os presidentes – Luis Leal e Fátima Ramos espectivamente – que não se recandidataram há quatro anos atrás devido a limite de mandatos, regressaram e não levaram a melhor sobre os socialistas Emílio Torrão e Miguel Baptista, tendo estes alcançado 51% dos votos nos seus concelhos.

     Arganil, Cantanhede, Mira, Pampilhosa da Serra e Penela pertencem ao lote de concelhos que ficarão a cargo do Partido Social Democrata. No concelho de Arganil, a luta foi renhida. Com cerca de 47% dos votos, Luís Paulo Costa continuará na presidência com quatro vereadores contra três do PS que obteve 43%. Em Cantanhede, 61% dos votantes elegeram Helena Teodósio como presidente da Câmara Municipal.

     Nos concelhos de Mira e Penela, a tendência foi semelhante visto que em ambas as localidades o número de vereadores do PSD saiu reforçado, confirmando também as vitórias de Raúl Almeida e Luís Matias com percentagens a rondar os 60% e os 63% respectivamente. Por fim, José Brito Dias voltou a atingir a glória em Pampilhosa da Serra com uns impressionantes 78%, mantendo o pleno de vereadores.

     Avaliando a generalidade dos dados no que diz respeito aos concelhos pertencentes ao distrito de Coimbra, é possível constatar que foram atribuídos 63 mandatos ao PS e 37 ao PSD, números superiores aos conseguidos no ano de 2013 em ambos os casos. A taxa de abstenção no distrito desceu de 46.14% para 43.87%. Os grupos de cidadãos registaram uma subida percentual a rondar os 3.7% em relação às últimas eleições autárquicas, o que demonstra a existência de um partido político formal nem sempre é a melhor solução em confronto com a voz do povo. Outro dado relevante é o facto de não ter sido atribuído qualquer mandato a partidos como o PAN ou o BE, assim como tinha acontecido em 2013. A meu ver, o lado positivo destas eleições foi unicamente o facto de o poder democrático ficar mais vincado, como sendo também o espelho da descida da taxa de abstenção e do número de votos nulos e em branco.

 

Artigo de opinião de Miguel Simões

«Tenho bases muito sólidas que adquiri na ESEC»

Natural de Felgueiras, com 20 anos de idade, Diana Teixeira está a um passo de concluir a licenciatura em Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra. O estágio é a última fase deste percurso iniciado há cerca de 3 anos. É neste âmbito que viemos descobrir quais as expectativas desta jovem.

 

 

 

 

O que te levou a escolher o curso de Comunicação Social em Coimbra?

- A minha primeira opção não foi Coimbra, mas sim Braga em Ciências da Comunicação, no entanto escolhi esta área porque uma vez no secundário estava a apresentar um trabalho e uma professora notou em mim qualidades na apresentação e encorajou-me a apostar nesta área. Como na altura estava um pouco deambulante sobre o que queria seguir resolvi aceitar o conselho da minha professora.

Após três anos o curso correspondeu às tuas expectativas?

- Sim correspondeu, aprendi várias coisas sobre as diversas componentes da Comunicação Social, desde a televisão à área digital, da parte mais técnica e programática à redação de textos, diversas áreas que hoje conheço e domino melhor. Mesmo a parte radiofónica que tinha a ideia de que não gostava, mas que vim a descobrir que afinal gosto, sinto que estou a aprender verdadeiramente sobre as mais diversas áreas que compõem a comunicação.

Visto que estás quase a terminar a licenciatura, já tens em mente qual o local de estágio?

- Sim, o que mais me fascina à priori é a informação, assim gostava muito de ingressar na “SIC” porque é uma empresa, que a meu ver, é exemplar e de grande influência informativa no país. Gostava muito de me integrar na equipa da “SIC Notícias”, em concreto nos espaços noticiosos.

 

Quais as expectativas para este estágio?

- O facto de estudarmos no Politécnico faz com que tenhamos teoria, mas, ao mesmo tempo, também muita prática. No entanto, esta prática não se compara de todo ao que vamos exercer no estágio. Ou seja, o culminar do que aprendemos durante três anos vai ser inteiramente posto à prova, os trabalhos vão ter uma marca nossa, algo que nos caracterize tornando-se importante e gratificante após três anos de estudo.

Quais os maiores receios que tens para o estágio?

- Eu acho que o maior receio é a quebra de ritmo, estamos habituados à vida de estudante que não tem tantas responsabilidades, lá sabemos que temos de cumprir horários e de todo não vai ser fácil, mas claro que o maior receio é chegar ao estágio ao lado dos maiores profissionais e não gostarem do nosso trabalho, ou não nos conseguimos adaptar e consequentemente produzir bons conteúdos.

 

Depois do estágio queres continuar os estudos ou pensas já começar a vida profissional?

-Aquilo que eu já pensei e é o que vou fazer é, caso me ofereçam o estágio profissional eu aceito, caso contrário vou continuar os estudos, sim! Penso no mestrado e mesmo numa pós-graduação.

Sentes que estás preparada para mais esta mudança?

-É uma fase que vem acompanhada com muito ânimo, mas também muito receio, mas sim sinto-me preparada porque sei que tenho bases muitos sólidas que adquiri aqui (ESEC) para agora demonstrar.

Abílio Ribeiro

Coimbra recebe novos estudantes em festa!

A cidade dos estudantes fez jus ao seu nome e recebeu, mais uma vez, milhares de caloiros de todo o mundo em inúmeros palcos nela espalhados.

Coimbra é, desde sempre, um dos destinos prediletos no que toca às colocações do ensino superior, quer seja pelo potencial e renome da Universidade de Coimbra, bem como a versatilidade disponibilizada por todas as instituições inseridas no IPC (Instituto Politécnico de Coimbra).

Salienta-se que Coimbra é a cidade pioneira no que toca à vida académica e na integração dos milhares de estudantes, que escolhem Coimbra como destino para o seu percurso académico. Desta forma, e à semelhança do que acontece desde o século XIX, quando surgiu a primeira Festa das Latas, foram surgindo também novos eventos com o fim de proporcionar aos novos estudantes a melhor adaptação e integração nesta nova etapa das suas vidas. Nos dias de hoje, estas festas de integração são banalmente intituladas de “Receções ao Caloiro”, sendo esta a forma mais apelativa de cativar os recentes colocados a aderir a estas festividades e serem inseridos da forma mais rápida e natural possível no ambiente do Ensino Superior.

Sendo Coimbra palco de inúmeras receções fomos ao encontro de diversas instituições organizadoras com o intuito de explorar o objectivo e todo o processo de organização deste tipo de festas.

Sucesso reincidente na Festa das Latas com investimento em cartaz totalmente nacional

Animação e euforia bem presentes numa das noites da Festa das Latas

José Pedro Barge, um dos responsáveis pela realização da Festa das Latas, afirma com entusiasmo tudo aquilo que sente ao fazer parte desta equipa, “Acima de tudo é a sensação de uma responsabilidade e desafio. Muitas das vezes é um pouco cansativo mas a verdade, é que para garantirmos o sucesso do evento e, acima de tudo, pelo símbolo que representamos a força de vontade é muito maior”.

A integração dos novos alunos é um trabalho que tem ganho força por parte de toda a comunidade académica de Coimbra, no entanto, José Pedro afirma que “sem a Festa das Latas, Coimbra perdia um pouco de luz”, dando ainda destaque à divulgação de outras vertentes “para além do aspeto recreativo que a Festa tem, criam-se mensagens políticas, diversões para toda a comunidade e acima de tudo é mostrar aos novos estudantes as vertentes Culturais e Desportivas da cidade e da AAC, essencialmente”.

Foi este um ano inovador, principalmente no que diz respeito à composição do cartaz, e quando confrontado com esse aspeto, José Pedro explica que “para além do aspeto orçamental, achamos que só artistas portugueses merecem valorização e para isso tem de se apostar neles”. Acrescentou ainda ter sido “uma aposta de sucesso”.

Ainda a respeito da festa das latas realizada este ano, procuramos saber se a adesão ao recinto atingiu números já esperados, “Sim, não nos podemos queixar. Penso que toda a envolvência que fomos criando em torno da Festa, com as novidades no Parque e dos artistas portugueses, conseguimos atrair as pessoas” afirma José Pedro com sentimento de dever cumprido.

Questionado em relação a futuras Festas das Latas, e fazendo parte da organização, José Pedro demonstra-se seguro e confiante em como este será um evento que se irá manter em constante crescimento. “O mote está lançado! Agora é sempre a evoluir e tornar esta Festa cada vez melhor”.

No passado domingo, dia oito de outubro, realizou-se o já habitual cortejo que conta com a presença de todos os estudantes de Coimbra. Sobre esta tradição, o entrevistado dá importância não só a questões sociais afirmando que “é um evento que chama sempre público de todo o país, até porque muitos pais querem ver os seus filhos no cortejo. É também um momento de crítica política e isso prova, mais uma vez, que é um cortejo que se desenvolveu ao longo dos tempos”. A Festa das Latas tem objetivos muito concretos para além do divertimento, e isso é um facto que José Pedro não deixa desmoronar, “Crítica política, apelo aos direitos dos estudantes, integração” foram outras expressões que denominou como o objetivo da realização deste evento académico.

Cortejo da Festa das Latas e Imposição das Insígnias 2017

Politécnicos também apostam em festas de receção

Andreia Filipa Dias, Presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação salienta que “o objetivo da receção ao caloiro é, de forma mais apelativa fazer os estudantes integrarem-se através da noite, algo que todos os estudantes e jovens gostam pois conhecem novas pessoas e conseguem integrar-se de melhor maneira nas suas turmas e na própria ESE, uma vez que encontram todos os estudantes ali reunidos, seja qual for a turma ou curso”.

Por outro lado, existe todo um processo que passa despercebido ao cidadão comum: a organização do evento. Daniel Dias, Presidente da Associação de Estudantes do Instituto de Contabilidade e Administração afirma que “Criámos a comissão "receção ao caloiro", à semelhança do que é feito na queima que é criado uma comissão para organização à parte da direção geral da AAC” e consequentemente “foram surgindo ideias, delineou-se logo um plano, esse plano estava divido entre logística, comunicação, artistas e tesouraria, depois fizemos um orçamento geral que bateu um pouco nas linhas que estávamos a espera”.

Receção ao caloiro no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra

Para a realização de um evento desta dimensão é, obviamente, necessário um fundo de investimento de forma a sustentar todas as despesas necessárias. No que toca a este aspecto, e quando questionados relativamente à origem deste fundo, Andreia e Daniel apresentaram-se em sintonia: “as associações de estudantes, no caso do politécnico, têm em comum um financiamento que é dado a partir de cada propina, um valor residual, porém multiplicando por todos os alunos da instituição resulta num valor considerável.”, os entrevistados acrescentam também que “Temos financiamento a partir do IPC e temos também financiamento a partir do IPDJ (instituto português do desporto e da juventude). Esse financiamento obviamente é fundo perdido, ou seja, somos uma associação sem fins lucrativos e o objetivo de certa forma é esse, não termos lucros”, uma vez que o financiamento cobre apenas o projecto proposto pelas próprias associações para que os projetos sejam exequíveis no seu todo sem obtenção de lucros.

Contudo, apesar de todo o esforço e planeamento antecipado por parte das entidades, existem obstáculos e imprevistos por vezes difíceis de contornar, como desabafa Andreia relativamente à “Receção ao Caloiro – ESEC”: “Nós tínhamos tudo preparado e […] a Câmara Municipal de Coimbra, deixou para o dia do começo do evento a entrega das licenças”. Andreia explica que esteve disponível para ceder a todas as exigências da câmara (“Cumprimos com todos os requisitos, entregámos tudo o que foi pedido”) para que a sua licença até as duas da manhã fosse aprovada, mostrando-se constante interesse em verificar se tudo estaria em concordância entre ambas as partes (“Encontrava-se tudo bem e encaminhado, apenas tínhamos de instalar um limitador de som”), apesar da localização do evento. Mesmo com o cumprimento da despesa de última hora com a colocação do limitador de som no valor de 1200€ (“Foi tudo tratado da nossa parte para que se desse a realização da receção ao caloiro, enviamos um e-mail para o Presidente da Câmara a dizer que já tínhamos instalado o limitador de som e que estava tudo tratado como pedido”), a três horas do arranque do evento Andreia é contactada por parte da Câmara Municipal “a dizer que as licenças estavam prontas, mas das 20h até às 00h”, algo que a esta altura já seria impossível de contornar mas mesmo assim Andreia contactou a Câmara Municipal, contudo sem qualquer efeito.
Tendo em conta todos estes acontecimentos a Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação emitiu um comunicado em nome de Andreia Dias a informar toda a comunidade Esequiana, bem como a restante população que a este evento poderia comparecer, a informar do sucedido e seguido de um pedido formal de desculpas, já que estes “mereciam uma satisfação”.

Associado à afluência de visitantes a estas festas de receção, surge a localização das mesmas. Neste aspecto, Andreia e Daniel apresentam-se novamente em concordância sublinhando que a localização não foi um aspecto relevante para o balanço posterior destas festas, contudo Andreia acrescenta que apenas pensaria em mudar de local devido às restrições de som impostas pela Câmara Municipal (“Claro que não tivemos os resultados esperados, como é óbvio. O palco dentro do próprio espaço até acho que foi bem colocado porque o som dava para lá do estádio e estas residências aqui perto da ESE são mais recentes logo, o isolamento é melhor do que as que estão para a lateral. Claro que se tivéssemos feito noutro sítio que não a ESE, seria muito melhor mas não considero o fator mais relevante.”). Já Daniel afirma que não mudaria o local do evento uma vez que se sente bastante satisfeito no que toca à afluência ao seu evento (“Eu acho que não, nós temos a nossa comunidade mais do que consistente. […] fizemos o cartaz um pouco a pensar neles como é óbvio […] e sem nos esquecermos do facto de estarem a existir duas receções ao caloiro ao mesmo tempo, a do ISEC e a nossa, superou sem dúvida as expectativas o facto de ter aquela média de entradas todos os dias.”).

 

Apesar de todo o trabalho e tempo necessário para realizar um evento como estes, o objetivo principal de integrar os caloiros mantém-se ano após ano e, como tal, tanto Andreia como Daniel mostraram-se confiantes de que os seus sucessores farão os mesmos esforços que estes para a realização de um futuro evento. Andreia frisa que “para o próximo ano não serei eu a presidente, pois o meu mandato está a acabar e eu não vou voltar a candidatar-me”, contudo “muito provavelmente farão, mas se são nos mesmos moldes ou se será tão grande, duvido muito”. Daniel afirma com certeza que “Sim, claro que sim, se o balanço é positivo claro que sim”, reforçando ainda que a sua Associação de Estudantes “é a associação de estudantes do politécnico de Coimbra que realiza mais atividades com o orçamento mais restrito, atividades por norma de qualidade que são fornecidas aos nossos alunos.”

Coimbra é uma cidade com diversos aspetos propícios para que os alunos se sintam adaptados, verificando-se assim que a integração ao caloiro é a primazia na cidade dos estudantes. Esta facilidade de adaptação acontece com a ajuda de todos órgãos relacionados com os estudantes, desde as associações das demais instituições, até aos próprios cursos e espaços noturnos que proporcionam todo um ambiente de integração e acolhimento.

 

Ana Fernandes nº 20160113

Inês Freire nº 20160132

José Miguel Forte nº 20150711

Mariana Cerveira nº 20160082

Sérgio Miguel nº 20160106 

(Ao abrigo do novo acordo ortográfico)

É hora de deixar de tratar os idosos como coisas!

 

Atualmente, Portugal é um dos países mais envelhecidos da União Europeia, e está a fazê-lo a uma velocidade galopante.

     O envelhecimento é visível um pouco por todo o país, no entanto a norte e interior agrava-se este fenómeno. Os jovens tendem a sair do interior e norte para as metrópoles à procura de melhores condições de vida e para trás fica uma população cada vez mais velha.

     Na verdade, com a balança demográfica desequilibrada, a quantidade de pessoas ativas vai diminuindo colocando em causa o equilíbrio da estrutura social.

     No que diz respeito aos problemas que afetam os idosos, a solidão destaca-se. Grande parte vive sozinho, o que é preocupante na medida em que com o avançar da idade os problemas de saúde agravam-se. Ou a família está longe, ou a reforma não lhes chega para ir para um lar. São, efetivamente, estas as respostas mais frequentes.

     A qualidade de vida tem vindo a melhorar, no entanto o seu acesso é cada vez mais difícil, uma vez que as reformas são baixas, os medicamentos que necessitam para viver são caros, e o que resta é para o indispensável da alimentação.

     A meu ver, desprezo, violência, solidão, pobreza e abandono são palavras-chave que estão cada vez mais presentes, infelizmente, na vida de um idoso. É preciso mudar esta realidade. Um idoso tem o direito de viver dignamente, no entanto é tratado, por vezes, como sendo uma marioneta. Não há respeito pelos mais velhos, e isso reflete-se no desprezo pelos familiares, nos maus tratos a que são sujeitos, entre outros aspetos.

     É bom que tenhamos presente que um idoso é uma pessoa, com muita experiência de vida e já cá anda a ”alguns” anos. E, como tal, merce ser bem tratado, com respeito acima de tudo. É importante que tenhamos tudo isto na nossa cabeça, e que passemos aos mais novos estes valores. Para que quando cada um de nós chegar à velhice, por mais dificuldades que tenhamos em andar, e se for o caso o auxílio de uma bengalinha vai ser fundamental, mas que tenhamos uma família que nos dê valor, e nos respeite. Não nos coloque de lado, como se não fossemos peças integrantes de um puzzle (família).

 

Artigo de opinião de Carolina Duarte

tvAAC: A televisão “de estudantes, para estudantes”!

A Associação Académica de Coimbra é a “associação de estudantes mais antiga do país”, como referiu orgulhosamente Joana Gomes, aluna do terceiro ano do curso de Jornalismo e membro da direção da tvAAC; tendo sido fundada a 3 de novembro de 1887, perto de completar 30 anos de História.

Esta caracteriza-se por ser um “conjunto de ‘mini-associações’” que representa perto de 25000 estudantes da Universidade de Coimbra. A Associação  divide-se em vários núcleos, sejam estes culturais ou desportivos, tendo “três órgãos de Comunicação Social representativos da casa, A Cabra, a RUC e a tvAAC”, como foi referido pelo diretor Daniel Filipe, sendo este último órgão “o mais novinho, apenas com 13 anos”. Dizem os “antigos” que a tvAAC “surgiu devido a uma confusão com o CEC (Centro de Estudos Cinematográficos), dividindo opiniões e vontades, abrindo assim, esta ala da Associação”.

Estes três órgãos encontram-se sempre presentes na Festa das Latas e na Queima das Fitas, colaborando entre si. A diretora Joana Gomes refere: “Basicamente, tratamos da imprensa da casa, temos a função de fazer propaganda e é nesse sentido que surgiram as três secções, de forma a haver uma relação da empresa com o exterior, através dos órgãos de comunicação”.

A Televisão da Associação Académica de Coimbra  foi criada com o intuito de ser uma televisão-escola “com a ideia de formar ou ser um complemento à formação e licenciatura”, sendo que são os estudantes a formar outros estudantes e onde os critérios de participação passam pelo “trabalho, responsabilidade, entrega e querer aprender”. Os diretores da secção garantem que quem passa pela tvAAC ganha mais capacidade para estar tanto atrás como à frente das câmaras, podendo mesmo consolidar e reforçar o que aprendem nas aulas ( no caso de frequentarem cursos ligados à área), como confirma uma antiga colaboradora e aluna do 3ºano de Comunicação Social da ESEC, Catarina Gomes,“foi na TVAAC que aprendi a dar alguns primeiros passos no que toca a edição de vídeo, gravação de entrevistas e até mesmo fazer o papel de pivot em muitas entrevistas (…) acho que é muito útil para todas as pessoas interessadas nestas áreas”.

Questionados sobre o programa com mais audiências, a resposta foi rápida: “Normalmente são as produções das Serenatas”,  enfatizando que a Serenata Monumental da Queima das Fitas é a maior produção e onde atingem o maior alcance e divulgação.  No entanto, muitos são os programas nos quais a tvAAC aposta, uma vez que esta se divide em três departamentos: informação, programação e produção. No âmbito da informação apostam em programas como o Tvzine que é “um aglomerado de peças de informação”; ou até mesmo a “Emissão especial”, um telejornal onde “vêm convidados para falar das listas eleitorais” e onde se entrevistam vários candidatos das mesmas. No departamento de programação a aposta vai maioritariamente para o programa “Conversas de Café”, no qual o objetivo é entrevistar “várias personalidades que se destacam nas várias áreas”. O ano passado a tvAAC entrevistou muitos humoristas, como Salvador Martinha e Rui Sinel de Cordes, sendo que este ano tentam desviar-se dessa área e focar-se noutras com o mesmo interesse público. Outras grandes apostas são, também, o programa “Puff”  que é um “apanhado dos espetáculos, tipo cartaz cultural”,  o programa “Pó de Palco” que é mais virado para a música, dedicando cada programa a uma banda e o “Apito Final” que se dirige à área do desporto, “não apenas futebol mas de tudo um pouco”. Por fim, o departamento de Produção envolve “tudo o que é festivais de Tunas e emissões em direto”, estas últimas inicialmente feitas no Youtube, passando agora para o Facebook , uma vez que “chega a muito mais gente”. Confirmam que estão neste momento “a iniciar um novo departamento, de redação, com escrita online”.

Confrontados com a hipótese de expandir a tvAAC para outros meios e outros espaços, os membros da Associação acham que seria “dar um passo maior que a perna”, devido à falta de capacidade, de um estúdio com melhores recursos materiais e devido à questão monetária, visto que é “a secção que menos recebe e a que acaba por precisar mais”. Estando sempre abertos a novas propostas, têm o sonho de conseguir passar um programa na televisão nacional. Receberam propostas que não conseguiram levar a cabo, como foi o caso da possibilidade de fazerem a cobertura do Festival de Tunas do Porto, uma vez que “é complicado fazermos transmissões em espaços tão grandes fora da nossa zona”.

Para este ano, o principal objetivo da tvAAC é melhorar. Também pretendem voltar a transmitir programas que ficaram em “stand-by”, reativar a página online com atualizações contantes com informação escrita e audiovisual, manter o nível das transmissões, dar cada vez mais informação atual e atualizada e realizar projetos que surgiram mas não foram possíveis de concretizar. Tudo isto com a ajuda das parcerias que têm com os núcleos de estudantes, com as secções e as organizações de fora. Outra das preocupações da associação é conseguir mostrar conteúdo variado, porque “muitas pessoas acham que só fazemos transmissões de festas, noites, Festa das Latas e Queima da Fitas”, frisou Daniel Filipe . A maior luta que enfrentam, de momento, é a questão da credibilidade, para que consigam mais colaboradores e maiores competências.

Ao nível da estruturação também ocorreram mudanças. Uma delas é o facto de se constituírem equipas para cada programa e não como acontecia antes, em que as pessoas, sempre que havia uma peça ou um programa a realizar, candidatavam-se ou inscreviam-se para cada função. Frisando que a formação de equipas é importante, pretendem estruturar equipas com “seis ou sete elementos fixos”, mas que devido à falta de colaboradores suficientes, isso ainda “é um pouco complicado”. Ter colaboradores que se foquem apenas num único projeto é um sonho da associação, que utiliza esta estruturação para “ganhar uma maior organização”.

Todos os conteúdos da tvAAC são transmitidos através de televisões espalhadas pelo edifício da AAC e das cantinas, estando também disponíveis no site oficial http://tvaac.pt , no Facebook e Youtube, que “levam a academia a todos os que não a podem vivenciar de forma tão próxima”, afirma Ana Andrade, estudante do 2º ano de Línguas Modernas na Universidade de Coimbra e espectadora da tvAAC.

As grandes dificuldades apresentadas pela tvAAC são a irregularidade de conteúdos e a falta de disponibilidade para estar em estúdio, que dificulta a produção de programas diários.  

Agregando as várias opiniões de quem está dentro e fora do ecrã conseguimos justificar o lema, que afirma que a tvAAC é uma televisão feita “de estudantes, para estudantes”.

 

 

 

Catarina Santos

Joana de Bastos

Laura Batel

Sofia Vieira 

Susana Mendes 

Sede da Associação Académica de Coimbra
Microfone tvAAC
Estúdio da tvAAC

VOX POP - Questões sobre a Cultura Geral dos Portugueses

2.11.2017

Será que os portugueses andam a fazer o trabalho de casa? Saímos às ruas de Coimbra de modo a sabermos!

Sérgio Magalhães

Inês Freire

Ana Fernandes

José Miguel Forte

Mariana Cerveira

(Ao abrigo do novo acordo ortográfico)

Please reload

O "salto" para o mundo do Jornalismo

Ligados à área de Comunicação Social e à Escola Superior de Educação de Coimbra, Guilherme Monteiro, de 21 anos, natural de Coimbra e Pedro Silva, de 20 anos, natural de Santo Tirso deram o seu testemunho sobre como foi estagiar na SIC e como é colaborar com o jornal a Cabra, respetivamente.

Guilherme Monteiro, licenciado, frequenta o mestrado em Ciências Políticas

Como apareceu o gosto pela área da Comunicação Social?

Sempre me lembro desde criança fruir um certo fascínio por estar um pouco a par de todos os acontecimentos em redor do mundo. Tanto que via os principais noticiários generalistas quase que religiosamente. E cheguei inclusive a fazer imitações em casa, os meus próprios noticiários.

Acompanhar diariamente os principais temas, contrapor diversas opiniões e dar visibilidade àquilo que, à partida, passaria despercebido foi principalmente o que mais me motivou a enveredar por esta área.

Qual o tipo jornalístico (reportagem, notícia, etc) que mais gosta de fazer? Porquê?

Não há um conteúdo jornalístico que mais aprecie em concreto. Depende da abordagem, tanto que é dado a uma peça jornalística ou uma grande reportagem.

Gosto de investigar e sintetizar as informações, juntando a maior quantidade de pontos de vista. Essa atividade, tanto pode ser feita numa pequena peça, como em algo mais elaborado. A satisfação em fazê-las é exatamente a mesma. A grande diferença reside no tempo com que se faz e que se tem para abordar toda a informação e, por essa lógica, gosto mais de produzir uma reportagem.

 

Alguma vez esteve envolvido numa grande reportagem? Como se prepara para tal?

Apenas enquanto estágio extra-curricular na Rádio Universidade de Coimbra.

A temática dos sem-abrigo na baixa da cidade foi o tema da primeira reportagem que realizei. E foi precisamente por este primeiro aspeto que comecei: definição do tema e consequente ângulo de abordagem.

Eu pretendia não só focar o modo de vida daquelas pessoas, mas encontrar exemplos de coragem que pudessem dar motivação a pessoas na mesma situação.

Fui ao local e, depois de alguns dias, de facto consegui entrevistar dois sem-abrigo. Um que estava na fase de tratamento e já bem inserido socialmente. Um outro que pura e simplesmente se tinha resignado àquela condição e não queria sequer ajuda.

Procurei finalmente uma análise mais científica por uma técnica de uma associação de acolhimento.

 

Dentro da área da comunicação social, pensou seguir uma vertente diferente do jornalismo de imprensa?

Sim, várias. O jornalismo tem um vasto conjunto de opções. E cada vez mais. O jornalismo radiofónico e televisivo são, de facto, os que me chamam mais a atenção.

O jornalismo online é uma das vertentes que me desperta interesse pelo ponto inicial em que se encontra. Ainda ninguém sabe o impacto que vai ter, mas também ninguém nega que o terá.

 

Assistimos a uma palestra em que a palestrante nos informou que se despediu da SIC por ter sido coagida a fazer coisas que iam contra os seus princípios. Assistiu a momentos em que “vale tudo” por um lugar? 

Não sei em que medida se sentiu coagida. Posso dizer que sempre realizei o meu trabalho de uma forma livre e isenta e nunca senti pressões em nenhum sentido. O espírito que se vive na redação é precisamente o de maior isenção e autonomia possível, assim como o respeito pela vontade pessoal de cada membro.

Quanto à segunda questão: sim, há momentos em que vale tudo. Esse sentimento vive-se mais entre os próprios estagiários e alguns profissionais que olham para as novas pessoas na redação como uma ameaça ao seu local de trabalho. Muito se deve à crise com que se deparam as redações.

 

Como funciona a redação da SIC?

A redação da SIC não é isolada. Existe uma dinâmica com as restantes redações do grupo Impresa com o objetivo de tornar a informação mais abrangente no que toca a conteúdos, poupar recursos humanos e materiais e, de certa forma, existir uma interatividade entre diferentes formas de jornalismo – neste caso, impresso e televisivo. Existem 9 editorias: Economia, política, sociedade, desporto, internacional, cultura, agenda, online e fim de semana. A cada editoria corresponde um editor responsável por organizar diariamente as principais informações que chegam à redação e posteriormente distribuí-las aos membros da sua equipa, que farão o tratamento jornalístico. Cabe igualmente a cada editor reunir-se todos os dias, pelas 15horas, na sala de reuniões para proceder à realização do planning do dia seguinte. Trata-se de uma organização dos acontecimentos previstos para o dia posterior e que constam em agenda. Ao todo trata-se de uma equipa editorial que envolve 12 coordenadores, 6 editores, 20 editores de imagem, 26 produtores (editoriais/executivos), 3 jornalistas (produtores editoriais), 1 assistente de cenografia/produtora, 19 13 jornalistas coordenadores; 116 jornalistas; 9 realizadores; 1 repórter de imagem coordenador; 35 repórteres de imagem; 1 supervisor técnico; 1 técnico operador de câmara; 2 secretárias; um conjunto de estagiários fundamentais para a elaboração do conjunto do trabalho.

 

Perante situações trágicas, como é que a redação trata essa informação?​

Há um absoluto controlo por parte da direção para que não haja difusão de imagens fundamentalistas. A redação preocupa-se em distinguir-se por um jornalismo não tendencioso e, por isso, são trabalhadas com muita atenção todas as informações que se recebem na redação.

 

Acha que a profissão de jornalista tem vindo a sofrer alterações ao longo dos anos?

É inegável. Hoje em dia há uma preocupação em fazer sobreviver o jornalismo. Existe o receio que a profissão se afunde e esse medo levou a um crescimento do jornalismo tendencioso. Fazer lucro para sustentar as empresas de comunicação social.

É uma fase, uma crise da própria identidade do jornalismo. Creio que a profissão não está ameaçada porque se constitui como indispensável à democracia.

Ironia ou não, assistimos, ao mesmo tempo que o jornalismo se encontra em crise, a um crescimento dos populismos pelo mundo. É uma profissão que necessita de se reinventar e, por isso, adaptar-se à mudança dos tempos, estando sempre condenada a evoluir.

 

Quais as maiores dificuldades que uma estação televisiva enfrenta?

O jornalismo televisivo vive muito do imediatismo e esse fator dificulta muitas vezes o trabalho na redação em apurar os factos com todo o rigor que é necessário.

O aparecimento do jornalismo online e redes sociais veio adensar a preocupação. A concorrência tornou-se mais forte. O jornalismo online provocou uma quebra nas audiências e, consequentemente, dos lucros. Muitas pessoas preferem já informarem-se somente online.

As redes sociais aumentaram ainda mais as preocupações com o imediato. Informações verídicas ou não circularam de forma fugaz pela internet e as televisões tentam fazer face a essa tendência. Muitas vezes, falham igualmente pela escassez do tempo.

Pedro Silva, aluno do 3ºano de Comunicação Social na ESEC

Como apareceu o gosto pela área da Comunicação Social?

O meu interesse pela área de Comunicação é algo muito recente. Apesar de sempre ter estado atento a jornais e afins, a verdade é que só no último ano do Ensino Secundário é que decidi que apostaria numa carreira em jornalismo. Talvez tenha sofrido influência do meu pai, uma vez que sempre o acompanhei quando produzia artigos desportivos para publicações como "O Jogo" e o "Jornal de Notícias". Talvez tenha surgido daí o meu fascínio.

 

Qual o tipo jornalístico que mais gosta de fazer? Porquê?

Não tenho qualquer dúvida que é com o jornalismo de imprensa, o dito jornalismo escrito com que mais me identifico. Sempre gostei de escrever e, por isso, ter uma forma de aliar o meu gosto pelo mundo da informação com o que realmente aprecio fazer desde que me lembro: escrever.

 

Porque é que decidiu fazer parte de uma redação sendo que ainda é estudante de comunicação?​

Acho que a pergunta responde-se a si própria. Foi mesmo para tentar completar lacunas do meu curso, nomeadamente no que toca à vertente mais prática do exercício da comunicação, que decidi integrar a redação do jornal "A Cabra". A verdade é que as salas de aulas restringem muito aquilo que um aluno da nossa área precisa de saber fazer. Foi um pouco isso que procurei.

De momento, enquanto colaborador d’A Cabra, dedica-se ao jornalismo de imprensa. No futuro, é essa a vertente que quer seguir ou tem outros planos?

Não me importaria nada de experimentar outras vertentes, como a televisão e a rádio mas, neste momento, parece ser a única em que reúno experiência suficiente para produzir conteúdos minimamente aceitáveis. Mas não fecho portas nenhumas.

Como funciona uma redação?

É impossível dar uma resposta que possa substituir a presença física numa redação, mas posso dizer que funciona a toda a hora. Várias foram as ocasiões em que tive de passar tardes na redação, a insistir para conseguir entrevistas, a tentar ganhar espaço na mesa para ter onde escrever, nos dias de fecho, quando a redação estava cheia de colegas. É preciso cumprir prazos, conseguir conter a história aos artigos definidos e daí resulta muita pressão, que é preciso saber lidar. Mesmo assim, sinto que valeu a pena passar por esses desafios.

Acha que a profissão de jornalista tem vindo a sofrer alterações ao longo dos anos?

A principal diferença é que agora qualquer um pode ser entendido como jornalista, apesar de não o ser. Distribuir a informação está ao alcance de qualquer um com acesso a redes sociais. Por isso é que hoje, mais do que nunca, é necessário que os jornalistas cumpram todos os requisitos que distinguem esta profissão de alguém com acesso à Internet.

Quais as maiores dificuldades que um jornal regional/universitário enfrenta?

Talvez sejam os poucos requisitos com que se tem de sustentar. No caso do jornal "A Cabra", só têm uma parte muito pequena do dinheiro que rende das festas universitárias como a Festa das Latas e a Queima das Fitas para a gestão de um ano de trabalho, dinheiro esse que é repartido por todas as secções da AAC. Claro que isso limita um pouco o nosso trabalho.

Trabalho realizado por:

Catarina Santos

Joana de Bastos

Laura Batel

Sofia Vieira

Susana Mendes

VOX-POP: Praxe Académica

Saímos à rua para perguntar às pessoas acerca da praxe. Serão os conimbrincences contra ou a favor desta longa tradição académica?

 

Abílio Ribeiro

Ana Sofia Rodrigues

Andreia Henriques

Carolina Duarte

Miguel Simões 

Lendas e Mitos da Vida Académica de Coimbra

Reunimos 5 mitos e lendas da vida académica de Coimbra sobre os quais os estudantes ouvem falar e explicamos a história por detrás dos mesmos. 

Ana Silva

Carolina Gama

Duarte Côrte-Real

Francisca Pereira

Patrícia Caneira

Lendas e Mitos da Vida Académica de Coimbra -
00:0000:00

Alfabetização com o coração

 

 

 

 

 

 

 

 

Letras Prá Vida é um projeto de intervenção comunitária, desenvolvido sob a coordenação científica e pedagógica da ESEC que pretende responder a necessidades básicas, tais como aprender a ler e a escrever, ou simplesmente aprender a assinar o nome.

 

 

 

Grupo de participantes e alguns colaboradores do projeto em Vila Nova de Poiares, na sessão da tarde

 

     A antiga escola primária do Entroncamento de Poiares assistiu ao arranque de mais uma edição do projeto Letras Prá Vida, com a chegada a “conta-gotas” dos seus participantes bastante entusiasmados. Todos se cumprimentaram com beijinhos e abraços calorosos, o que contrasta com o mau tempo que se fez sentir nesse mesmo dia.

     A pequena sala estava cheia, eram 10 os participantes nessa tarde, sendo que todos estavam prontos a receber dona Ana, que finalmente tinha ganho coragem “para aprender a fazer as letras”, como afirmou. Frisou também que vai para o projecto para “sair de casa, para aprender a ler e para apanhar a amizade destas senhoras todas”.

    Este espaço, cedido à associação ICreate, através de concurso municipal, é hoje um espaço cheio de vida e de afetos, depois de tantos anos de inactividade. A ICreate é uma associação cultural, que surgiu em 2012, tendo começado por desenvolver o seu trabalho na cidade de Coimbra. A sua missão passa por dinamizar atividades que promovam a cultura e contribuam para o bem-estar da comunidade local.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Equipa de alguns dos colaboradores deste projeto

      Vera Carvalho, presidente da ICreate, fala sobre as pessoas que se juntam aos projetos desenvolvidos pela associação “vêm passar um tempo aqui, para fugir à solidão e ultrapassar o sentimento de inutilidade. É quebrar essa rotina que nós pretendemos. Eles são úteis, porque dão o seu tempo para os outros e ao mesmo tempo isso faz-lhes bem. Dando aos outros acabamos por receber!”

    O Letras Prá Vida surgiu em 2015 pela mão de Dina Soeiro, docente na Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) e coordenadora pedagógico-científica. Sílvia Parreiral, também docente na ESEC, juntou-se no ano seguinte ao projeto.

    “Sendo um projecto de alfabetização com o coração como nós denominamos, é um projecto que apela muito também à partilha de afetos, de emoções, à possibilidade de as pessoas se sentirem alguém”, é assim que Sílvia Parreiral define o projeto. A coordenadora refere ainda que uma das ambições para o projecto é expandi-lo aos concelhos limítrofes, de modo a combater a problemática da analfabetização e do isolamento. O único contra é o pouco financiamento existente por parte de outros municípios e de outras associações. Na verdade, este projecto conta com uma equipa voluntária que dispõe do seu tempo, não recebendo nada ou muito pouco.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Amor, felicidade, alegria, amizade ou paz foram algumas das palavras que os participantes referenciaram e escreveram no velho quadro, como sendo importantes para eles

     Os participantes começaram por revelar o seu estado de espírito nesse dia e foram escrevendo palavras simbólicas e marcantes para o quadro a giz existente na sala.

     De seguida, todos recordam as atividades ao longo do ano, destacando as visitas a Coimbra, como por exemplo a ida à ESEC e à praia de Quiaios, a viagem à capital ou as simples aulas com computadores. A sessão continuou com os participantes a escrever o que ainda desejavam realizar nas horas que ali confraternizam. As sugestões variam entre ler ou escrever, aprender a utilizar o computador, escrever mensagens no telemóvel ou passeios a terras vizinhas. No fundo, todos desejavam saúde para continuar a frequentar estas sessões que preenchem o coração de cada um em particular.

     Em conversa com os participantes, foi possível perceber que todos adoram frequentar estas sessões, como disse Dona Fernanda “Sinto-me muito feliz, sinto-me muito bem aqui, quando venho para aqui o meu coração até alegra” ou Dona Adília “Adoro! Isto é muito bom! Sinto-me mais nova. Estamos sempre ansiosas para que chegue este dia, esta hora para vir para aqui.”

     É notório que estas pessoas sentem muitas esperanças e que vão conseguir alcançar os seus objetivos dentro deste projeto. “Eu gosto de evoluir, não gosto de estar sempre sentada na mesma cadeira, portanto é uma abertura em que se aprende mais um bocadinho, dá-se menos um erro mais um erro, menos um erro…aprende-se sempre qualquer coisa…e é com os erros que se aprende”, como mencionou Dona Altina. O senhor Abílio acrescenta “além de nos distrairmos, estamos sempre a aprender. Todos os dias aprendemos sempre mais qualquer coisa”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Grupo de participantes no projeto no período da tarde em Vila Nova de Poiares

 

     Este projeto recebeu um prémio europeu, designadamente Grundtvig Award, da European Association for Education of Adults (EAEA), para a excelência na educação de adultos, dando reconhecimento ao projeto inovador que proporciona bem-estar e combate, essencialmente, o isolamento, uma problemática grave que o país atravessa. É um bom retrato e exemplo de dar valor aos mais velhos, provando que a comunidade pode dar e receber.

Abílio Ribeiro

Ana Sofia Rodrigues

Andreia Henriques

Carolina Duarte

Francisco Lucas

Miguel Simões

Ponto e Vírgula, o sangrar para o papel

“porque quando tudo poderia ter terminado eu decidi colocar uma vírgula e não um ponto final.”

 

Nascida a 4 de Março de 1997, Patrícia Caneira é uma rapariga do campo, aspirante a jornalista e amante das artes, estudante de Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra.“Ponto e Vírgula” é o título da primeira obra da jovem ribatejana.

 

Quem é a Patrícia Caneira?

A Patrícia é uma rapariga de 20 anos que nasceu numa vila ribatejana chamada Glória do Ribatejo, é uma rapariga do campo e da natureza. Dizem ser caféolatra e desde que se lembra que foi das artes, desde a música, ao teatro e à escrita. Uma aspirante a jornalista, comunicóloga e que sempre soube o que queria apesar de ter sonhado uma vida inteira em ser médica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como surge o livro “Ponto e Vírgula”?

A poesia surgiu na minha vida mais tarde, eu sempre gostei de crónicas e textos curtos, histórias, sempre as escrevi com regularidade, no entanto, após conhecer o mundo dos poetas tornei-me fã. O “Ponto e Vírgula” surge como uma emergência da minha vida, após um ano como trabalhadora/estudante, fui reunindo poemas em folhas soltas e após uma apresentação do livro do jornalista Rui Pedro Antunes, “Orfanato dos Contos Vadios”, decidi pedir-lhe ajuda para chegar a uma editora. Assim foi, enviei parte dos meus poemas e a proposta de edição surgiu.

No que te inspiraste para escrever o livro?

A minha inspiração para o livro, foi quase totalmente a minha vida. O que senti, vivi e ambicionei viver. Como me faço sempre acompanhar por um caderno, quando a urgência de escrever sobre algo surgia eu escrevia. No entanto como inspirações na escrita destaco Fernando Pessoa, José Saramago, Al Berto e Charles Bukowski, detentores de uma poesia mais livre, diferente e forte.

Qual a razão por detrás do nome?

Sempre que achamos que mais vale desistir, que não valemos a pena, que estamos cansados demais devemos obrigatoriamente colocar um ponto e vírgula na nossa vida, parar, respirar fundo e recomeçar. O ponto e vírgula devia ser o sinal de pontuação mais importante do mundo contrariamente ao ponto final que imediatamente grita fim. O nome surge com o objetivo do livro poder ser o empurrão para o recomeço na vida de alguém, tal como foi na minha.

O livro “Ponto e Vírgula” é uma autobiografia?

O livro tem muito de mim nele, mas não sei se se poderia chamar uma autobiografia, tendo em conta que é muito mais que isso. É o sangrar para o papel, com toda a complexidade que isso engloba.

Há poemas que guardas só para ti?

Todos nós temos algo que é só nosso, eu tenho muitos poemas escondidos em gavetas fechadas, que não sei se algum dia vou abrir.

Como surgiu o gosto pela escrita?

O gosto pela escrita surge desde que me lembro de ser gente, sempre adorei fazer composições, textos, contos. Na escola, o português foi sempre a minha disciplina preferida e também aquela onde era melhor. O que me faz escrever é a necessidade de me expressar, de desabafar, de colocar por palavras o que muitos dias me sufoca e provoca nós na garganta.

Imaginas-te a publicar um livro noutro registo?

Não escondo que era algo que adoraria fazer, mas a complexidade de um romance assusta-me, um início e um fim com tanto pelo meio faz-me desistir da ideia à primeira página, mas quem sabe um dia surge algo sem ser poesia.

Em que consiste a página “Não cites Fernando Pessoa em vão”?

Como referi em cima, Fernando Pessoa foi a minha primeira e mais forte inspiração, comecei a olhar para a poesia de outra forma quando li Pessoa. O nome da minha página, surge como um aviso, um pedido e até uma ordem, para que ninguém se lembre de achar, declamar ou de sentir a poesia, que é a mesma coisa que a vida, em vão. É uma página onde partilho poemas meus com alguma regularidade, sobre os mais diversos temas, com o objetivo de fazer esta arte chegar a todos.

 

O que pretendes fazer quando terminares a licenciatura?

O meu objetivo após a licenciatura será ingressar no mestrado de Ciências da Comunicação, podendo conciliar isso com trabalhos jornalísticos. Depois disso, surge uma grande incógnita, mas gostava de no futuro poder lecionar na área da Comunicação e do Jornalismo.

Como podemos adquirir o livro?

Podemos adquirir o ponto e vírgula na Fnac, na Bertrand, na wook e diretamente comigo, tornando a entrega mais fácil!

Francisca Pereira

“Bem receber...para melhor estar e conviver”

 

Turismo Rural: uma nova perspetiva

Maria Francisca de Almada de Azevedo Coutinho Magalhães Crespo, natural de Lisboa abraçou há quatro anos um novo desafio. Transformou parte da sua casa de família, localizada em Ílhavo, “Casa da Ria” em turismo rural, partilhando o seu dia-a-dia com hóspedes de todo o mundo. Convidado a entrar, o lema é; “bem receber…para melhor estar e conviver!”.

 

O que é para si o turismo rural?

O turismo rural é uma forma diferente de turismo, de receber as pessoas num espaço mais vocacionado e integrado numa ruralidade. É tudo aquilo que tem a ver com métodos e tradições antigas de viver num espaço agrícola, onde habitualmente as famílias obtinham todo o seu sustento, enquanto necessidade primária. Hoje em dia, com o êxodo das pessoas para os grandes centros urbanos leva a que estes hábitos se percam. Por isso, o turismo rural permite que essas vivências e experiências se possam transmitir a outras pessoas. Isto permite que haja uma alternativa, por exemplo, ao turismo de massas, que apesar de ser importante não é tao genuíno como o turismo rural.  

 

Em que medida é que este tipo de turismo se distância da hotelaria?

O turismo e a hotelaria sã0 duas coisas completamente diferentes! No turismo, somos nós, os próprios donos da casa que recebemos os clientes, ou seja, eu apresento-me como sendo a Maria Francisca e quando entro em contacto com o cliente, ele também me diz o nome dele. Na hotelaria ninguém sabe quem é o dono ou o diretor do hotel. Enquanto que eu é que lhes faço o encaminhamento e dou-lhes a conhecer a região, o diretor não se “rebaixa” em vir receber os clientes. Além disso, o hotel é impessoal e o turismo é pessoal pois acaba por ser numa casa. Quando se entra numa casa sente-se o aconchego, contrariamente ao hotel. 

 

Atualmente com a forte adesão que tem havido ao turismo é possível afirmar que estamos perante alterações dos padrões turísticos?

Completamente! Neste momento estamos a viver um “momento de graça” em Portugal, a nosso favor, porque infelizmente em muitos países da Europa existe o terrorismo, levando os turistas a vir para Portugal, porque ouvem falar muito do nosso país. Ficam encantados com a segurança, com a amabilidade e a boa educação e sobretudo com as regiões, a comida e a variedade de coisas que se podem fazer. Por isso é que devemos tratar bem o turista e nunca escorraçá-lo. Este ano tive um casal de finlandeses que me diziam “Francisca, nunca vi um país tão bonito e pessoas tão simpáticas e agradáveis a receber”, e esse é o lema que nós portugueses temos de manter.

De que forma surgiu o interesse pelo turismo?

Há sete anos atrás os meus filhos foram viver para Lisboa e a casa ficou grande demais, por isso a melhor maneira de eu ter rentabilidade e entretenimento, se assim se possa dizer, foi transformar 40% da casa em turismo. Não sabia de todo como era funcionar com turistas, mas de há quatro anos para cá tudo tem funcionado muito bem e tenho gostado bastante deste projeto.

 

Quais são algumas regras subjacentes à prática desta atividade turística?

A primeira de todas é abrir a atividade, depois a inscrição no turismo de Portugal e a licença de utilização passada pela Câmara de Ílhavo, que por sua vez, também vem fazer a fiscalização. Para nossa salvaguarda registámos no Instituto Nacional da Propriedade Industrial o nome “Casa da Ria- Turismo Rural”. Depois temos de cumprir tal como todas as entidades hoteleiras todas as obrigações legais, tais como o seguro dos hóspedes, a inspeção periódica do gás, das pragas e dos extintores. 

Ao receber pessoas desconhecidas em sua casa fez com que as suas rotinas diárias se alterassem. Em que medida?

Começou logo pelo acordar de manhã, deixei de me levantar mais tarde para passar a acordar muito mais cedo, porque eu gosto de dar o meu toque pessoal aos meus pequenos-almoços. Quando me perguntam que tipo de pequeno-almoço eu dou, eu costumo dizer “é o pequeno-almoço Chica”. A casa em si teve de ser alterada, porque deixei de ter o espaço todo aberto, para passar a ter zonas reservadas para os hóspedes. Outro dos problemas que eu tinha era quando fumava dentro de casa, sendo que hoje em dia, na parte dedicada ao turismo não se pode fumar, havendo espaços próprios para o fazer. Foram estas as principais alterações que houve, de resto os dias são sempre normais.

 

Nunca sentiu receio das consequências que poderiam surgir ao colocar pessoas desconhecidas em sua casa?

Confesso que das primeiras vezes tinha medo, porque me fazia muita confusão saber que estava debaixo do mesmo teto com pessoas que não conhecia. Atualmente, já considero algo normal. Tive de pensar sobretudo na minha segurança, fechando certas e determinadas partes de casa para os hóspedes não entrarem. Não entrego chaves da minha casa a ninguém, sou eu que abro e fecho a porta. 

 

Como é que publicita a “Casa da Ria”?

Primeiro com sinaléticas na estrada, depois temos página nas redes sociais (Facebook e Instagram) e na Booking. Contudo, o mais importante é o “passa a palavra” dos próprios hóspedes que estão cá e que levam cartões da nossa casa fazendo propaganda da mesma a outras pessoas.

 

Existe algum tipo de ajuda externa ou apoio por parte do Estado?

Zero! Foi tudo feito por conta própria. A única coisa que o Estado poderia ajudar era no prolongamento da casa em termos de espaço. Agora investimentos não há!

 

Qual tem vindo a ser o balanço deste projeto?

Há uma coisa importantíssima, o convívio com as várias nacionalidades que têm passado cá por casa, sendo que até agora recebemos 23 nacionalidades diferentes, cada qual com os seus hábitos. No que toca a isto, o nível de enriquecimento é bastante grande. Mas sobretudo, o que considero mais importante é dar a conhecer aos estrangeiros o maravilhoso país que nós temos e tudo o que é produzido cá, porque eu só dou produtos que sejam 100% nacionais.

 

Quais os objetivos para o futuro?

Vários projetos em carteira ou em mente, mas a seu tempo eu direi. Agora ainda está um bocadinho, como se costuma dizer, “na Casa dos Segredos”.

Duarte Côrte-Real

Conhecer Aveiro

Neste vídeo é dada a conhecer a cidade de Aveiro, os seus vários espaços de lazer e cultura bem como a sua zona histórica. Mergulhem nesta aventura e descubram o melhor que esta cidade tem para oferecer.

Carolina Gama

Adoce esta época com uma Charlotte de Natal

Com o aproximar da época natalícia deixamos a sugestão de receita de uma deliciosa Charlotte de Natal… fácil de fazer e ainda mais de comer.

     (Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

 

 

 Ana Mamede

 Maria Valverde

 Teresa Ramos

             Comunicação Social, 2º Ano

Galgo, de poucas palavras e muito ritmo

 

 

Naturais de Oeiras, Miguel Figueiredo (guitarrista), João Figueiras (baixista), Alexandre Moniz (guitarrista) e Joana Batista (baterista), trazem-nos uma juventude irrepreensível, da região da Grande Lisboa, conheceram-se ainda no liceu e cedo começaram a juntar-se para ouvirem entre si os discos favoritos.

 

Muitas vezes comparados aos nacionais PAUS ou aos Beatles, os Galgo apresentam um batido de estilos, desde o math rock, ao dance rock e passando pelo afro beat.

 

Já tocaram em diversos palcos nacionais, Nos Alive, Festival Reverence Valada e ainda aceleraram até Paredes de Coura e ao Indie Music Fest.

 

Em 2016 surge “Pensar Faz Emagrecer”, o primeiro disco da banda, gerado pelo total improviso e simplicidade já que todas as músicas do disco têm o nome de uma só palavra. Letras e palavras simples que nos levam ao mundo dos instrumentais complexos.

Espirito jovem e selvagem, são duas formas objetivas de apresentar os Galgo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                         Galgo no Festival Artes e Sons em Glória do Ribatejo

 

Os Galgo não foram uma ideia construída, foram surgindo, “Primeiro começou comigo e com o Miguel, depois juntou-se o Alex e no final o Figueiras. A partir daí fomos evoluindo, tivemos outro projeto, um estilo diferente, mas depois começamos a ouvir outras coisas e a renovar as nossas playlists, onde acabamos por enfiar diversas referências que deram origem aos Galgo” conta-nos Joana Batista, a baterista da banda.

 

A escolha do nome, dá mais uma vez asas à tal simplicidade que falávamos, contam que estavam uma vez na praia, a apanhar banhos de sol e nisto passou um cão, um galgo. Plena época balnear e a praia não permitia animais logo dois policias marítimos interviram e começaram a correr atrás do galgo o que se tornou numa enorme confusão visto que é dos cães mais rápidos que existem. Ao assistirem a isto, acharam que fazia todo o sentido serem isso mesmo, os Galgo.

 

As influências são parte crucial de todos os processos criativos e para os músicos, não foi exceção. Metronomy foi uma das maiores influências, quando começaram a introduzir os teclados, mas dizem ter muitas outras coisas, desde o Punk Rock mais por parte do baixista (João Figueiras), ao Stoner e ao Progressive Rock dos anos 70, bandas portuguesas ou internacionais levam ao peculiar som que ouvimos dos Galgo.

                      Público no concerto dos Galgo no Festival Artes e Sons em Glória do Ribatejo 

Muito para além da forma de compor, o que os define são os pormenores. Tanto podemos viajar com a bateria da Joana, como acalmamos com as guitarras de Alexandre e Miguel e os sintetizadores de Figueiras. A mensagem que querem passar, acaba por não ser verbal, mas sim musical e é isso que os distingue no universo do pós-rock.

 

"Pensar faz emagrecer" é o primeiro disco da banda, que conta com sete temas, um nome que confessam não saber bem o que significa, mas que no fundo atinge o objetivo. Deixa as pessoas a pensar. “Se pudéssemos descrever o disco em três palavras seriam pecar faz endoidecer”.  

Autónomos, de diversas áreas formativas, decidiram arriscar na música num país que muitas vezes volta costas às artes. Definidos como uma banda das novas gerações, mostram que a cultura e o espírito criativo dos jovens tende única e exclusivamente a aumentar.

 

Quem diria que uma banda que tocava numa cave nas passagens de ano, se tornaria uma das grandes promessas da música rock portuguesa?

 

Por: Patrícia Caneira 

Entrevista Galgo - Patrícia Caneira
00:0000:00

"As mulheres das revistas e os homens dos jornais"

Será assim tão linear?

Embora haja uma diferença presente relativamente ao seu conteúdo, os jornais e as revistas acabam por ser ambas duas publicações de grande importância na era da informação, são meios de comunicação de massa, um produto de consumo. Isto porque são veículos que nos informam relativamente a notícias ocorrentes no nosso dia a dia, entretêm-nos, apresentam uma interpretação competente sobre determinada informação,o que desperta e atrai o interesse do público em geral. Raquel Figueiredo, atual editora de beleza na revista HAPPY Woman, desde sempre sonhou envergar na área jornalística devido à importância que a própria deposita nos mass media “acredito no poder da comunicação e acho que quando nós comunicamos algo em que acreditamos sobre o qual nos relacionamos ou identificamos tudo flui mais fácil”.

Raquel Figueiredo, editora de beleza na revista "HAPPY Woman"

Segundo dados do Bareme Imprensa, cerca de 81,8% dos residentes em Portugal Continental com 15 ou mais anos leu ou folheou jornais ou revistas no primeiro semestre de 2017, num total de sete milhões de leitores de imprensa, salientando que destes 82%, 6,5 milhões de leitores optaram pelos jornais enquanto que 5,2 milhões escolheram as revistas. Apesar deste reduzido valor na compra de revistas perante o elevado valor no consumo de jornais, Raquel não se mostra descontente face ao menor consumo da revista em que trabalha, referindo que a HAPPY é “a revista mais vendida do eixo feminino” que conta com uma tiragem mensal e 80 mil exemplares, acrescentando que isto se deve “ao facto da HAPPY ser uma revista inclusiva, ou seja, não abordamos só moda, lifestyle ou beleza, nós trabalhamos outros temas como a sexualidade, os tabus, a carreira, e isso faz com que nós tenhamos de facto um fator diferenciador do mercado”.

O conteúdo jornalístico, um fator importante a ter em conta

Para que ambas as publicações, jornais e revistas, consigam o fator de diferenciação no mercado e consequentemente um maior número de leitores a interessar-se pela compra das mesmas, há que ter em conta pontos fundamentais que apelem ao gosto do consumidor tal como o conteúdo jornalístico, algo crucial nestas publicações, que se inicia por  uma escolha particular dos materiais. Miguel Pacheco, estagiário do Jornal “O Jogo” refere que a veracidade é o objetivo principal neste jornal “Acaba por ser o habitual procedimento diário, pesquisamos o tema que está em foco no panorama nacional e internacional, e de seguida verificamos a veracidade do mesmo.”, já Raquel refere que a revista HAPPY tem um ADN muito próprio “A escolha dos matérias surge muito naturalmente, ganhamos simpatia por temas, somos curiosos em relação a tópicos, e inspiramo-nos muito nas mulheres à nossa volta e nas mulheres que conhecemos e tentamos desmistificar assim o que é que elas querem ler, o que é que elas querem saber e ainda não sabem".

O dilema da diferença de géneros no jornalismo – um tabu em mudança

Relativamente à variável que leva os consumidores de jornais ou revistas a escolherem o que querem comprar, observa-se que o género é uma opção preponderante para tal. Estatísticas feitas no primeiro semestre de 2017 pela Bareme Imprensa, demonstram que o género é o indicador que mais distingue os leitores de jornais dos leitores de revistas, onde se verifica que os jornais são mais lidos por homens enquanto as revistas são mais lidas por mulheres. Apesar dos muitos estudos já realizados como forma de validar esta questão, quando abordada com o facto de trabalhar no mundo do sexo feminino, Raquel confessa que essa distinção não precisa de ser feita, “não acho que seja um mundo do sexo feminino, isto porque há cada vez mais makeup artists homens, há cada vez mais designers gráficos homens, fotógrafos de moda homens, e eu acho que simplesmente a industria há uns anos atrás se focava apenas no sexo feminino”, também Miguel, expressa a sua opinião baseando-se na área em que trabalha, “trabalho no  mundo dos amantes do desporto e é notável o interesse do sexo feminino nesta área, seguem diariamente as publicações do jornal e isso acaba por ser um número significativo nas estatísticas da venda”.

Miguel Pacheco, estagiário no jornal "O Jogo"

Este padrão criado pela sociedade de que a revista é mais direcionada para o sexo feminino ou o jornal para o sexo masculino é uma questão que pode levantar algumas complicações como a problemática da distinção de géneros. Quando questionada relativamente a este assunto, Raquel por um lado concorda que “o facto de existirem revistas do eixo feminino e revistas do eixo masculino ainda mostra uma grande divisão entre géneros”, porém acha que ninguém deve ser excluído de ler aquilo que tem interesse independentemente do sexo “Ninguém impede alguém do sexo masculino a interessar-se por conteúdos femininos nem deveria fazê-lo, e o mesmo acontece ao contrário, eu posso comprar uma revista do eixo masculino simplesmente porque os conteúdos me interessam, acho que cada vez devemos evitar esse tipo de classificações”.

O jornalismo, um caminho de vontade e persistência

O tema empregabilidade no jornalismo tem vindo tambéma receber cada vez mais atenção e a sua evolução tem dado margem a discussões sobre a relação entre o que o mercado de trabalho exige e a adequação da formação académica oferecida. Embora alguns estudos enfatizem a necessidade de adaptação do currículo dos cursos superiores para que as habilidades de empregabilidade sejam adquiridas, visando à capacitação dos jovens para o exercício de atividades produtivas, constata-se através dos índices de desemprego que ainda existe uma lacuna que mantém os currículos distantes das habilidades e competências que este ramo procura.
Analisando as estatísticas disponibilizadas, constata-se que relativamente à área de estudo de informação e jornalismo, num total de 3795 alunos licenciados, 919 estão desempregados, apresentando uma percentagem de 24,22% de desempregados nesta área. No que toca a alunos com mestrado, 767 no total, 120 encontram-se desempregados, atingindo uma percentagem de 15,65% de mestres desempregados nesta área.

Como podemos averiguar através destes valores, o jornalismo em Portugal é um caminho difícil de ingressar, sendo necessária uma boa formação e também uma grande capacidade de persistência. Raquel assenta esta ideia salientando que “hoje em dia, cada vez mais, as ofertas não surgem, é preciso procurar, porque de facto este meio, o meio do jornalismo, tal como todos os outros está lotado e cada vez mais nós temos que nos destacar para que consigamos um posto de trabalho e acho que aí quem ainda não ingressou no mercado de trabalho deve fazer toda uma preparação e diferenciar-se, porque hoje em dia ter uma licenciatura e um mestrado só não chega, tem de facto de haver outro tipo de skills, de habilitações, que nos façam diferenciar de todos os outros candidatos.”

O medo da mudança do mundo impresso para o digital

Para finalizar, colocamos em causa o futuro deste tipo de publicações impressas e o avanço brusco do mundo digital.

Embora se fale tanto da tomada de controlo do digital em substituição da imprensa escrita, este processo ainda é algo reticente e algo que se deve debater, tanto em termos de investimento como em termos de vantagens que trará no mercado.
Ambos os entrevistados consideram que esta é uma questão que se tem vindo a agravar e que sobretudo devemos estar atentos a esta mudança dos media, Raquel acrescenta ainda exemplos que justificam a sua opinião
“O mundo digital está claramente a tomar controlo e isso nota-se: no mercado, basta olhar para exemplos práticos como o grupo da Visão, da Activa, da Blitz, que todas elas são publicações bens construídas e que estão com algumas dificuldades; ou por exemplo ver como a Cofina vendeu publicações com a Vogue.”

A qualidade dos conteúdos assume maior relevância na imprensa escrita quando comparado com o digital. Uma revista tem mais espaço, e sobretudo “dá mais tempo” ao leitor, com ganhos na informação que é veiculada. Raquel enfatiza a razão pela qual revistas como a Happy não optam pelo meio digital (“há publicações que marcam a sua posição, por exemplo a HAPPY não tem site online porque a nossa direção assim o decide, acho que ainda há meios de comunicação que querem manter enquanto possam o estatuto da versão de papel e sim acredito que atualmente ainda resulte”).
Na perspetiva dos entrevistados a mudança para a era digital no mundo do jornalismo parece inexorável e irreversível. Miguel refere que
“é evidente que caminhamos para um jornalismo em que o online se irá sobrepor ao impresso, algo que julgo que pode até ser já considerado nos dias de hoje.”, tal como Raquel que se baseia nas gerações futuras para explicar esta mudança “acredito que daqui para a frente as coisas tenham tendência a mudar, até porque as gerações mais novas estão cada vez mais interligadas e conectadas e de facto não querem ler coisas em papel quando podem ter acesso através de um clique.”

Inês Freire

Mariana Cerveira

Sérgio Miguel

Ana Fernandes

José Miguel Forte

(Ao abrigo do novo acordo ortográfico.)

Entrevista a Eduardo Nazaré

 “Nunca mudei de área, adoro o que faço.”

Eduardo Lopes Nazaré tem 54 anos e é natural do Rio de Janeiro. Começou o seu trabalho na TV Globo há 34 anos como estagiário e desde então foi subindo desde técnico, a engenheiro.

Como é que começou o teu percurso profissional?

Estudando desde muito cedo na escola pública, fiz o curso técnico, que é o segundo grau, fiz estágio para a Petrobras, a petrolífera do Brasil, e para a TV Globo. Passei para ambas as empresas e a minha opção foi de trabalhar na televisão.

 

Chegaste à TV Globo então através de um estágio?

Como estagiário em 1982, um ano de estágio e tive a carteira assinada como funcionário e depois como técnico 1, técnico 2, técnico 3, engenheiro 1, engenheiro 2, engenheiro 3 e a carreira foi ao longo dos anos se firmando e é onde estou hoje.

Nunca mudei de área, adoro o que faço e então a área técnica, a área de suporte, consertar máquinas e temos lá, a área operacional, a área administrativa, a área de produção, temos uma gama de trabalho muito diferenciada e densa, e estou apaixonado pelo suporte é o que eu faço e gosto até hoje.

Em que consiste o teu trabalho na televisão?

Na TV Globo tem um conceito na área da tecnologia, que antigamente era a área de engenharia e uma parte de TI (Tecnologia de Informação), de três a quatro anos para cá juntou ambos, e virou uma única área de tecnologia, e tudo fundido com um login, um único email, tudo único, pois eram muitas áreas e senhas separadas. E então temos a parte de produção, por exemplo a produção de novelas, produção de show, produção de desporto, produção jornalistíca. A tudo isso chamamos produção e temos ainda a tecnologia que ampara isto tudo, ou seja, para haver uma gravação, há todo um sistema tenológico por trás. Eu comecei na área de suporte, o que nos tínhamos era bem separado, era muito bem segmentado, uma parte só relativa aos sons como estou falando com você aqui. Se eu tivesse um problema com você, se não tivesse escutando, o microfone estivesse falando ou a caixa não funcionando, seriamos suporte somente de áudio e, se a imagem não está boa, a luz não está boa, a camara está com algum problema, teria um suporte só de vídeo, se o computador que a gente está usando agora tivesse algum problema, chamaríamos um sector de suporte à computador, tudo bem separado.

Porquê separado?

Porque o conhecimento é muito extenso, então você saber de áudio é muita coisa de áudio, de microfone, de vídeo, o conhecimento é muito especifico e então por isso a globo adota o padrão mais generalista. Hoje nós temos um setor, onde eu trabalho, que vê tudo ao mesmo tempo, hoje eu vejo vídeo, eu vejo áudio, vejo grafismo até um pouco de elétrica, dou um primeiro atendimento, segundo atendimento, e não conseguindo resolver vai para os especialistas que é um time menor. Isto é de modo geral para tudo. Se a produção ou a pessoa era só para fazer orçamento, outra só para fazer design, eles este ano generalizarão isso de forma a eles fazerem muitas coisas com uma pessoa só, mas sem subcarregar, apenas para que a pessoa seja dinâmica, que ela seja útil. A parte de juntar para melhorar não é juntar para ter má qualidade, é o juntar para ter mais produtividade. É esse padrão hoje adaptado pouco mais generalista do que mais especialista, não deixando e ter o especialista.

“Já tive o prazer de fazer a copa dos EUA, da Coreia, da Alemanha, da Africa do Sul, mais uma olimpíada, a de Londres, e a copa aqui no Brasil também.”

Como é um dia de trabalho teu?

Chegando na televisão, eu tenho o equipamento que durante a noite ou do dia anterior que quebraram. Por exemplo, eu tenho era uma VT (vídeo tape), uma máquina que entrava uma fila e gravava, por alguma razão a fita não entrava, a máquina não gravava, a máquina não reproduzia, eu técnico, faço a avaliação porque é que aquela função não esta funcionando na máquina. Se a máquina está quebrada por alguma razão, a operação junta comigo trás a máquina ao laboratório e aí eu faço uma avaliação técnica, isso vem do passado. Hoje não é muito diferente, mas eu já não trago mais a máquina para o laboratório, hoje eu vou ao local. Na Globo, tem o núcleo do jornalismo, o núcleo da produção de novelas, etc… eles trocam arquivos, tudo o que e feito hoje na TV Globo eles sobem para uma plataforma interna, e tudo fica disponível. O editor vai e pesquisa aquela imagem, corta a imagem, baixa internamente para sua maquina, edita o material, e manda para o playout que coloca no ar. Qualquer fase que não funciona, eu dou atendimento. Então quando eu chego e não esta conseguindo fazer o download, não consegue exportar para o playout, não consegue editar, qualquer um dessas solicitações é gerado uma ordem de serviço e a minha equipe vai comigo ao atendimento.

“Fiquei deslumbrado com a cultura portuguesa, foi muito gratificante poder andar livremente coisa que não acontece aqui no Brasil.”

Como é o suporte, por exemplo, num telejornal?

Um jornal tem hora para começar, o relógio não para. Por exemplo, o Jornal Nacional começa todos os dias às 20h30 da noite. Como a matéria vai chegando eles se reúnem uma, duas, três horas antes e fazem a pauta. Na pauta eles determinam o que é prioridade para aquele dia para o jornal, “hoje vamos falar da saúde, ora do futebol”. O repórter sai à rua e vai filmar, vai pegar o material, o repórter no meio do caminho já vai fazendo o texto dele e vai gravando o que chama de “off”. Isto tudo vai para a ilha de edição ou chegando em disco, cartão de memoria ou então já na própria rua, ele faz uma subida para a Internet que vai chegar no histórico da Globo. O editor pega nesse material e começa a montar esses textos. Ele já tem o tempo da matéria pronta, é 1 min, 1 min e meio, 3min, e o tempo vai passando e vai chegando perto da hora do jornal e então qualquer atraso que ele tenha, ele coloca a culpa no suporte, na tecnologia. Ora a máquina encravou, ora a máquina não funcionou e então essa corrida contra o tempo é o nosso grande desafio.

E nas famosas novelas brasileiras?

 Na parte da teledramaturgia não é muito diferente, apesar do escritor ter roteiro eles não gravam com tanta antecedência porque novela às vezes toma o rumo diferente. O diretor de novela, gosta de inventar alguma coia diferente, fazer um efeito diferente, isso requer mais tecnologia, mais produção e acaba por atrasar a entrega da novela. E tudo é por rede, se a rede esta lenta, se ela esta demorando, se o histórico esta cheio, isso suporta do lado da produção. Velocidade de upload, velocidade de entrega, lentidão da edição, HD queimado, a ira que não funciona, o teclado desconfigurado, é isso tudo, isso é o meu dia a dia.

Eu sei que já fizeste cobertura de vários eventos a nível mundial, como foi essa experiência?

Já tive o prazer de fazer a copa dos EUA, da Coreia, da Alemanha, da Africa do Sul, mais uma olimpíada, a de Londres, e a copa aqui no Brasil também. Já temos ideia de como funciona no Brasil e então vamos levar essa facilidade, de acordo com o nosso orçamento. Eles escolhem o que vamos levar lá para fora, ou o que vamos alugar. Tem muita coisa por detrás disso, são as pessoas que vão dormir e morar pelos 30, 60 dias de copa, tem o hotel, os interpretes, a alimentação, a roupa, os cuidados higiénicos e médicos, os seguros de saúde, além do equipamento que vai, o local que vai ser montado o estúdio da TV Globo, isto tudo com o custo menos. E então, é montar a equipe, desde gerente até ao operador. Fazer isso como suporte é, na pré - copa no Brasil, ajudar o conceito do sistema, dizer o que é positivo e negativo, dá sugestões etc. Chegado à copa do mundo, numa sala vazia, esses equipamentos são todos montados do zero, o raque, ligar energia, equipamento por equipamento, configurar os equipamentos alugados, ou seja, você monta uma televisão lá no país sede e isso num espaço de 20 dias antes da copa começar. Começa a copa do mundo e então o sinal é transmitido lá da base para o brasil. Passados 60 dias, ao fim, desmonta tudo, devolve o que é alugado, envala o que é do Brasil e isso é embarcado de novo.

Que opinião tens sobre os media portugueses?

Eu quando estive aí em Portugal, na verdade, eu fiquei bastante envolvido com a família e então pouco vi televisão. Fiquei deslumbrado com a cultura portuguesa, foi muito gratificante poder andar livremente coisa que não acontece aqui no Brasil. Poder caminhar à vontade, poder ver coisas bonitas, poder apreciar a paisagem, sem aquela preocupação de quem está ao meu lado, se vai acontecer alguma coisa de ruim, isso foi uma coisa muito boa. E então tive pouco tempo para ver televisão, mas do pouco que vi e conheço é muito bom, ou seja, aquela parte jornalística, parte de produção, a parte de conteúdo, inclusive existe uma parceria muito forte com a SIC e o Brasil, a gente tem a área internacional que as teledramaturgias são exportadas, são enviadas pelo mundo inteiro e Portugal é um ótimo parceiro.

Entrevista a Fernando Pimenta

Jorge Brito

Fernando Ismael Fernandes Pimenta, 28 anos, Canoísta Internacional Português

1-Como é que surgiu esta paixão pela canoagem?


Comecei por umas férias de verão, através de um programa de férias realizado pelo clube que ainda hoje se mantém. A partir daí comecei a ganhar interesse pelo desporto, principalmente pela intensidade e pelo espírito de rivalidade que existe entre os atletas. Na altura a canoagem era recente, não só na nossa terra como em grande parte do país. Posteriormente, foi convidado a integrar a competição e treinar durante o inverno. O meu primeiro título foi em 2004, na altura em k2 cadete. Em 2005, integrei pela primeira vez a equipa nacional e obtive a minha primeira medalha de ouro,  em k4 500m. 

2-Há quanto tempo estás inserido na modalidade?

Estou inserido nesta modalidade desde os meus 11 anos, por isso já lá vão uns anos sempre dedicado a esta modalidade.

3-É difícil conciliar a vida profissional com a tua vida pessoal?

É um pouco complicado sim, praticamente não tenho vida pessoal, a canoagem é um desporto que exige muito trabalho físico que tem de ser feito diariamente, todos os dias treino, de manhã e a tarde, incluindo os fim-de-semana, pois se queremos chegar a um patamar de excelência não nos podemos dar ao luxo de ter certos prazeres que qualquer pessoa gostava de ter, tenho de abdicar de muito tempo com a família em favor da canoagem, mas quem corre por gosto não cansa não é!  Tento sempre manter me focado e em contacto com a família, mas com os estágios que ocorrem antes das provas, muitos deles durante seis meses dificultam um pouco isso, principalmente quando estamos perto de uma grande prova como os Jogos Olímpicos ou o Campeonato do Mundo. Estou agora num período de descanso, onde tenho aproveitado ao máximo para estar com a minha família, com a minha namorada e relaxar um pouco… também mereço! 

4-Se não tivesses optado pela canoagem, qual seria o teu desporto de eleição?

Não tenho assim nenhum desporto que considere como favorito a seguir à canoagem, pratico natação semanalmente e também faço trail, são dois desportos que adoro e que também ajudam ao meu crescimento enquanto atleta, por isso a seguir á canoagem, acho que provavelmente iria optar por um dos dois!

5-Para ti o Clube Náutico de Ponte de Lima é especial, será que podes explicar um pouco o porquê?

Sem duvida que sim, é um clube a quem devo muito e que vejo como a minha segunda casa. Foi lá que cresci e que me tornei a pessoa que sou hoje, é um ambiente muito familiar que neste momento não me sinto capaz de trocar por outra coisa. Tento sempre que posso passar lá algum do meu tempo, quer com o meu treinador quer com os meus colegas. Sempre que é possível também treino por lá, adoro o rio lima e a sensação de saber que é ali que estão todas as minhas raízes e os melhores momentos da minha infância é fantástica.

6-Com tantos momentos de sucesso na tua carreira, qual consideras ter sido o mais marcante para ti?

Já passei por muitos momentos excelentes. Mas a época que considero mais marcante foi a de 2011/2012. O melhor momento que já vivi na minha carreira, considero que tenha sido os Jogos Olímpicos de 2012, na altura com 23 onde conquistei a única vaga europeia que dava acesso à prova. Após esta conquista toda a energia e concentração voltou-se único e exclusivamente para os Jogos Olímpicos, abdicando de participar no Europeu Velocidade que antecedia os jogos olímpicos. Para além da minha estreia, que só por aí já foi maravilhoso, conseguimos no k2 uma classificação que ninguém estava à espera! Um segundo lugar numa prova com esta dimensão foi um feito muito grande, não só para mim e para o Emanuel Silva, mas também para toda a Federação Portuguesa e os portugueses em geral, pois fomos a única medalha conquistada pela comitiva portuguesa em Londres2012. O facto de ter sido o porta-estandarte da bandeira portuguesa no encerramento da prova foi também um momento único, foi como sentir que carregava ali o nosso país, foi um sonho realizado. Considero esse o meu ponto de afirmação enquanto canoísta, já posso dizer que deixei o meu nome marcado, por isso sim, foi um momento único, que espero vir a melhorar já nos próximos Olímpicos em 2020! Quando chegamos a Portugal fomos muito bem recebidos no aeroporto do Porto, com os portugueses a apoiarem nos e a vibrarem com a nossa conquista, foi um momento único e deixa-me muito orgulhoso. 

7-Já os jogos olímpicos de 2016, não correram da melhor forma,  porque? 

Sim é verdade, eu e o meu treinador decidimos apostar no k1, onde tudo estava a correr de uma forma muito positiva. Mas infelizmente não conseguimos cumprir os objetivos que estavam planeados, sentimos que estávamos preparados, talvez até mais que nos anteriores até porque já estávamos habituados ao ambiente de uma prova desta dimensão, e estava a correr tudo bem até a prova final, em que tivemos um problema com as algas meio da prova quando estava bem encaminhado para a conquista do ouro, infelizmente não consegui cumprir, mas são azares que acontecem quando menos esperado, fiquei destroçado porque estive perto de uma grande conquista que juntamente com o Hélio (treinador) ambicionamos e trabalhamos tanto durante 2 ano, infelizmente não foi possível, mas faz parte da vida, são estes momentos que  também nos dão motivação para trabalhar e conseguir fazer ainda melhor! 

8-Já com tantos trofeus no teu palmarés, chegaste ao topo e és visto como um dos melhores de sempre nesta modalidade, contudo queria perguntar te se estás satisfeito com aquilo que já conquistaste ou se há algo que ainda ambicionas?

Sem duvida que ainda me falta cumprir mais objetivos, ambiciono melhorar os meus tempos, renovar os meus títulos quer de campeão europeu, quer de campeão mundial e claro, aquilo que falta no meu Palmares, o título olímpico que espero vir a conquistar no futuro! 
A nível pessoal sou uma pessoa realizada, que adora o sítio onde vive, adoro Ponte de Lima, e adoro estar cá pela forma como as pessoas me tratam e procuram sempre expressar o seu carinho e admiração, isso é gratificante pra mim enquanto atleta, por isso espero continuar a trabalhar e dar o meu melhor para puder trazer mais alegrias para estes limianos e sobretudo para todos os portugueses.

Diogo Pereira

Memórias de um capacete azul em Angola

Carlos Pinto, 53 anos, ex-militar, participante na missão da ONU em Angola, em 1996. Missão esta que teve inicio em 1989 e seu fim em 1999, com o objetivo de estabelecer a paz numa antiga colónia portuguesa tão importante.

Consegue resumir a situação que levou a ONU a intervir em Angola?

A Guerra Civil em Angola surgiu graças à implantação da sua independência, em 1975, quando Portugal deixou de ter domínio sobre essa ex-província ultramarina. Ao tornar-se independente, surgiram 3 partidos: MPLA, UNITA e FNLA. Passado algum tempo, a FNLA desapareceu e ficou apenas a MPLA, que é o partido que tem estado no governo até aos dias de hoje, e a UNITA. Na altura, o presidente da MPLA era José Eduardo dos Santos, que governou até 2017, e o presidente da UNITA era Jonas Sabimbi.

A transição para a autonomia de Angola foi feita de forma conturbada. A população angolana ficou entregue a ela própria, dando inicio a grandes guerras entre a UNITA e o MPLA, sendo que o MPLA subiu ao governo e a UNITA ficou sempre na oposição, controlando as zonas das lundas, que eram zonas muito ricas em diamantes, e também algumas zonas centrais de Angola, nomeadamente o planalto de Huambo, enquanto que o MPLA controlava o negócio do petróleo.

Entretanto, como os dois partidos não chegavam a um consenso, as Nações Unidas enviaram para lá algumas forças militares de forma a amenizar aquela situação. Foi assim que se deu o UNAVEM I, o UNAVEM II e o UNAVEM III, parte na qual eu participei.

No UNAVEM III, em Fevereiro de 1995, houve a participação de muitos países, entre os quais Portugal, que ficou responsável pela implantação de transmissões, construindo a sua base em Luanda, de forma a ligar todos os comandos militares espalhados pelo país através da rádio. 

Um ano depois, chegou a Angola a CLog6, Companhia Logística nº6, constituída por 110 militares, que construiu, inicialmente, uma base no Huambo, onde se fazia a distribuição de todo o material logístico pelas forças das Nações Unidas, no sul de Angola. Seis meses depois foram enviados mais 95 homens de reforço, que ficaram sediados em Luanda, mais concretamente em Viana, que fica a cerca de 30 km, onde se encontravam os armazéns gerais da ONU. A CLog6 fazia a distribuição de todo o equipamento necessário, desde alimentação, transportes a material diverso; fazia a recolha do pessoal que estava nas musseques, no campo, e transportava-os para as zonas de acantonamento, isto já na parte norte de Angola.

Resumindo, a grande contribuição de Portugal foram basicamente essas duas partes: por um lado, assegurar as transmissões por todo o país, e, por outro lado, assegurar o transporte de todos os materiais que a ONU precisava para sobreviver e desempenhar a missão final que seria, realmente, manter a paz naquele país de forma a que as instituições democráticas funcionassem e ficasse um país livre. Houve também outras contribuições, nomeadamente da polícia militar.

Como foi a adaptação à cultura angolana?

Pessoalmente, convivi muito pouco com a população angolana. Como a minha missão era dentro do aquartelamento, responsável pelas oficinas e pela parte de manutenção das viaturas, coordenando-a, trabalhava principalmente com outros militares portugueses e trabalhadores da ONU, quando fazia levantamento de material. Alguns funcionários eram angolanos, destacados como cozinheiros, jardineiros, trabalhadores na lavandaria e nas oficinas. Apesar disso, existiam apenas cerca de 20 angolanos dentro do acampamento.

Na prática, qual era o papel que desempenhava?

Estava responsável pela secção de manutenção da CLog6, em Viana. Na altura, todo o nosso equipamento foi transportado de barco de Lisboa até ao porto de Lobito, onde fui com uma equipa fazer o desalfandegamento desse mesmo material e transportá-lo para Luanda. Posteriormente, em Viana, construímos o nosso aquartelamento, onde fui nomeado chefe da oficina, ficando responsável pelo bom funcionamento de todas as viaturas.

 

Como funcionava a escolha dos militares designados para a missão?

Foi designada uma unidade militar que ficou responsável pela criação de um concurso. Na minha fase, a fase do reforço, foi uma unidade sediada em Lisboa, que escolheu o comandante da força e fez convite a alguns militares da sua confiança para acompanhar a missão. Porém, a maioria das vagas foram preenchidas através de um concurso que atingia todo o exército português, consoante as especialidades que eram precisas, e as competências que necessitavam. Quem queria participar na missão, desde oficiais a sargentos e praças, concorreu e foi posteriormente escolhido para incorporar essa missão, ou seja, todos os militares foram por oferecimento.

 

Quais foram as maiores dificuldades que teve que ultrapassar em Angola?

A zona de aquartelamento atribuída à minha equipa pela ONU era localizada num terreno inclinado, a parte mais baixa do campo, sendo que, em época de chuvas, toda a água escorria para lá, teve-se que nivelar esse terreno, transportar todo o material para lá, montar o acampamento todo, ou seja, montar as tendas, construir as estruturas todas, as casas de banho, as cozinhas, as lavandarias, os refeitórios, o bar, as instalações sanitárias, a enfermaria e a oficina. Para além disso, teve-se que montar geradores, construir uma rede elétrica, construir esgotos, fazer os caminhos numa zona com muita lama, fazer os passeios, as estradas e caminhos.

Numa segunda fase, começou-se a fazer a parte da cobertura vegetal, com plantação de palmeiras e de vegetação, que em Angola cresce muito rapidamente, de forma a dar uma frescura e alguma proteção contra o calor.

A temperatura em Angola era extremamente elevada, atingindo os 40ºC, apanhando um choque térmico enorme, uma vez que em Portugal, em março, contava com 4ºC, e Luanda com 40ºC.  Felizmente, levou-se muita água potável, mas o trabalho foi feito, durante o primeiro mês e meio, com muito calor, muito pó e muita lama.

De que forma essa experiência influenciou a sua vida pessoal e profissional?

Tive oportunidade de ver outras culturas, nomeadamente a cultura angolana. Vivi uma realidade completamente diferente, num país muito mais pobre que Portugal, com muitas dificuldades, com falta de água potável, de comida, entre outros.

Uma imagem que me ficou marcada foi um bairro de mutilados de guerra, junto ao nosso aquartelamento, onde centenas de casas eram habitadas unicamente por indivíduos mutilados. Todos os dias eu via esta desgraça, indivíduos com todas as dificuldades que possam existir, o que me fez ver a vida de outra forma, não ligar tanto aos bens materiais, mas sim à qualidade das pessoas, às dificuldades humanas e à capacidade de sofrimento humano.

Lembro-me de um outro episódio que me marcou muito, quando fomos à lixeira levar os lixos. Íamos com o unimog, entrávamos e encontrávamos uma grande quantidade de crianças entre os 5 e 10 anos, famintas, que trepavam o unimog, à procura de comida. Após esse acontecimento, começámos a levar a comida que sobrava dentro de umas caixas para eles comerem. A comida que sobrava nos pratos dos militares juntamente com outros lixos, espinhas, ossos, papéis, guardanapos, entre outros, era triturada de forma a que eles não comessem. Esta foi uma imagem que me marcou imenso, até porque na altura tinha uma filha com a mesma idade que essas crianças, e lembro-me de sair da lixeira com as lágrimas nos olhos, porque a fome daquelas crianças era tanta que chocava qualquer pessoa.

 

 Para finalizar, repetiria a experiência?

Sim, repetia sim. Repetia porque nós vivemos num país que, felizmente, não está em guerra e nunca esteve em guerra, e não nos apercebemos das dificuldades que muitos povos passam. Foi sem dúvida um “abre-olhos” que me fez valorizar o país em que vivo e cresci.

Catarina Pinto

Entrevista ao Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Miguel Guimarães

José Miguel Guimarães, 55 anos, licenciado em 1987 pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, especialista em Urologia, médico no Hospital de S.João, e atual Bastonário da ordem dos Médicos

“Sinto falta de ter mais contacto com os doentes, e acima de tudo, de operar”

- Como surgiu esse seu interesse pela medicina? Foi algo que desde muito novo o cativou, ou foi algo que surgiu com a idade e a pressão de ter de fazer uma escolha?

 

A medicina foi uma das grandes hipóteses que eu coloquei a partir de determinada fase, quando segui estudos universitários. Fiz a escola primária, depois o liceu, e depois fiz ainda uma coisa que já não existe há alguns anos, a maioria já não deve saber sequer o que aquilo é, mas era muito engraçado. Tínhamos aulas à distância, e depois fazíamos exames no distrito médico onde estávamos inscritos . Eu, por exemplo, fiz exames no distrito de Aveiro, depois aquilo resultava uma nota e mediante essa nota, cada um escolhia uma profissão, ou neste caso concreto, um curso que quisessem fazer. Na altura lembro-me que tive uma nota boa e portanto escolhi medicina. Era uma das opções que eu coloquei logo em primeiro lugar até porque gostava muito das áreas relacionadas com a biologia, etc. e portanto acabei por tomar essa opção.

- Se não tivesse envergado pela área da saúde, que outra profissão gostaria de ter seguido?

 

Se não tivesse nisto eu tenho dúvidas de que fosse para a área da saúde. Provavelmente teria ido para alguma área de arquitetura ou engenharia, porque eram outras opções que eu tinha na altura. Nunca pensei em mais nada dentro da área da saúde, pensava apenas em medicina, era o que queria. Depois pensava também em algo na área da arquitetura. Por acaso nunca houve essa necessidade de ter de escolher algo fora da área onde estou, mas essas eram duas das minhas opções. Quando ainda era jovem, outra coisa que também me despertou interesse, e poderia ter sido também uma possibilidade, era o jornalismo, mas na altura ainda não era um curso superior. Foi algo que também ponderei mas não se enquadrava tanto naquele esforço que eu estava a fazer para aceder ao ensino superior, e portanto acabei por escolher mesmo a medicina.

 

 - Como foi a adaptação à mudança de liderar a um nível regional, para passar a lidar ao nível nacional?

 

A nível regional, eu comecei na ordem dos médicos como membro do conselho regional do Porto logo num orgão de topo, enquanto secretário, e portanto fui colaborando com os meus colegas. Entretanto saí da ordem durante uns tempos. Acabei por voltar, e estive como vice-presidente durante uns anos, depois disso candidatei-me a presidente e as coisas, felizmente, correram bem.

Essa adaptação foi excelente precisamente porque estava a trabalhar no Norte, é mais fácil.

A transição para bastonário, foi muito mais complexa, porque ser bastonário da ordem dos médicos é algo que exige uma responsabilidade muito maior. É um cargo que exige uma disponibilidade praticamente permanente. Reparem que eu ainda não jantei, nem sei a que horas vou jantar hoje, aliás, provavelmente nem irei jantar. (Risos). É complicado porque estou permanentemente em défice, a pensar no que ainda não fiz, e já devia ter feito. É um cargo único, até porque quando se concorre a bastonário, concorre-se sozinho, e portanto não há uma equipa diretiva eleita em conjunto, não há essa responsabilidade em conjunto. Eu acabo por ter essa enorme responsabilidade da ordem dos médicos, como colegas meus já fizeram antes, que não é exatamente igual a ser presidente de um conselho regional. Depois, posso sempre acrescentar que, ao ser presidente do conselho regional, a sede era no Porto, e como Bastonário, a sede é em Lisboa. Eu até gosto de trabalhar em Lisboa, e sinto-me bem aqui, mas uma parte daquilo que é a minha vida particular, centra-se no Porto. Tanto a minha mãe como a minha mulher estão no Porto, e mesmo algumas das coisas que costumo fazer ao fim-de-semana, estão todas no Porto, e portanto não é tão fácil assim agora mudar para Lisboa. No entanto, a adaptação à sede nacional foi boa. As pessoas que trabalham aqui comigo, nomeadamente os nossos colaboradores são espetaculares. Lisboa é uma cidade grande, e recebe-nos bem, mas falta-lhes algumas coisas, nomeadamente as coisas do meu dia-a-dia, das quais sinto falta.

“A privacidade que temos, enquanto bastonário, perde-se bastante.”

- Acha que a projeção já alcançada, algum dia o irá permitir voltar a ser apenas médico, e investigador?

 

Eu penso que sim, até porque a projeção alcançada nem interessa. Sabem que uma pessoa só é conhecida, e só está sob os holofotes da comunicação social enquanto estiver neste cargo, porque a partir do momento que deixar de estar, tenho a certeza que desapareço rapidamente. Eu tenho feito um percurso discreto, e continuo a fazer. Mesmo agora enquanto bastonário, mantenho-me sempre a ser médico. Claro que estou a fazer muito menos clínica do que gostava, mas ainda assim não há nenhuma semana em que eu não faça consultas. O dia em que normalmente até faço isso é à quinta-feira. Eu estou preparado para quando sair do cargo de bastonário, ate porque este cargo é um cargo temporário, ou seja, neste momento estou como bastonário, mas qualquer dia deixo de estar. O máximo que poderia fazer seria candidatar-me a um segundo mandato, mas o que eu tenciono é voltar a ser médico assim que deixar este cargo. Quero também fazer formação de modo a poder atualizar-me em algumas coisas, e treinar também algumas situações na área cirúrgica, mas sem dúvida que a minha intenção é mesmo exercer medicina, porque é o que realmente gosto.

 

- Sente que enquanto bastonário, já atingiu o auge da sua carreira, ou ainda espera chegar mais longe?

 

Como bastonário, penso que estou no topo da minha carreira, porque este cargo é o mais elevado que existe na ordem dos médicos, depois disto, já não há mais nada. Posso é optar por ocupar um cargo num conselho superior, ou tentar uma assembleia de representantes, mas já nunca mais dou um salto assim tão simples, não é possível. Mas eu acho que as pessoas devem encarar este tipo de cargo como temporário. Isto que nós fazemos é um serviço público, e não deve ser perpetuado, e por isso é que os mandatos têm limites, e eu sou a favor disso, e até fui umas das pessoas que impôs um limite no conselho de no máximo dois mandatos.

“Como bastonário, penso que estou no topo da minha carreira.”

- Em algum momento sente falta dos tempos em que apenas exercia medicina e tinha um contacto direto e mais pessoal com os doentes?

 

Sim, sinto falta de ter mais contacto com os doentes, e acima de tudo, de operar, porque é algo que gosto muito de fazer. Sou urologista, por definição, cirurgião, e operar é algo que enquanto bastonário tive de deixar um pouco de parte. As cirurgias são cada vez mais difíceis de fazer porque eu não posso operar um doente, e no dia seguinte não o ver. As coisas agora são um pouco mais complicadas. A atividade cirúrgica que tenho mantido é, apesar de tudo, no transplante renal. Na área cirúrgica da urologia programada, ou ate mesmo em contexto de urgência, tenho estado parado. Sinto falta de operar e de ter o contacto que tinha com os doentes. Apesar de continuar a fazer uma consulta todas as semanas, aquele contacto no internamento, e aquelas conversas que tinha diariamente com certos doentes, sim, vai se perdendo um bocado, e eu, como é evidente, sinto falta disso.

 

 

Sente que o cargo que atualmente ocupa, limitou a sua vida privada, por exemplo no que toca à privacidade?

 

Limita. O cargo que atualmente ocupo, limita bastante a minha vida privada. Uma pessoa que seja bastonário de uma ordem nacional, praticamente fica sem vida privada. Tenho alguma vida privada, obviamente que sim, nomeadamente ao fim de semana, mas mesmo ao fim de semana tenho de estar sempre disponível para fazer mais. Tenho de estar disponível para ajudar as pessoas porque mesmo aos fins de semana há imensos colegas que me contactam, e eu vou dando a resposta possível, nunca desligo completamente. Mesmo até os jornalistas, eles ligam-me frequentemente ao sábado e ao domingo, portanto a privacidade que nós temos, enquanto bastonário, diria que se perde bastante. Nunca se perde totalmente, e ainda bem, porque é importante continuar a ter uma vida pessoal.

 

 

Gostava de desde já, agradecer-lhe o tempo que nos disponibilizou, foi um prazer enorme poder conversar consigo, muito obrigada!

 

Ora essa, obrigada!

Ana Luísa Maciel, com a colaboração de Diogo Pereira

A PRAXE NA ÓTICA DE SEIS ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR

Tema de várias polémicas ao longo dos anos, a praxe é, para muitos, um elemento fundamental e apaixonante da vida académica e, para outros, algo absolutamente escusado no seu percurso enquanto estudantes de ensino superior. Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, a praxe académica refere-se a um conjunto de regras, costumes e práticas que governam as relações académicas entre alunos de uma instituição de ensino superior, baseado numa relação hierárquica.

Foi no sentido de perceber de que forma é que os estudantes de ensino superior, caloiros ou não, encaram a praxe, que realizei entrevistas a seis alunos de instituições de ensino superior distintas e de diferentes zonas do país. Procurei informar-me acerca do que é feito nas praxes das diferentes instituições, bem como a opinião dos respetivos estudantes acerca destas atividades.

A Beatriz Resende, de 19 anos, estuda na Escola Superior de Educação de Coimbra e frequenta o curso de Arte e Design. Caloira do ano letivo de 2017/2018, a Beatriz considera-se a favor da praxe “se não envolver praxe psicológica que implique a humilhação dos caloiros”. Participante da praxe do seu curso, a Beatriz afirma “que a praxe é um elemento importante para os caloiros se aproximarem e conhecerem não só uns aos outros como também aos doutores e veteranos, ajudando os novos alunos a integrarem-se no curso. No entanto, reconhece que “há limites para tudo” e que tais não devem ser ultrapassados, “por exemplo com situações de humilhação ou praxes mais agressivas”. Quando questionada sobre a praxe do seu curso e que tipo de atividades são feitas, Beatriz afirma que “a maior parte da praxe resume-se a cantar as músicas de curso, fazer as posições praxísticas e fazer jogos com os restantes caloiros” e diz nunca ter sido alvo de humilhação durante a praxe, pois “temos a liberdade de escolher não fazer algo que realmente não queremos, ninguém nos obriga a nada”. A única coisa que Beatriz mudaria na sua praxe de curso é a frequência da mesma, “devia haver mais praxes, apenas temos praxe de duas em duas semanas, e penso que os alunos deviam estar mais envolvidos, deviam aparecer mais colegas meus na praxe”.

Beatriz Resende, aluna de Arte e Design da Escola Superior de Educação de Coimbra

Rodrigo Gamelas, de 19 anos, estudante da Universidade de Aveiro no curso de Design, afirma ser “totalmente a favor da praxe” pois “a praxe é um elemento fundamental na integração dos caloiros, que lhes permite conhecer outros alunos e envolverem-se mais no espírito académico”. Caloiro da Universidade de Aveiro e participante nas praxes, Rodrigo afirma que “é pedido aos caloiros que decorem os nomes de todos os mestres, depois temos de saber os cânticos e temos ainda atividades entre os caloiros, como jogos”. Tal como Beatriz, Rodrigo nunca se sentiu humilhado durante a praxe, pois afirma “só fazemos aquilo que queremos” e acredita que a praxe o ajudou a integrar-se no curso e na universidade, acrescentando que “no início não me dava com os outros alunos, sentia que não me identificava com eles e a praxe ajudou-me a conhecê-los melhor e fazer amizades”.

Rodrigo Gamelas, estudante de Design na Universidade de Aveiro

Elis Batista, de 17 anos, estudante do primeiro ano na Universidade de Lisboa, na Faculdade de Belas Artes no curso de Design de Comunicação, considera-se a favor da praxe, pois afirma “da experiência que eu tenho na minha faculdade, a minha praxe é muito soft e dá para ter envolvência com os outros cursos, o que não acontece se não formos à praxe, portanto eu conheci muita gente através daí, e para além disso dá para descontrair um pouco da pressão e do stress das aulas”. Quando questionada acerca do teor das suas praxes, Elis afirma que “basicamente fazem-se jogos, como peddy papers em que percorremos Lisboa, futebol humano, etc.” e não há qualquer tipo de hierarquia, tanto que a praxe é designada pelos doutores como “atividades de integração”. Afirma ainda que nunca se sentiu humilhada durante a praxe e que gostaria de ter mais praxes, sendo que a frequência das mesmas não é muita, e quando têm duram cerca de cinco horas.

Elis Batista, estudante de Design de Comunicação na Universidade de Lisboa

Catarina Martins, de 19 anos, frequenta o curso de Gestão no segundo ano, na Universidade de Aveiro. Quando questionada se é ou não a favor da praxe, Catarina considera-se a favor “porque a praxe é um elemento muito bom para os caloiros se conhecerem melhor, pois vêm de cidades diferentes e chegam à universidade desamparados, e a praxe ajuda à união dos mesmos enquanto turma”. Após frequentar todas as praxes do seu ano de caloira, Catarina afirma que gostou muito da praxe, “desde os jogos à parte mais séria que envolve o respeito pela hierarquia” e que nunca se sentiu humilhada, destacando a liberdade que dispõem caso não queiram fazer algo que lhes é pedido.

Catarina Martins, estudante de Gestão na Universidade de Aveiro

Guilherme Martins, de 19 anos, estudante do segundo ano no curso de Economia na Universidade Nova de Lisboa, considera-se a favor da praxe “em primeiro lugar porque participei e gostei, acho que não se deve criticar todas as praxes por aquilo que certas universidades fazem e, a partir do momento em que só participa quem quer e que de facto se sabe que se constroem relações de amizade na praxe, eu sou a favor”. Afirma ainda que provavelmente não se teria integrado tão bem na universidade se não tivesse participado nas atividades praxísticas. Guilherme acrescenta que na sua universidade “não existem praxes sujas, não existe humilhação nem sexismo, bem como álcool durante as atividades” e afirma ainda que a praxe da sua universidade passa por “atividades principalmente com base na integração para os caloiros se conhecerem, não fazemos nada que seja individual, pois os caloiros são todos um só e têm todos de fazer as mesmas coisas”, acrescentando que nunca se sentiu humilhado durante a praxe enquanto caloiro.

Guilherme Martins, estudante de Economia, na Universidade Nova de Lisboa

Diogo Ribeiro, de 17 anos, estuda Arquitetura no Instituto Superior Técnico de Lisboa e considera ser a favor da praxe, pois afirma “sempre senti que a praxe era uma boa maneira de nos integrarmos e de fazer amizades. Caloiro assíduo nas praxes de curso, Diogo revela-nos que “na praxe fazemos jogos e que esta não é de maneira nenhuma agressiva mas sim respeitosa, obviamente que faltas de respeito não são admitidas”, e acrescenta ainda que nunca se sentiu alvo de humilhação durante a praxe e que esta não é obrigatória, admitindo por fim que está a gostar muito da praxe.

Diogo Ribeiro, estudante de Arquitetura no Instituto Superior Técnico de Lisboa

De facto, o código de praxe não é o mesmo para todas as instituições de ensino superior, existindo praxes racionais e com o intuito de integração dos alunos recém-chegados – os chamados caloiros -, bem como praxes abusivas e violentas.

No entanto, após a realização das entrevistas apresentadas, verifica-se que os seis estudantes são todos a favor da praxe e a sua opinião acerca da mesma é consensual: a praxe académica incute valores de integração social dos caloiros no sentido de criar um ambiente favorável à aproximação dos mesmos, através de jogos e hinos de curso nos quais todos devem participar, fomentando assim a coesão e união dos alunos, caraterísticas muito importantes nesta que é uma fase de desamparo, descoberta e acima de tudo de autoconhecimento. Como podemos ainda verificar, nenhum dos seis estudantes entrevistados sentiu que a praxe os humilha/humilhou de alguma forma. Os caloiros são tratados como um só e todos devem unir-se no sentido de atingir um mesmo objetivo, seja através de um jogo como a decorar músicas relativas ao seu curso/instituição. Neste sentido, a praxe promove a integração e união dos alunos, criando assim um ambiente propício à criação de novas amizades e autoconhecimento por parte dos caloiros.

VOX POP: ditados populares

Uma das maiores popularidades nos dias de hoje são os emojis, sejam eles usados através das mensagens ou das redes sociais. E se os transportássemos para os ditados populares?! Viemos até à comunidade esequiana testar os conhecimentos dos estudantes nesta nova vertente.

Catarina Santos

Joana de Bastos

Laura Batel

Sofia Vieira

Susana Mendes

Comunicação Social 2ºano

“Ter vivido tantas experiências através da moda deixou-me preparada para o curso”

 Natural do Bombarral e com 19 anos de idade, Rita Costa já conta com várias conquistas no mundo da moda e com inúmeras experiências enriquecedoras das muitas viagens que tem feito nesse âmbito. Atualmente, ingressou no ensino superior e concilia a sua licenciatura com os trabalhos nesta indústria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- Como surgiu esta tua paixão pelo mundo da moda e, consequentemente, a vontade de ser modelo?

Bem, isto é uma história bastante típica. Devia de ter à volta de uns 8 anos quando comecei a ver o America’s Next Top Model e a partir daí, por brincadeira, comecei a praticar desfilar em casa com sapatos da minha mãe. Nunca foi uma coisa muita séria, o bichinho a sério só surgiu mais tarde, eu até escondia isto da minha mãe. Eu era aquela miúda que passava a vida a ver documentários e a ler revistas de ciências, que só vestia fatos de treino por achar calças de ganga demasiado desconfortáveis, não tinha propriamente nada a ver comigo, tinha muita vergonha.

 

- Ganhaste o concurso nacional da Elite Model Look em 2014. Qual foi a sensação de sentires que todo o trabalho e dedicação que investiste foi recompensado?

Ter ganho o concurso para mim foi, não só na área da moda, como na minha vida, um grande momento de ‘tudo é possível’. Eu inscrevi-me no concurso sem espectativas nenhumas, não estava a pensar ser selecionada, muito menos ganhar. Lembro-me muito bem de no ano anterior estar a ver um documentário na SIC que tinha dado sobre a final mundial na China e pensar: Aquilo é tão giro, gostava mesmo de fazer uma coisa assim. Mas não tenho potencial. O facto de no ano seguinte, estar ali com mil e uma câmaras de televisão à frente e uma viagem para a China para esse mesmo concurso foi sem dúvida o melhor momento da minha vida até então.

 

 

 

 

 

 

 

 

                 Rita na final nacional da Elite Model Look 2014

 

 

- Em que aspeto a ida à final mundial da Elite Model Look em Shenzhen afetou o teu início de carreira? Que portas te abriu?

Eu era uma miúda da terrinha, com 16 anos acabados de fazer, que do nada tem a oportunidade de ir à China aprender e fazer algo de que gostava imenso... Cresci imenso, posso dizer que voltei de Shenzhen uma pessoa diferente, com os horizontes muito mais abertos. A nível de carreira abriu imensas portas, principalmente em Portugal. Não há melhor forma de entrar nesta indústria do que num concurso, é começar logo com toda a exposição possível. A nível internacional foi muito mais fácil para mim arranjar agencias, o Elite Model Look é um nome enorme, basta dizer, ainda hoje, que participei para ser logo olhada de uma forma diferente.

 

- Com todas as oportunidades que foram surgindo, no teu caso viajar durante tempo ilimitado tornou-se inevitável. Foi um desafio conseguir conciliar tudo isto e ao mesmo tempo continuar a ter bom aproveitamento escolar?

Eu tomei a decisão de não trabalhar fora do país antes de acabar o secundário. Mesmo assim trabalhava imenso e no meu 12º ano faltei a mais de metade das aulas que tive. Foi precisa muita disciplina, muitas horas a estudar em comboios, muitas noites a estudar até de madrugada por estar a trabalhar em véspera de testes mas não havia outra opção. A escola sempre foi a minha prioridade, foi um acordo que fiz com os meus pais e mesmo com a minha escola, em relação às faltas: se as minhas notas fossem prejudicadas, teria que abrandar no trabalho. Felizmente consegui, depois de muito stress e alturas muito complicadas, acabar com média de 17, que continua a ser um grande orgulho meu, porque sinceramente nem sei como aguentei.

 

- Quais os momentos que até hoje mais te marcaram na tua carreira e que de alguma forma foram sonhos tornados realidade?

O primeiro foi sem dúvida, o meu primeiro desfile para o Filipe Faísca na Moda Lisboa. Lembro-me de ter sido mandada para o atelier dele à última da hora para provar roupa, com a promessa que, se ele gostasse de mim e achasse que eu desfilava bem, me punha no desfile. No dia do desfile, liga-me a minha booker extática, a dizer que ele me tinha adorado e ia desfilar não um, mas três outfits, algo que ela me disse que nunca tinha visto acontecer na carreira dela como booker. Até hoje nunca falhei um desfile e tenho com este criador, os meus momentos preferidos nesta indústria, tanto dentro das passerelles como fora.

Outro momento muito marcante foi, recentemente a minha ida à Malásia, onde fotografei para a Harper’s Bazaar, que foi enorme para mim, é uma revista muito boa, um nome enorme e exatamente o que estava a precisar no meu book para abrir mais algumas portas na minha carreira.

 

- Atualmente tens contrato com 5 agências espalhadas pela Europa e até na Malásia, participas na moda Lisboa e desfilas para estilistas de renome nacional e mundial – entre muitas outras coisas. Algum dia imaginaste que podias alcançar todo este sucesso com apenas 19 anos de idade?

Eu não vejo propriamente isto como sucesso. Claro que sei que já fiz muito para a idade que tenho, mas do meu ponto de vista podia ser sempre melhor, fazer mais, conquistar mais mercados. Nunca nada é suficiente, especialmente numa indústria tão competitiva como a moda, em que não fazer comparações é impossível.

 

- Neste momento estás no 1º ano da licenciatura em Relações Internacionais. Sentes que esta foi a tua forma perfeita de juntar a moda e a educação?

Sempre fui uma pessoa muito opinativa, que insiste sempre em defender o que acha correto, por muito inconveniente que seja. Da moda tirei a confiança para o fazer. Na verdade, o meu sonho era tornar-me muito boa, uma modelo top, para poder depois usar essa plataforma para falar sobre assuntos e causas de importância e urgência extrema. No entanto já cresci um bocadinho e tenho a noção que dessa forma não vou lá chegar, daí a decisão de estudar Relações Internacionais. Sinto que não podia haver curso mais certo que este para mim.

Sem dúvida, o facto de ter viajado e vivido tantas experiências que, sem ser através da moda não teria oportunidade, deixou-me muito mais preparada para o curso. Foi esta que me criou o bichinho do viajar, de conhecer novas culturas, de sair da zona de conforto.

Conciliar as duas coisas tem sido difícil. Tirar este curso por si só já é puxado, tive que pôr um travão em algumas oportunidades de trabalho por agora, de forma a não prejudicar o curso, mas estou a tentar encaixar viagens de trabalho em férias e alturas em que não me sejam prejudiciais. Ainda estou no primeiro ano, espero entretanto apanhar o ritmo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rita à conversa com um habitante local durante a sua viagem à Malásia

 

 

- O que te vês a fazer no futuro?

Num futuro ideal, vejo-me a trabalhar numa ONG, em projetos de desenvolvimento social, a viajar e a trabalhar tanto no campo propriamente dito, como no processo burocrático que torna possível a existência destes projetos.

Por:  Ana Silva

Associação Abutrica -
00:0000:00

Associação Abutrica

Entrevista a Tiago Araújo (presidente da associação) sobre a missão da associação, bem como as expectativas para os próximos anos.

Francisco Lucas

Voz de Coimbra

Voz de Coimbra -
00:00 / 00:00

Um bocadinho de humor não faz mal a ninguém, certo? São mais de três minutos de conversa que não vai querer perder com certeza. Toda a atualidade conimbricense em cima da mesa.

Abílio Ribeiro

Ana Sofia Rodrigues

Andreia Henriques

Carolina Duarte

Francisco Lucas

Miguel Simões

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

Como surgiu o gosto pela escrita?

Agora veio-me à mente uma passagem de um livro que gosto, que diz que está tudo no ADN. Acho que é uma coisa que já está cá dentro, depois vai-se manifestando, como a barba, ou a cor do cabelo. No meu caso começou a manifestar-se na primária, mas ganhou os seus contornos actuais quando a minha avó Lucinda faleceu.

 

Como foi o teu percurso como escritor até aos dias de hoje?

A melhor palavra para o descrever? Atípico. Quando penso em nomes como António Lobo Antunes, José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe, Hemingway, Bukowski, Faulkner,(…) nunca associo um blog a estes nomes. Isto deve-se à mudança dos tempos, claro. No tempo de muitos dos meus escritores favoritos a internet era algo que nem sequer se equacionava. O meu percurso começou com a criação de um blog Os Filhos do Mondego e com a publicação de alguns textos. Depois foi ganhando forma e foi rolando montanha abaixo, como uma bola de neve, aumentando de volume. Recebi convites para escrever em revistas, jornais, participar em eventos, escrever livros. As coisas têm acontecido à volta disso, sem que eu tenha de as procurar. Nisto também é um pouco fora do comum, creio.

 

Sempre ambicionaste ser escritor?

Eu não sei sequer se sou escritor. Tento ser. Mas também já quis ser um Power Ranger Verde, por exemplo. É como já disse: uma coisa que nasce connosco e se vai manifestando com o tempo. É algo que me dá prazer e me deixa feliz, se puder fazer disso vida…

 

 

Sobre que assuntos/temas gostas de escrever?

Acho que a minha génese vai para as relações, amor, família. É um pouco um chavão, mas é o que me dá gozo. Gosto de tentar ver pelos olhos dos outros e sentir o que eles sentem.

 

No que é que te inspiras para escreveres os teus livros?

Em tudo o que me rodeia. O mundo é tudo o que acontece…

 

Qual o teu livro com maior sucesso? 

Sucesso é uma palavra muito ingrata. Neste momento só tenho um livro, por isso resumir-se-á a ele, o (A)MAR. Mas o que é o sucesso? O que vende mais? O que ganhou mais prémios? O que teve melhor aceitação da crítica? O que me deu mais prazer a escrever? Não sei.

 

Escreves para algumas plataformas digitais? Se sim, que temas costumas abordar?

Agora estou a escrever para o Figueira na Hora, além do meu blogue. Os temas são livres, portanto não tenho limites.

 

Para que público é a tua escrita direcionada?

Para quem me quiser ler.

 

Para quando está previsto um próximo livro?

2018, em princípio.

 

Achas que em Portugal os escritores têm o devido reconhecimento?

Dos leitores? Pergunta por aí, na tua faculdade, quantos conhecem o Valter Hugo Mãe. Aposto que mais de 80% não o conhece, e os que conhecem nunca leram nada dele. Vai ao Brasil e vê como eles o carregam em ombros de andor. Mete no Google o nome dele e vê o que já conquistou. Outro exemplo: vai à Figueira da Foz e pergunta quantas pessoas já leram um livro, qualquer, do Afonso Cruz. Ele é natural de lá. Muitos nem sequer o conhecem. Mete também o nome dele no Google e vê o que já conquistou. Podia continuar a dar exemplos destes, mas acho que não vale a pena. Agora pergunta pelo Pedro Chagas Freitas e Raul Minh’Alma, por exemplo. As respostas vão ser diferentes. O que é que já ganharam em termos literários? É uma dicotomia.

 

Que conselhos dás a um futuro escritor?

Não gosto de dar conselhos em relação a isso, porque não sei até que ponto são bons ou maus. Dou um conselho de vida que é uma frase do Bukowski, muito famosa: “find what you love and let it kill you”. 

Susana Mendes

Pedro Rodrigues, um jovem escritor de 30 anos, reside na Cova Gala (Figueira da Foz). Atualmente, frequenta o curso de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico de Lisboa.

Entrevista a Pedro Rodrigues
Entrevista a Reinaldo Francisco
Reinaldo Francisco, 41 anos. Licenciado em Engenharia Física e Realizador de Programas Musicais na Antena 2.

Reinaldo Francisco, 41 anos. Licenciado em Engenharia Física e Realizador de Programas Musicais na Antena 2.

 

Quem é o Reinaldo Francisco?

Atualmente sou Realizador de Programas Musicais na Antena 2, da Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

 

Para alguém que estudou Engenharia Física, como é que o gosto pela rádio aparece?

Desde criança que oiço a Antena 2 e, mais tarde, enquanto cursei Engenharia Física na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, surgiu a oportunidade de realizar alguns programas para a Rádio da mesma faculdade.
Aí percebi que era onde me sentia bem e onde conseguia partilhar o meu gosto musical e alguns conhecimentos com outras pessoas, chegando a elas de um modo mais “eficaz”, e partilhando algo que, se assim não fosse, elas não iriam receber.

Porquê ingressar pela rádio e não por outro meio de comunicação?

Em primeiro lugar porque, em 1997, a Antena 2 era o único órgão de comunicação social que se dedicava em exclusivo à música dita clássica.
Em segundo lugar  porque sempre me agradou a ideia do “anonimato”, da voz e da não imagem.

A música clássica sempre foi uma paixão? Foi isso que o levou a trabalhar na Antena 2?

A música sempre foi uma paixão. A Clássica em particular.
A Vida é feita de oportunidades e coincidências. Assim foi comigo também. O Diretor Artístico da Orquestra onde toquei durante vários anos, porque sou igualmente violinista, era na altura, Chefe de Programas da Antena 2 e ao perceber os meus conhecimentos e a minha vontade de lá trabalhar, convidou-me, e aqui estou eu. 

 

Como funciona uma rádio? Como é que seleciona os conteúdos que serão produzidos?

A Antena 2 transmite 24 por 24 horas, 7 dias por semana. Atualmente oferece aos ouvintes um leque variado de escolhas: desde música clássica ao Jazz, passando pela música étnica. Oferece igualmente programas culturais e de atualidade, sejam eles sobre Literatura ou Cinema, até rubricas de Ciência ou espaços dedicados à Amnistia Internacional. Tem, a meu ver, uma oferta bastante variada.

Os conteúdos são selecionados e produzidos pelos diferentes realizadores e produtores da Antena, de acordo com a grelha de programas, e sempre com a orientação e supervisão do nosso Diretor, João Almeida.
No meu caso dou especial importância ao conteúdo do que vou transmitir, assim como a relevância que, penso eu, o mesmo irá ter no ouvinte.

 

Que tipo de programas radiofónicos lhe dão mais gosto fazer? Porquê?

Entrevistas. Porque é ótimo falar com alguém que tem os mesmos gostos, mas que sabe mais e é mais interessante ouvir falar do que eu. Aprendo muito a fazer entrevistas.
 

Sendo a Antena 2 uma estação de rádio dedicada à música clássica, isso pode trazer algum tipo de dificuldade no mundo na rádio? Qual?

 Seguramente que sim… A principal, na minha opinião, são as audiências, que são muito baixas comparativamente com outras rádios. Temos um público fiel e participativo e isso é muito bom! Mas sendo uma Rádio pública estamos sempre sujeitos à relação esquizofrénica audiências/serviço público.
Outro problema é as ditas “novas plataformas”. Produzir conteúdos para a internet, por exemplo, é bastante complicado ao nível dos direitos de autor e propriedade intelectual, pois, e mais uma vez, é a minha opinião, não temos uma legislação bem definida.

 

Hoje em dia, com a música maioritariamente comercial a passar nas rádios, a música clássica ainda tem o espaço e o poder que tinha antes?

Não sei… Não sei se coloco a questão nesse prisma. Sei que Antena 2 oferece aquilo que mais nenhuma rádio oferece, assim como a RTP 2 oferece aquilo que mais nenhum canal de televisão oferece.
Sei, igualmente, que temos muitas escolas de música em Portugal, cheias de alunos.
Sei que temos muitos músicos profissionais a trabalhar nas melhores orquestras do país e no estrangeiro. Sei que temos profissionais com carreira internacional, por exemplo Maria João Pires ou Artur Pizarro.
Sei que as salas de concerto estão cheias ou bastante compostas, desde o Teatro Nacional de São Carlos ou Fundação Gulbenkian, ou Centro Cultural de Belém, isto em Lisboa, até à Casa da Música ou Coliseu do Porto, ou Teatro Circo em Braga, para mencionar algumas.
Portanto, há público. Se há público é porque a música clássica tem espaço e de certa maneira, poder.     

Joana de Bastos

“Quem vai a um país como a Guiné-Bissau, nunca mais volta igual!”
Foi há quatro anos que, Bárbara Matos Coelho, 27 anos, vivenciou aquela que foi a maior experiência da sua vida. Natural da Moita, do distrito de Aveiro, e licenciada em Gestão de Empresas, no ramo das Relações Humanas, a jovem realizou uma missão de voluntariado durante um período de três meses e uma semana, num país africano, nomeadamente, na Guiné-Bissau.

Depois de acabares o curso e de já estares a trabalhar numa empresa de telecomunicações, ingressas-te numa missão pela Guiné–Bissau. Fazer voluntariado sempre fez parte dos teus planos ou foi algo que surgiu no momento?

O voluntariado sempre foi um tema que me despertou interesse, desde que ingressei na universidade, aproveitando o facto de estar numa cidade maior com mais ofertas neste âmbito, e desde cedo comecei por procurar algo extra para partilhar um pouco do meu tempo. Comecei por fazer acções de voluntariado no hospital da universidade, depois fiz parte da AMI, realizando acções de formação a grupos de risco e passei ainda pela Associação Integrar na vertente de equipa de rua onde fiquei a conhecer "o lado escuro da noite de Coimbra".

 

Como ficaste a saber do projeto “This time for Guiné”, projeto esse que te levou a realizar esta experiência de voluntariado na Guiné?

É curioso que na altura em que o "This time for Guiné" aparece, eu encontro-me a trabalhar, a ganhar o meu salário, sem grandes preocupações e confortável (talvez demais!). Fazia eu um scroll pelo Facebook, quando me deparei com uma publicação da página de uma qualquer associação (não me recordo qual) de um projecto co-financiado pela UE na Guiné Bissau. Não sei bem porquê mas achei que era a hora! 

 

Fala-nos um pouco do que foi viver esta missão e qual o papel que dempenhavas na comunidade onde estavas inserida.

O projecto tinha por base a transmissão de ensinamentos, que para nós são comuns e de fácil acesso e para os guineenses não. Assentou em pilares como o ensino da língua portuguesa a adultos, conhecimentos base de tecnologias de informação e comunicação, ensino de inglês e francês  nível 1, formações no âmbito do empreendedorismo e cuidados base de saúde. Como os cinco voluntários que participaram eram de áreas tão distintas (sociologia, biologia, gestão, história e relações internacionais), houve a hipótese de criar um conjunto abrangente de temas a desenvolver de acordo com as necessidades locais visto que iamos trabalhar com uma associação já implementada e com actividades em Bissau. O papel que desempenhei com mais gozo e que me deu imensa satisfação foi o de ver a evolução na oralidade e escrita dos adultos com quem trabalhei que tinham sede de saber mais todos os dias e que se aplicavam e davam o seu máximo em todas as sessões. Felizmente conseguimos chegar a um grande número de pessoas pois vivíamos num bairro em que a taxa de analfabetismo era esmagadora e creio que deixamos lá um grande contributo nesta área que se continua a reproduzir. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Preparaste-te para esta experiência de alguma forma, ou foste “à descoberta”?

Preparar talvez não seja a palavra certa! Eu achava que queria ser surpreendida e não queria perder muito tempo a pensar nisso. Além do mais, o período que decorreu entre a minha selecção e a partida foi relativamente curto o que contribuiu para o controlado estado de ansiedade. Tive que ter os cuidados inerentes a uma viagem para um país subdesenvolvido em África como é normal e tive ainda uma formação em Lisboa na associação organizadora para definir alguns pontos da viagem e do trabalho a realizar. 

 

O que mais te marcou neste projeto ?

Quem vai a um país como a Guiné-Bissau, nunca mais volta igual! É indescritível o que lá se vive e refiro-me tanto a coisas boas como às piores coisas que seja possível imaginar. Marcou-me a boa vontade dos que nos acolheram nos seus bairros como se fossem nossos, os olhares curiosos das crianças que adoravam tocar-nos porque éramos "Brancos", o cheiro da terra molhada quando chovia mesmo estando a temperatura abrasiva, o dialecto riquíssimo daquele povo e a sua expressão, as mães que todos os dias passavam por nós carregando os bebés às costas para irem trabalhar e nos acenavam efusivamente... Tanta coisa…

 

Todos temos uma noção do que se passa em países como a Guiné-Bissau, mas só quem vive essa realidade é que realmente sabe, é verdade?

Nós sabemos o que os meios de comunicação nos passam, com especial realce para a parte negativa! É verdade que há muita miséria, muita gente pobre, a morrer à fome, doente sem meios monetários para poder sequer comer mais do que um prato de arroz por dia, mas aquele país é muito mais que isso! Tem lugares lindíssimos, uma cultura exótica, gastronomia incomparável, hospitalidade e uma entreajuda inabalável. 

 

Alguma vez sentis-te receio de algo? Na Guiné, ou até mesmo antes de viajares?

" A única coisa que existe entre o homem e o sonho, é o medo de arriscar ". Tive medo de me arrepender de nunca ter arriscado e ir! Tive medo de ficar doente e não ter um sistema de saúde para me tratar; tive medo de não ter a segurança que Portugal nos dá, quando não pude regressar a casa e sem qualquer tipo de comunicações depois de uma visita ao centro de Bissau onde as ruas ficaram todas bloqueadas com soldados armados com artilharia pesada pronta a disparar; tive medo de um dia não poder partilhar o que vivi com quem gosto!

 

 

         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Durante a experiência, surgiram contratempos, como o facto  de  terem que regressar mais cedo. O que aconteceu?

Todas as viagens têm contratempos e esta não foi excepção, Desde cedo percebemos que não ia ser fácil levar o projecto até ao fim, visto o dinheiro disponibilizado pela associação portuguesa não estar a chegar na sua totalidade ao destino (sim, nestes projectos também existem pessoas menos sérias) e nós, enquanto voluntários, passamos algumas dificuldades, inicialmente financeiras e de logística, pois ao fim do primeiro mês deixámos de ter um orientador de projecto local e tivemos de nos organizar sozinhos dentro dos contactos já estabelecidos, e por fim de saúde, visto termos sido infectados com o paludismo e para um dos voluntários a situação tornou-se um pouco mais séria fazendo-nos tomar essa difícil decisão de voltar antes do previsto, a oito de dezembro. 

 

 

Que recordações te deixou o voluntariado?

Acima de tudo esta experiência  deixou-me uma enorme vontade de voltar! E de partilhar mais e mais a magia que um povo que tem tão pouco e nos dá tanto.

 

Porque é que é tão importante vivenciar algo assim?

 Cada um de nós tem os seus próprios objectivos e sonhos mas o voluntariado devia ser "obrigatório" ainda mais na altura tecnológica em que vivemos onde as relações humanas são cada vez mais desvalorizadas! É importante fazer algo diferente, algo pelo próximo sem expectativa de recompensa. Torna-nos seres melhores, mais felizes, capazes e conscientes. 

 

Há cada vez mais jovens a largar tudo para participarem em missões de voluntariado. Na tua opinião, porque é que isto acontece?

Acontece precisamente porque muitos de nós temos a vontade de fazer algo diferente, de sair da nossa zona de conforto, de explorar outras realidades outras culturas e acima de tudo cada vez há menos medo de arriscar! A globalização assim o permite e cabe a cada um agarrar a oportunidade. 

 

Voltarias a repetir?

Onde está o bilhete de avião ?! (risos) 

 

Muito obrigada pelo teu testemunho e pela partilha desta experiência!

Obrigada por me" teres levado neste remember "!

Sofia Vieira

Turma de planeamento estratégico-Gabu
Sala de formação em Gabu
Branca Pélélé-nome por que era tratada
Ritual Balanta
Entrevista a Ticiana Xavier
Ticiana Ferreira Xavier, 31 anos, natural de Locarno-Suíça, é de Lamego mas vive na Amadora. Frequentou o curso de Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra e, atualmente, é repórter no programa da manhã da TVI, Você na TV.

Quando surgiu o gosto pela área da comunicação?

Sempre fui muito curiosa por natureza e também muito ligada ao português, o meu avô dizia que eu era um gravador porque registava os erros de toda a gente. Segui a área de letras. No entanto, nunca ambicionei ser jornalista. Na altura de preencher a ficha para o ensino superior, não sabia o que queria ser. Foi um tiro à sorte para uma área que não tivesse muito desemprego. Azar, calhou-me uma que tinha!

Estudaste na ESEC há cerca de 10 anos. Quais foram os critérios que te fizeram optar por essa escola?

Depois de definido o curso, facilmente escolhi a faculdade. Optei em primeiro lugar pela ESEC porque sabia que, sendo Politécnico, haveria menos teoria do que na Universidade. Depois Coimbra sempre foi uma referência a nível de ensino superior. Apesar de ter ido para longe de casa, não me arrependo de ter escolhido Coimbra e a ESEC.

Que mais valias te trouxe o curso de Comunicação Social?

O curso de Comunicação Social da ESEC deve ser dos mais práticos no que toca a esta área. Eu terminei o curso antes de existir Bolonha, portanto foram quatro anos de Licenciatura. Não tive de optar por nenhuma área, o que foi excelente para ter uma noção mais real do que era televisão, rádio, imprensa. Tive aulas práticas em todas as áreas, por isso quando acabei o curso não trazia apenas teoria. Acho que esta foi a mais valia principal, poder experienciar os vários ramos da profissão. Não posso deixar de referir a Língua Portuguesa, que foi bastante aprimorada durante a Licenciatura graças a algumas cadeiras. Isso para mim é essencial, não encontro justificação para um jornalista assassinar a nossa língua. É o mesmo que um médico ir operar mas ter um problema na mão que segura o bisturi.

Concluído o curso, chega a altura de encontrar trabalho na área. Achas que a comunicação social é uma área de difícil acesso? Sentiste dificuldade em arranjar emprego?

Sim e sim. Nesta área é preciso ter duas coisas: sentido de oportunidade e alguém que te possa referenciar. Se fores muito boa mas não estiverem a contratar, vais embora. Se fores média mas estiverem a precisar de alguém no momento, podes ser contratada. Eu estagiei na ESEC TV e adorei o estágio porque aprendi imenso. Mas sabia à partida que não teria lugar na equipa no final do estágio. São poucos e não há dinheiro para expandir o número de trabalhadores. Portanto, quando acabei o estágio estive meio ano sem emprego na área. Depois surgiu a oportunidade de integrar o Você na TV durante um mês graças a uma colega que estava lá e me recomendou.

 

Como foi o teu percurso, até agora, na área?

Foi muito duro conseguir esta oportunidade de integrar o Você na TV. Eu fui referenciada por uma colega que trabalhava lá para ser reforço no mês de dezembro, em 2008. Depois disso, chamavam-me para fazer reforço de férias, para fazer licenças de maternidade, e para os programas especiais em que precisavam de uma ajuda externa. Cheguei a integrar a equipa de produção da primeira Casa dos Segredos. Durante os períodos em que não estava em Lisboa, trabalhava no que conseguisse arranjar. Trabalhei num call center e num restaurante. E sempre que me chamavam da TVI despedia-me. Não foi fácil, mas sempre fui persistente e achei que valia a pena não fechar as portas à TVI. Em fevereiro de 2011, a Júlia Pinheiro mudou-se para a SIC e levou metade da equipa do Você na TV com ela. Fui chamada para finalmente ter um contrato, tanto tempo depois.

Neste momento, podemos ver-te na Crónica Criminal, do programa Você na TV. Dedicas-te apenas a este projeto?

Neste momento dedico-me apenas ao Você na TV, sim. Já tive um part-time, mas não é fácil conciliar com um trabalho que exige que estejamos disponíveis quase 24 horas por dia, se surgir alguma necessidade. Quando comecei no programa fazia conteúdos variados, reportagem, edição de reportagem, diretos. A crónica criminal surgiu por mero acaso, a medo, por uma necessidade editorial. Achei que iria odiar. Mas afinal descobri uma área em que gosto mesmo muito de trabalhar. Atualmente dedico-me especialmente à crónica criminal, mas também faço outros temas para o programa que nada têm a ver com crime.

 

Qual/quais as situações que mais te marcaram e custaram fazer na Crónica Criminal?

Não gosto de abordar familiares de pessoas que acabaram de morrer. Custa-me, e é difícil para mim saber onde está a barreira das condições de serenidade das pessoas envolvidas de que fala o Código Deontológico. Quanto à situação que mais me marcou, foi sem dúvida relatar a história de uma bebé de 4 meses que foi morta com água a ferver numa banheira. O “pai” deu banho à menina numa banheira com água a ferver. Depois de ter 50% do corpo queimado, incluindo partes da pele a boiar na banheira, a bebé foi deixada a chorar embrulhada num lençol. Quando já estava fria, foi “lavada” com vinho tinto e sal. Depois de 9 horas de agonia a pequena Leonor morreu. Foi em 2014, mas continua a fazer-me muita confusão imaginar o cenário. Antes dos diretos leio as notícias várias vezes, mas neste caso concreto não consegui, li apenas uma vez.

Há alguma vertente da comunicação social que te cative mais do que estar em frente à câmera?

Ressalvando o facto de não ter experimentado todas as áreas, a resposta é não. Gosto muito de fazer diretos, de procurar as pessoas para saber mais sobre os casos, e depois transmitir o que consegui saber. É onde me sinto como peixe na água.

Que conselhos dás a um aspirante a jornalista?

Vê muitas reportagens, muitos diretos. Vê quem faz e como faz. Procura saber um pouco de cada coisa para estares confortável com qualquer trabalho. E tem muita paciência, porque a oportunidade pode surgir a qualquer momento!

Catarina Santos

A língua enquanto arte

 

 

 

Sentado, parecia escutar algo. Sentia a música como se a pudesse ouvir. Balançava o corpo enquanto sentia as vibrações, observando atentamente o espetáculo.

 

Emanuel Santos nasceu em Cabo Verde e nessa altura não sabia língua gestual, sendo que a sua comunicação com a família ouvinte era feita em código gestual (home signs) e em crioulo. Veio para Portugal com seis anos e foi quando começou a aprender língua gestual em Setúbal. Apesar da idade, ingressou na pré-primária onde a língua gestual era introduzida em atividades do dia a dia, tendo obtido um rápido desenvolvimento por ser a sua língua natural. Sempre foi uma pessoa autónoma, vive bem em sociedade e com ele próprio, não se sentindo mal com o facto de ser surdo. No que toca aos serviços públicos encontra algumas dificuldades de comunicação, tendo de recorrer a um intérprete. Para Emanuel, o curso de Língua Gestual Portuguesa (LGP), na Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) está a ser uma mais valia, pois o seu sonho é aprender, ter mais conhecimento da língua e fazer um mestrado na área. “No futuro eu quero voltar ao meu país e dar àquelas crianças surdas que lá estão a educação que eu nunca tive na minha altura”, acrescenta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                    O aluno Emanuel Santos na sua interpretação

 

 

O espetáculo continua e a felicidade de um homem que nunca ouviu desperta a atenção. A surdez nunca foi um entrave.

 

Amílcar Furtado, professor de LGP na ESEC, começou a aprender língua gestual com dois anos, o que não foi difícil tendo em conta que para ele foi como que uma aquisição da sua língua natural. Apesar de ser o único surdo na família, cresceu feliz e considera-se uma pessoa realizada. Nunca se sentiu deslocado porque o seu convívio diário é maioritariamente com pessoas surdas ou com pessoas que sabem língua gestual. A comunicação no dia a dia torna-se mais difícil porque quando tem de ter uma interação com uma pessoa ouvinte é forçado a oralizar, a comunicar por escrito ou a levar um intérprete consigo. Relativamente às barreiras dentro dos serviços públicos, Amílcar diz “seria maravilhoso que a comunicação se pudesse estabelecer na minha língua”, acrescentando “tal como as pessoas aprendem a falar inglês, alemão e outras línguas, porque é que não aprendem língua gestual? Era tão importante”.

 

 

 

Há 20 anos que se comemora no dia 15 de novembro o dia da Língua Gestual Portuguesa. Neste seguimento, e como forma de assinalar este dia, os alunos de 2º e 3º ano do curso de LGP interpretaram músicas, criaram teatros e poemas.

 

 A realização do evento torna-se importante na medida em que os alunos podem ter “consciência de que trabalhar e preparar um espetáculo em língua gestual exige muito trabalho, muito cuidado e requer uma preocupação não correspondente à língua portuguesa”, afirma Neuza Santana, professora e organizadora do evento. Os espetáculos têm de ser pensados ao contrário, para se conseguir traduzir os conceitos de maneira a que estes sejam transmitidos da forma mais correta. Não pode ser pensado numa estrutura tradicional e fechada, mas sim através da vertente artística, porque “a harmonia visual é muito mais importante do que um gesto para cada palavra”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                           Professora Neuza Santana a comunicar

 

 

 

De um lado, som, do outro, silêncio. E a comunicação acontece…

 

Dentro da instituição a comunicação visual tornou-se algo natural, o que faz com que quem seja surdo se sinta integrado. O professor Amílcar Furtado afirma: “aqui na ESEC é um mundo maravilhoso, porque as pessoas sabem língua gestual. Eu aqui sinto-me bem, e comunico com pessoas ouvintes aqui na escola através da língua gestual”. O aluno Emanuel Santos partilha da mesma opinião: “Aqui na ESEC eu não sinto barreiras nenhumas, tenho intérpretes que me podem interpretar, comunico com pessoas ouvintes através da língua gestual, ou se precisar de alguma coisa comunico através do telemóvel”.

 

 

 

De acordo com a Associação Portuguesa de surdos, existem cerca de 30 mil surdos falantes de língua gestual portuguesa, maioritariamente surdos severos e profundos, e cerca de 120 mil pessoas com algum grau de perda auditiva.

 

O curso de LGP para alguns alunos está presente desde sempre. Hugo Alves conta a sua história e partilha a sua experiência enquanto filho de pais surdos. As bases da comunicação em língua gestual já estavam presentes na sua vida, mas não eram o suficiente para ser intérprete. No entanto, apesar de ser ouvinte, o contacto diário com a comunidade surda fá-lo afirmar: “sinto-me na minha língua porque é a minha primeira língua. É outro mundo”.

Em relação às barreiras do dia a dia, o que o preocupa é a dificuldade que os seus pais sentem nos serviços públicos, principalmente, porque as pessoas não sabem língua gestual. Sente que já não existe tanta discriminação e preconceito como há alguns anos atrás devido a uma maior divulgação da língua proporcionada pelos media: “o facto de aumentarem o quadrado do intérprete nos media, num programa qualquer, já é um grande ganho para a comunidade surda”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                O aluno Hugo Alves (no meio) numa interpretação

 

 

 

Entre os dois mundos existe uma ponte de ligação: a interpretação.

 

Rafaela Silva, intérprete, dá também o seu testemunho, afirmando “é bom fazer parte deste mundo, porque se lida com pessoas diferentes e acima de tudo com a diferença. Acho que ficamos pessoas com mentes mais abertas”. Existem dias que são gratificantes porque sente que realmente serviu como ponte de comunicação e que o seu trabalho foi útil e produtivo, embora outros dias seja angustiante porque também se envolve na comunidade e acaba por lutar com eles pelos seus direitos. “Às vezes é frustrante perceber que a nossa sociedade ainda é tão discriminatória em relação às pessoas surdas”.

Como intérprete já passou por muitos momentos que a marcaram, desde o lado negativo que passou por ter de cancelar um casamento a um surdo, até ao positivo onde acompanhou um parto de uma amiga surda. Apesar de ser contactada por entidades para fazer trabalhos de interpretação, considera que ser intérprete ainda não é reconhecido como profissão: “as pessoas acham que basta chegar e fazer uns abanicos com as mãos e já está. Muitas pessoas não entendem o porquê de ser necessária uma licenciatura”.

 

 

 

 

O que não é dito por palavras, mas é expresso pelo corpo.

 

A diferença entre a comunicação oral e gestual passa apenas pela forma de expressão: uma é sonorizada enquanto que a outra é visual, produzida no espaço e vista através dos olhos. A língua gestual “tem todas as características que têm as outras línguas só que fala-se com as mãos e com o corpo”, conclui Rafaela Silva.

(Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

Ana Mamede

Maria Valverde

Teresa Ramos

            Comunicação Social, 2º Ano

Mercado Municipal D. Pedro V - Unknown Artist
00:0000:00

Catarina Pinto

Ana Luísa Maciel

Beatriz Céu

Diogo Pereira

Jorge Brito

Black Friday

Conhecido por ser o dia em que as compras natalícias são inauguradas, a Black Friday é um dia que atrai grandes multidões aos centros comerciais, uma vez que a grande maioria das lojas apresenta promoções.

Tal como o próprio nome indica, a Black Friday teve início nos Estados Unidos, no início dos anos 90, porém tem vindo a estender-se por todo o mundo, incentivando ao consumo através de uma ideia de “poupança” para os consumidores.

O dia 24 de Novembro de 2017 foi marcado pela correria aos grandes centros comerciais por uma enorme multidão, em busca dos aclamados preços baixos que advêm deste tão esperado dia da “Black Friday”. Embora o nome se refira apenas a sexta-feira, muitas marcas e lojas estendem as suas promoções durante todo o fim-de-semana, e há ainda quem faça uma “Black Week”.

Os diversos centros comerciais pelo país fora encontravam-se com uma grande enchente de pessoas e as montras das lojas “exclamavam” as promoções que as marcas tinham para oferecer.

Numa grande superfície comercial de Aveiro, Vanessa Marcelo, funcionária em part-time de uma loja de roupa do respetivo centro comercial, cumpria horário das duas da tarde até à meia-noite desse mesmo dia, trabalhando assim durante uma carga horária mais extensa do que o normal.

Vanessa afirma que trabalhar nestes dias “é uma confusão!”, pois “as pessoas aproveitam para fazer já as compras de natal”, mas alega que os dias seguintes à “Black Friday” são mais “fraquitos” e contam com menos fluxo de pessoas. A loja em questão  estava a fazer promoções até 50%, sendo que na compra de uma peça tinha 20% de desconto, na compra de duas tinha 30% e na compra de três ou mais tinha 50% de desconto.

 

Numa outra loja de roupa encontrámos a Adriana Marinho, de 23 anos, funcionária em full-time. Aproveitando a hora mais calma do dia, segundo a mesma, foi possível obter mais detalhes acerca da logística da loja em relação à “Black Friday”.

No que diz respeito à preparação, os funcionários da loja reúnem-se de forma a organizarem-se “ao nível da gestão, da orientação, das alterações nos preços, entre outros…” e afirma que essa organização é extremamente importante para receber um fluxo tão grande de clientes. Adriana alega que trabalhar nos dias da “Black Friday” “é muita agitação, há maior número de vendas e maior fluxo de pessoas”.

No entanto, a mesma assume que compensa trabalhar nestes dias apesar do aumento da carga horária dos funcionários, considerando que foi feita uma boa preparação por parte da loja no sentido de tudo correr bem. O que os clientes mais procuram, segundo Adriana, são as promoções que estão a 50% ou mais, sendo que “muitos chegam e perguntam se todos os artigos da loja estão a 50% de desconto ou se são apenas alguns.”

Em relação aos dias seguintes à “Black Friday”, Adriana afirma que o fluxo de pessoas diminui, embora continuem a ter muito trabalho relacionado com “a nova estrutura da loja, as chamadas alterações layout, e com a etiquetagem”.

 

 Numa outra superfície comercial, desta vez em Coimbra, Denise Gomes, uma jovem de 34 anos, trabalha em part-time numa loja de roupa do centro comercial em questão, fazendo principalmente o horário noturno. Denise afirma que não existe nenhuma preparação em específico para o decorrer deste dia, porém “a equipa trabalha toda com um acréscimo de até dez horas”, recebendo o pagamento pelas horas extra e comissões consoante as vendas que, neste dia, são bastante elevadas.

Os dias posteriores à “Black Friday” são “caóticos”, diz-nos Denise, pois são “feitas bastantes devoluções (…) uma vez que muitas pessoas não experimentam a roupa”, para além de que, como acima referido, muitas lojas aderem à ideia de um “black weekend”, o que chama imensa gente aos shoppings.

 

Como a “Black Friday” é dirigido aos consumidores, abordámos alguns clientes que frequentavam ambos os centros comerciais em questão durante o dia de 24 de Novembro.

Encontrámos Teresa Silva, uma consumidora de 63 anos, que se encontrava às compras com o marido. Afirmou que “oportunidades como “Black Friday” são excelentes para começar as compras de natal” uma vez que os preços são mais acessíveis. Porém, mostrou um enorme desagrado pela enorme confusão com que se deparou, reforçando que “era muito complicado fazer compras” nesse dia.

Mais tarde, falámos com Agostinho Ribeiro, um senhor de 52 anos que afirmava que a “Black Friday é um esquema organizado para manipular os consumidores”, e que apenas tinha comparecido a esta festividade para acompanhar a sua esposa e filha. Encontrava-se saturado graças à enorme quantidade de gente que passeava pelo fórum.

 

Como anteriormente foi referido, a Black Friday começou por ser realizada nos Estados Unidos da América, e cingia-se apenas a um só dia. No entanto, atualmente, as lojas e marcas estendem esse dia e optam por fazer um Black Weekend ou mesmo uma Black Week. Consideramos que este dia deve ser visto como uma oportunidade de comprar uma peça que apreciamos há algum tempo e que está a metade do preço. Contudo, é evidente que a grande maioria da população desloca-se aos grandes centros comerciais para fazer compras apenas porque são promoções, sem olhar à necessidade de efetivamente obter certos artigos. Por conseguinte, acompanhar todo o processo deste dia, bem como as opiniões de quem se encontrava nas grandes superfícies comerciais, permite concluir que este dia promove, sem dúvida alguma, o consumismo – hábito ou ação de consumir muito, geralmente sem necessidade – através da divulgação e estímulo de consumo de vários artigos das mais variadas lojas, muitas vezes alegando promoções e descontos quando, em alguns casos, nem houve alteração dos preços. As redes sociais, particularmente, foram fonte de informação de casos como esses, e foi evidente a insatisfação e indignação de muitos consumidores perante os falsos descontos com que se deparavam em fotos e vídeos amadores que comprovavam isso mesmo. Ainda assim, as lojas foram ocupadas por uma enchente de pessoas durante os dias da “Black Friday”, muitas já com a intenção de aproveitar os descontos para fazer compras de natal.

Beatriz Céu

Catarina Pinto

Ana Luísa Maciel

Jorge Brito

Diogo Pereira

Vídeo-árbitro, a sensação do campeonato português

Já não é de agora que existem vários rumores relativamente à verdade desportiva em Portugal. O questionamento acerca do papel do vídeo-árbitro é constante e alertante. Afinal, o VAR veio em boa altura?

 

Esta nova principal atração do campeonato português acompanha-nos nas redes sociais ou em muitas conversas entre amigos, e percebe-se assim que esta realidade é tema de muitos debates e polémicas que alimentam a paixão e muitas horas de emissão nas nossas televisões e rádios.

 

O futebol português vinha sendo assombrado por casos de corrupção há muito tempo e decidiu-se felizmente tentar pôr um fim ao assunto aplicando uma nova tecnologia para as arbitragens o Video Assistance Referee (VAR) ou, em português o Vídeo-árbitro. No início, tinha algumas hesitações e tenho a certeza que muitos também as tiveram. Julgava que poderia tirar um dos elementos fundamentais do futebol, sobretudo das suas discussões: o erro do árbitro.

 

Com uma tomada de decisão clara e concisa, de quem está a ver todos os lances ao pormenor  (ao contrário do árbitro e dos assistentes de linha que decidem em milésimas de segundo) o vídeo-árbitro veio fazer com que muitos pensassem que o jogo perderia intensidade e paixão e, com a certeza mostrada por todos os ângulos e canais televisivos, deixasse então de haver espaço para discussões. Mas algo mais importante sobrepõe-se: a verdade desportiva. E essa vale muito mais que mil palavras, não tem preço e o desporto-rei ganha com isso.

 

A verdade é que ainda não funciona tudo bem, como já se viu erros marcantes a acontecer em vários jogos. Existe uma necessidade de mais transparência na comunicação das decisões e existem muitas coisas que devem ser explicadas para não existir tanta polémica em torno de algo que veio para ficar. Contudo, podemos desde já concluir que o VAR veio retirar um pouco do fardo que os árbitros portugueses vinham suportando já há algum tempo, sobrecaindo agora para apenas um indivíduo que está sentado numa sala a assistir aos lances do jogo. Os erros continuarão a existir pois errar é humano, mas penso que as injustiças no futebol existirão cada vez menos e todos temos a ganhar com isso.

Artigo de opinião por Sérgio Magalhães

Incêndios: a visão dos jornalistas

Estivemos à conversa com Miguel Ângelo Marques e João Bizarro, correspondentes da SIC e da TVI, respectivamente, sobre os incêndios que assolaram o nosso país em 2017. Ficamos a saber a perspetiva dos jornalistas num cenário de catástrofes. “Este ano falou-se muito no apoio psicológico, no entanto, aos jornalistas ninguém vem dar esse apoio”, enfatiza Miguel Ângelo Marques.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cenário devastador. Direitos de autor- Miguel Ângelo Marques

2017 foi um ano marcado pelos incêndios. Foi o pior ano dos últimos dez. Segundo o Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais, de 1 de Janeiro até 31 de Outubro registaram-se 3 653 incêndios florestais. Verificou-se o valor mais elevado de área ardida desde 2007. Calcula-se que arderam 506 mil hectares. Perante um cenário deste tipo, o jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão. Não se deve deixar invadir por emoções, no entanto há cenários em que é mais difícil do que outros.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro. No desenrolar deste aparato, os meios de comunicação social foram para o terreno tornar público os enormes danos, desde destruição de habitações até mortes.

Perante este tipo de situações, um jornalista, tem de confirmar oficialmente se há vítimas mortais e, se sim, quantas exatamente. Ao recordar o célebre incêndio de Pedrogão Grande, Miguel Ângelo Marques, correspondente da SIC em Coimbra, admite ainda que, numa fase inicial da tragédia, tinha conhecimento de algumas vítimas mortais através de relatos fidedignos, porém, optou por não as referir enquanto não houve uma confirmação oficial.

Reforça ainda a ideia de que num cenário de guerra, “por vezes, vai-se para o terreno e pensa-se que se está em segurança, e (…) dentro de minutos o cenário muda e estamos rodeados de fogo por todo o lado.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um rasto de fogo. Direitos de autor - Miguel Ângelo Marques

 

O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas. Se uma pessoa perdeu a família e está em estado de choque, o jornalista não deve tornar público declarações e opiniões, visto que a pessoa não está bem, emocionalmente.

O jornalista Miguel Ângelo Marques esteve presente nos incêndios mais preocupantes e mortais deste fatídico ano, o mesmo confessou que o incêndio de 15 de outubro foi pior que o de Pedrógão, “a forma de progressão deste (incêndio) foi muito maior (…), este foi muito mais extenso e muito mais intenso do que o de Pedrógão, a única diferença é que este matou menos gente”, disse.

“Aquilo que vocês viram na televisão era cerca de 10% do que nós tínhamos à frente dos nossos olhos”, é assim que Miguel Ângelo Marques compara a perceção de um espectador à de um profissional presente no terreno. Engolir a seco, tentar gerir a emoção e perceber que há um trabalho a fazer são alguns dos passos cruciais referidos pelo jornalista.

O correspondente da SIC conta ainda “muitas vezes tirei o microfone, deixei-o de lado, à semelhança de outros colegas, ajudei a apagar um fogo, a amparar uma pessoa e muitas outras coisas que não se inserem na carteira profissional.”

João Bizarro, correspondente da TVI, também na região centro, garante que nestas situações de catástrofe é necessário “intuição, no seu estado mais puro; frieza e análise, são coisas que estão sempre presentes.”

O relato à frente das chamas! Direitos de autor - Miguel Ângelo Marques

 

João Bizarro refere ainda que “O meu trabalho é transmitir a outros o que se passa aqui, comunicar; logo como posso fazer para cumprir isso da melhor forma possível? (…) Há um trabalho para fazer, pequeno ou grande, mais ou menos importante no contexto geral, então é para fazer o melhor que sabemos.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando se percebe a extensão do problema. Direitos de autor - Nuno Ferreira

 

O correspondente da TVI confessa ainda que nunca se deve perder o sentido da história, e das pessoas. “A grande diferença em relação a outras situações de acidente é que, neste particular, ele está a acontecer. Não aconteceu. Conjuga-se sobretudo o presente e o dia-a-dia é de permanente atenção, sobreaviso, consciente de cada momento pode ser "o momento””.

Perante este tipo de catástrofe, o jornalista é uma pessoa de carne e osso, e precisa de apoio de cariz psicológico, contudo, maioritariamente, ninguém se lembra. No decorrer do discurso de Miguel Ângelo Marques, esclarece-nos essa questão: “É complicado lidar com situações como as dos incêndios florestais. Este ano falou-se muito no apoio psicológico, no entanto, aos jornalistas ninguém vem dar esse apoio.”

Abílio Ribeiro

Ana Sofia Rodrigues

Andreia Henriques

Carolina Duarte

Francisco Lucas

Miguel Simões

Será o céu o limite?

Eva Aguiar conta a sua experiência naquela que é a maior aventura da sua vida. Como piloto comercial de linha aérea, fala sobre o seu percurso e as expetativas para o futuro.

(Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

Ana Mamede

Maria Valverde

Teresa Ramos

             Comunicação Social, 2º Ano

Jornalista de mochila às costas

Maria Gonçalves, 23 anos, é licenciada em jornalismo pela Universidade de Kingston, Londres, e não esconde a sua paixão por viajar. O seu grande objetivo de vida é poder conciliar trabalho com viagens: “sei que o meu futuro vai ser a saltitar de um lado para o outro, porque eu não consigo estar num sítio muito tempo”.

(Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

Maria Valverde

            Comunicação Social, 2º Ano

A sabedoria da idade

 

O meu avô é: Um voo de motivação, uma viagem de esforço e um ganho de aprendizagens. Uma entrevista de uma vida marcada pela experiência da guerra, da emigração e da política.

 

 

Cresces-te, estudas-te, casas-te aqui na freguesia da Urra, por isso estás aqui desde que te lembras. Como é que foi a tua vida de estudante?

Não fui além do 4º ano, frequentei ainda (na altura) a escola industrial e comercial, mas não fui além do 1º ano. Depois desisti e fui para mecânica.

 

Começas-te a trabalhar com que idade?

Comecei a trabalhar com 12 anos, mais ou menos, como aprendiz de mecânica e aos 17 anos fui para o serviço militar, ingressei na força aérea.

 

Ingressas-te no serviço militar por escolha ou porque foste obrigado?

Foi por escolha própria.

O que é que te despertou a curiosidade na área?

Despertou-me a curiosidade de saber o que é que era a vida militar. Quando pensei em entrar nas forças armadas, surgiu-me logo a ideia de ir para a força aérea. Ingressei na força aérea com 17 anos e posteriormente transferi-me para os paraquedistas. Depois disso fui para o ultramar em Angola, onde estive 27 meses.

 

Foi seleção ou voluntariado?

Foi voluntariado, desde que ingressei nas forças armadas foi sempre voluntariado.

 

Não tiveste medo de te propores como voluntário?

Quando ingressei nas forças armadas, em 1960, ainda não existia guerra nas ex-províncias. A guerra em Angola começou em 1961 e nesse mesmo ano ingressei nos paraquedistas. Após tirar o curso foi pedido um pelotão voluntário para Angola no qual fui incluído.

Na altura que foste já sabias que estava a decorrer uma guerra?

Já sabia.

 

O que é que pensaste?

Nada. Tinha apenas 17 anos, nada me metia medo. Estava na força da idade. Mesmo que não fosse voluntário tinha a certeza que 4 ou 5 meses depois ia ser obrigado a ir. Então acabei por ir o mais cedo possível.

 

Na altura ainda era obrigatório o serviço militar?

Era obrigatório. Mas de qualquer das maneiras no meu caso foi sempre voluntário.

 

 

 

 

Uma pausa em momento de guerra

 

 

Qual foi o transporte para Angola?

Foi de avião, no dia 02 de novembro de 1961. Naquele tempo os aviões não eram como são hoje, por isso demorámos 24 horas a chegar e fizemos duas escalas em S.Tomé e Príncipe e Guiné Bissau.

 

Como é que foi a viagem?

Correu tudo bem. Mas estamos a falar dos anos 60 em que a viagem acabou por durar o tempo que durou porque tinha de se fazer abastecimento. Cheguei a Luanda no dia três e três ou quatro dias depois fui para a zona da frente da guerra que existia no norte de Angola, destacaram-me para Maquela do Zombo e S. Salvador do Congo. Depois passei por várias localidades do norte de Angola como Tôto, Úcua e outras povoações.

 

Como é que é ver uma guerra pelos próprios olhos?

É difícil. Hoje repensando o que se passou, é difícil, porque quando vemos camaradas nossos a cair aos nossos pés é muito difícil. Ainda hoje se nota em muitas das pessoas que passaram pelo ultramar que padecem de doenças, normalmente doenças psiquiátricas. Felizmente não é o meu caso, mas pronto…

 

Fica sempre na memória?

Exatamente, fica sempre na memória. Cria-se grandes amizades e grande camaradagem na vida militar. Mas estava de facto num terreno perigoso e quando chegou a uma certa altura via uma grande vontade de regressar à metrópole, Portugal, e deixar o serviço militar.

 

Quando foste para a guerra colonial já estavas com a avó?

Não, eu fui em 1961 e o casamento deu-se depois quando deixei a vida militar em 1964.

 

Mas conheceram-se antes?

Já nos conhecíamos, vivíamos na mesma freguesia, mas ainda não existia um namoro assumido.

 

Durante o período que tiveste na guerra estabeleciam contacto?

Sim, só através de cartas. Na altura não havia outros meios sem ser o correio. E deste contacto nasceu então o namoro assumido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ler uma carta em Angola, no ultramar

 

Quando é que regressaste para a metrópole?

Regressei em janeiro de 1964. Quando voltei de novo à vida de civil depois de vir de Angola, retornei novamente à mecânica automóvel, entretanto no mesmo ano também me casei e dois anos depois, em 1966, emigrei juntamente com a minha esposa para França.

O que é que vos levou a emigrar?

Especialmente a procura de uma vida melhor.

 

Já sabias falar francês?

Não sabia nada de francês, ao princípio tive algumas dificuldades com a língua, para quem tem apenas o 4º ano, a língua fazia-me um pouco de confusão, mas nunca tive medo. Fui para França com contrato de trabalho porque já tinha familiares em França, nomeadamente o meu sogro, foi ele que me fez uma carta de chamada e fui contratado como motorista num lar que era gerido por freiras sem ter carta de condução. Cheguei em junho de 1966 e comecei logo dois meses depois, em agosto, a tirar a minha carta de condução. Depois disso, passei à atividade de motorista como profissão nessa casa de repouso, posteriormente trabalhei na fábrica de automóveis Citroen durante três anos e depois tive ainda quase outros três anos a trabalhar como motorista numa loja de tapetes, tintas e papel de parede, até regressar a Portugal. Dediquei-me com alma e coração a aprender o francês, falava-o, não corretamente mas falava-o e escrevia-o.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na sua casa em França, Paris

 

 

Sentes que foi uma mais valia teres emigrado?

Sim, penso que sim. Antes de emigrar não existia ainda em Portugal a liberdade e acho que adquiri uns certos conhecimentos quando tive emigrado em França do que é a liberdade de expressão- pudermos dizer o que pensamos, sempre dentro do espírito democrático e respeitando as outras pessoas, mas dizer o que se pensa, sendo que na altura isso era impossível em Portugal. Mas após o 25 de abril pensei em regressar, houve a oportunidade de criar o meu próprio posto de trabalho juntamente com a minha esposa e os meus pais na área do comércio alimentar e venda de pão, com um pequeno café e uma mercearia.

 

Voltando em 1974 para Portugal, ano em que foi proclamada a independência, quais foram as maiores diferenças que encontraste no país?

As diferenças ainda eram relativas porque o 25 de abril ainda tinha sido à relativamente pouco tempo.

 

Entretanto ainda com a mercearia inicias-te a tua vida de político?

Sim, tive curiosidade nessa altura. Foi-me pedido para fazer um recenseamento eleitoral (que não existia), aceitei, fiz o primeiro recenseamento eleitoral na área da minha freguesia, neste caso a freguesia da Urra, de onde sou natural. Esse recenseamento foi provisório, mas praticamente quase dois anos depois fez-se então o recenseamento eleitoral definitivo, que existe ainda hoje. Depois fui convidado para encabeçar uma lista à junta de freguesia da Urra, aceitei e ali permaneci quase 30 anos. Ganhei oito atos eleitorais, juntamente com uma equipa que criei, sempre com maiorias absolutas. Ao fim desse tempo a idade também já começava a ser um pouco avançada e pensei em não me recandidatar novamente, dar o lugar a novos, com sangue novo e abandonei então a política nessa altura.

Sentes que fizeste a diferença?

Completamente. Para quem conhecia em 1974 a freguesia da Urra e para quem a conheceu 30 anos depois, tenho plena consciência que fiz a diferença. Não eu sozinho, toda a minha equipa e para além disso como é evidente em colaboração com a Câmara Municipal de Portalegre. As câmaras ainda hoje são as que têm as maiores possibilidades para o desenvolvimento das populações, porque são estas que têm o equipamento humano e financeiro. Na altura não existia pavimentação nas ruas, saneamento básico, esgotos, não havia água nas casas particulares, eletrificação nas ruas e nas casas e ao fim desse tempo todo isso foi feito pelo menos a 95%. Foi tudo feito nesses anos que eu estive à frente da Junta de Freguesia.

 

No centro, ladeado pelo seu secretário (esquerda) e tesoureiro (direita)

 

 

Sais-te com a certeza que fizeste tudo o que podias fazer?

Com certeza que sim. Muitas coisas foram feitas, algumas ficaram por fazer porque também não se consegue fazer tudo. Mas as grandes obras, aquelas que na altura eram as mais necessitadas foram feitas para podermos trabalhar e para dar à freguesia aquilo que ela não tinha até então.

O que é que levas dessa experiência?

Levo uma experiência positiva em que tive, felizmente, o tempo que quis, com vontade do povo da freguesia e saí quando quis.

Passados alguns anos de teres saído como é que é veres uma geração tua no lugar onde tu tiveste?

É com um enorme orgulho e um prazer enorme que ao fim de 12 anos vejo um filho meu como presidente da junta onde eu tive praticamente 30 anos. Pensou em candidatar-se, rodeou-se de uma excelente equipa e com o apoio de uma grande parte das pessoas da freguesia ganhou as eleições com maioria absoluta como eu o fiz durante os 30 anos.

 

Será que a população vê nele um pouco de ti?

Provavelmente. Ainda que algumas pessoas na freguesia pensem que eu poderei ter acrescentado alguma mais valia à candidatura dele, o mérito é todo dele e da equipa que o rodeou. Para mim foi com enorme satisfação, um grande prazer e uma enorme alegria ver o meu filho ocupar o lugar numa das maiores freguesias de Portugal em área. Uma freguesia difícil com três grandes aglomerados (Urra, S. Tiago e Caia) onde é preciso responder à chamada das pessoas. Isso requer muito trabalho, muita dedicação e muita vontade para que se possa corresponder às necessidades de toda a população. É uma freguesia ainda com muitos caminhos em terra batida, com uma população bastante dispersa, o que torna bastante complicado gerir todo esse processo. Mas penso que com trabalho, boa vontade e vontade de servir as pessoas ele levará a sua energia a bom porto.

 

Após teres saído continuas-te com o teu comércio?

Exatamente, quando sai continuei com o meu comércio até 2012 quando, já tinha 69 anos, pensei que já estaria na altura de me reformar e tentar aproveitar o tempo que me resta da melhor maneira possível.

De todas estas experiências o que é que retiras de mais positivo e de mais negativo?

É um pouco difícil responder a isso. Foi tudo feito voluntariamente, quer o serviço militar, a emigração, a minha atividade profissional como comerciante e a minha vida política como presidente da junta. Acho que tive a sorte como militar, no tempo que tive na guerra em Angola, não sofrer qualquer acidente, na emigração tive sempre a sorte de poder escolher e ser aceite no trabalho que eu queria fazer e ao regressar a Portugal, quer no comércio quer na atividade política, também tive a sorte de contar com excelentes clientes e pessoas que me apoiavam. Neste sentido posso realçar mais os aspetos positivos do que os negativos.

O que é que aprendeste com tudo?

Aprendi muito em qualquer das áreas em que tive envolvido. Eu saí de casa aos 17 anos para a vida militar, da vida militar praticamente fui logo para França e depois ingressei na política e ao mesmo tempo iniciei-me no comércio. Portanto posso dizer que me tornei independente aos 17 anos. A vida militar ensinou-me muito a ser homem, especialmente na arma que eu escolhi, a força aérea e depois os paraquedistas, principalmente aí. Ainda hoje tenho recordações, gosto imenso quando oiço falar na palavra paraquedista, sinto uma certa emoção ao ouvi-la. Ser paraquedista foi uma honra e um prazer, uma satisfação ter cumprido o meu serviço militar nos paraquedistas. Tinha apenas 17 anos quando tirei o curso e quando tinha acabado de fazer 18 anos embarquei para o ultramar, portanto tudo isso me deu uma grande formação no sentido pessoal e de conhecimento em todas as áreas em que tive envolvido.

Além de tudo o que já foi referido também fui presidente da comissão de festas durante 16 anos, festas em honra da padroeira da minha freguesia, juntamente com um grupo de amigos fui fundador do centro de bem-estar social da freguesia, um infantário, que ainda hoje funciona e bem. Fui presidente dessa instituição durante 14/15 anos. Percorri todo esse caminho e hoje a olhar para trás penso que me realizei como pessoa, como homem e como ser humano.

 

Sentes que fizeste tudo aquilo que querias?

Fiz aquilo que pensei que deveria fazer na altura, mas provavelmente hoje poderia não fazer a mesma coisa. Quando fui para a vida militar pensei em segui-la só que a guerra tirou-me essa ideia, depois emigrei e eu tinha na minha ideia continuar por mais anos como emigrante, não aconteceu, aconteceu a oportunidade de voltar à minha terra e montar o meu próprio negócio. Hoje, passados alguns anos, se calhar alterava um pouco daquilo tudo que se passou. Mas a vida não me tem sido madrasta.

O que é que é preciso na vida?

Na vida é preciso, na minha opinião, ter uma grande vontade e uma força de fazer aquilo que se gosta de fazer, de respeitar as pessoas e dar-se ao respeito a elas, aprender com aqueles que sabem mais que nós (neste caso aqueles que sabem mais que eu) e tentar que tudo se passe, tudo se faça com boa vontade. Tentar fazer uma vida o melhor possível, com trabalho, honestidade e competência, penso que isso são os pilares fundamentais de uma vida como a minha, por exemplo.

 

Como é que descreves a tua vida numa palavra?

A minha vida numa palavra foi com muito sacrifício, muito trabalho, muita paciência e muita dedicação. Com tudo o que me aconteceu, com a minha excelente esposa, com os extraordinários filhos e netos que tive e para aquilo que me propus fazer, penso que cumpri. E hoje sou uma pessoa feliz.

(Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

Teresa Ramos

             Comunicação Social, 2º Ano

"

“Tenho a certeza que irei ser uma referência, referência no desporto e na vida. É isso que eu pretendo, ser admirado e que sintam orgulho no meu percurso.”

André Santos, 20 anos, natural de Anadia. Atleta do Sporting Clube de Portugal, recente vice-campeão do mundo WAKO 2017 e campeão do mundo ISKA PRO 2017.

Antes de mais quero dar-te os parabéns por mais uma conquista que alcançaste recentemente. Como nasceu este gosto pelo kickboxing?

Muito obrigado Mariana! Bem, na verdade não tive muita escolha. Tenho a sorte de ser filho de um grande treinador, dono de uma das maiores escolas de campeões de kickboxing do país. Deste modo, era difícil não iniciar a prática desde muito novo. Iniciei esta vida com apenas dois anos e meio, basicamente quando comecei a dar os primeiros passos, já federado nessa altura e a treinar 2 a 3 vezes por semana. Não posso dizer que era uma paixão, porque nem me lembro bem, mas posso dizer que, nesses tempos, nunca foi "um sacrifício" ter que ir treinar, sempre gostei imenso de o fazer.

E parece que este ano tem sido repleto de vitórias para ti: em janeiro de 2017 recebes o título de Campeão Mundial ISKA Pro em 63,5kg, na passada semana de novembro acabas de ser vice-campeão do mundo num evento da WAKO. Como te sentes perante esta grande vitória?

Tem sido um ano de muitas vitórias. Esta prova é conhecida com a "UEFA champions league" do Kickboxing, estão presentes as melhores seleções, representadas com os melhores atletas do mundo. Estar ali, já é extraordinário. Embora já represente a seleção desde os 15 anos, estando presente neste tipo de campeonatos, este ano foi dos mais difíceis, por ser seniores e por estar diariamente a passar eliminatórias com atletas muito duros. Estavam mais ou menos 20 seleções no meu escalão, todas representadas com o n°1 de cada país, escalão este que é dos mais complicados deste campeonato, devido à força, ritmo e intensidade que é imposta em cada combate. Mas no fundo, para responder mais concretamente à tua pergunta, é sem duvida um sentimento de muita felicidade e concretização. Alcancei o grande objetivo de estar na grande final do mundial, em Budapeste.

Não devem ter sido semanas fáceis, o que foi mais difícil para ti lidar?

Foi uma semana muito complicada, acumulando muitas lesões e estando em constante controle de peso. Penso que eram os dois fatores mais complicados de lidar.

Para além deste, que mais títulos já arrecadaste até agora?

Até aos meus 14 anos, fui 7 vezes campeão regional e nacional e 2/3 vezes campeão da Taça de Portugal. Não me recordo bem, mas todas as vezes que participei, ganhei. A partir dos 15 anos comecei a representar a seleção nacional em juniores nos campeonatos europeus e mundiais. No primeiro ano de seleção arrecadei a medalha de bronze no campeonato do mundo em Bratislava. No último ano que participei em juniores, em 2014 em Itália, cheguei até à final do campeonato do mundo trazendo para Portugal a medalha de prata - isto tudo, na maior federação do mundo de kickboxing (WAKO).  Fora estes campeonatos, sou o detentor de vários títulos: campeão Europeu classe B ISKA, ganhando o combate por KO ao atleta espanhol no 4round; campeão Ibérico WKF, ganhando por KO ao 1round; campeão da taça do mundo WKF realizada em Itália no ano passado, ganhando as duas eliminatórias (Canadá e Itália) por KO ao 1round e campeão do mundo classe A ISKA, com uma vitória por KO ao primeiro round ao atleta Italiano.

Todas estas medalhas que conquistaste têm de certa forma a mesma importância para ti ou há umas mais significantes que outras?

São todas medalhas de grande importância, embora não tenha o mesmo valor e impacto deste último título que ganhei. São medalhas conquistadas nos mundiais da WAKO, mas esta última "prata" tem bastante mais valor devido a estar a representar a seleção no escalão sênior.

Certamente que foi uma batalha dura para conseguires chegar ao pódio como tanto ambicionaste. Que limites tiveste que impor a ti próprio?

Sem dúvida, duríssima, tanto a nível psicológico como físico, mas também se não for assim não funciona. A preparação para o campeonato começou em meados de agosto, conciliando com treinos bi-diários, alimentação muito rigorosa, muito descanso e 0 tolerância a saídas e a tudo o que descontrolasse o meu ritmo diário de treinos/descanso. O que mais custava era, sem duvida, a alimentação, que neste desporto é a grande batalha de todos os lutadores. O meu peso normal é de 70/71kg, mas tive que cortar na alimentação a partir do inicio da preparação pois a minha categoria de combate é entre os 63,5kg e os 65kg.
Falando particularmente da semana do campeonato, foi muito duro mesmo, ninguém imagina. Acordávamos às 5h30/6h para as pesagens, regressávamos ao hotel para tomar o pequeno almoço, íamos para o quarto descansar até as 10h/11h e de seguida íamos para o pavilhão para combater. Todos os dias tínhamos que treinar, tanto para não baixar a forma física como para controlar o peso e não correr o risco de aumentar umas gramas. Eu fiz isto todos os dias, acumulando lesões em todas as eliminatórias e a passar fome/sede todos os dias para controlar o peso. Como fui o único atleta da seleção a chegar aos dias das meias finais e das finais, nos últimos dias era apenas eu a ter este tipo de rotina. Não é que seja mau, porque é sinal que estamos a atingir os nossos objetivos, mas quando somos todos custa menos. Foi uma semana difícil, mas muito boa ao mesmo tempo.

Atleta do Sporting Clube de Portugal, como é fazer parte de um clube com tanto prestigio?

É acima de tudo, um orgulho. Um orgulho por ser um clube tão grande, com tanta história a nível das modalidades, por ser um clube com tanta união e acima de tudo por ser um clube que me dá o destaque e reconhecimento que mereço. É o meu clube, é o clube que sempre defendi desde pequeno e é com grande satisfação que trabalho e conquisto títulos para esta instituição – diz orgulhoso.

Quais foram os maiores desafios que enfrentaste nesta tua carreira amadora?

Já tive combates muito duros, contra atletas muito completos, e cada vez mais, ao nível que me encontro, todos serão assim. Não consigo dizer "o" mais complicado, mas consigo nomear algumas lutas que me fizeram a "vida negra": a primeira, logo no meu primeiro mundial, nas meias finais contra o que era o atual campeão europeu, foi um combate muito duro que acabei por perder por 1 ponto e onde desde então tenho um desvio do septo nasal devido à pancada; em 2015, em Portugal, tive um combate contra um atleta português, atleta esse que vinha de várias vitórias frente a grandes nomes nacionais e internacionais e já esperava que fosse um grande desafio, acabei por ganhar e ainda ter conseguido colocá-lo "no tapete" uma vez; para acabar, tenho que referir o último combate que tive, contra o grande Konovalov, um atleta sérvio, atual campeão do mundo, europeu e campeão dos world games, muito forte e com uma grande percentagem de KO's dados aos adversários, tanto o combate como a semana que o antecedeu e as eliminatórias que passei foram complicadas.

Com apenas 20 anos, houve algum momento na tua vida em que tiveste que fazer uma escolha entre os estudos e o kickboxing?

Vou ser o mais sincero possível. Nunca o fiz, porque acima de tudo estavam os treinos, a escola era o "essencial" para passar. Nunca estudei na minha vida, tirando a altura que tive que estudar para o exame nacional e que até acabei por passar (riso). Sei que não sou um exemplo, mas era o que eu fazia. Neste momento não estudo (já há cerca de dois anos) mas espero daqui a uns anos poder tirar a licenciatura em Ciências de Desporto. É algo que quero desde pequeno, e hei de fazê-lo, mas não para já.

Como é que vês a evolução do kickboxing nos dias de hoje?

Neste momento, os desportos de combate estão a crescer a um nível alucinante, principalmente cá em Portugal. Já se vê muita gente a "perceber do assunto", a gostar de ver e principalmente a seguir e admirar os mais diversos lutadores. É um desporto que tem tudo para crescer e acima de tudo merece um grande reconhecimento por parte de todos. No estrangeiro, desde sempre foi dado muito valor a todos os lutadores e isso vê-se a nível dos "Prise money" que os atletas têm nas grandes ligas de MMA ou de Boxe. Penso que daqui a uns anos, será um dos desportos de referencia cá em Portugal.

Para terminar, sentes-te confiante em relação ao futuro? Que expectativas esperas daqui para a frente?

Muito confiante. Se não tiver alguma lesão que me impeça ou algum problema maior que implique a paragem neste desporto, tenho a certeza que irei ser uma referencia. Referência no desporto e na vida. É isso que eu pretendo, ser admirado e que sintam orgulho no meu percurso e estou focado nisso, trabalho todos os dias para que isso aconteça e não tenho a menor dúvida que acontecerá. Sei perfeitamente que é difícil, mas também sei que apenas depende de mim. Sou um rapaz novo, com muito para aprender e crescer, tanto a nível profissional como pessoal, e para além disso, tenho uma grande equipa por de trás de isto tudo e uma família incrível que me apoia em tudo. Isso é muito importante. 

Mariana Cerveira

 (Ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

Tutorial de Maquilhagem - Look Passagem de Ano

Deixo-vos um look fácil e ideal para uma ocasião festiva de forma a que qualquer pessoa consiga recriar aí em casa e que não seja demasiado intenso, é um look simples com Castanhos Matte e Bege, excelente para começar o novo ano em grande. Espero que gostem!

Inês Freire

Please reload

Um cenário em cinzas que não se esquece

Foi no dia 15 de outubro, um domingo como tantos outros, que Sara Cunha, natural de Oliveira do Hospital se preparava para mais uma viagem com destino a Coimbra, a cidade onde estuda.

Sara, deu o seu testemunho real das vinte e quatro horas que viveu de terror e partilhou ainda o ambiente que agora habita na terra onde reside, uma das mais atingidas pelos incêndios.

Uma viagem com destino angustiante

 A habitante de Oliveira do Hospital, descreveu a viagem onde temeu o pior dos cenários, “Saí de Oliveira e já sabia que havia alguns fogos pelo caminho, mas nunca tive receio. Chegámos à Moita e percebemos que estávamos cercados de fogo e que não podíamos seguir em segurança, decidiu-se então voltar para trás, naquele momento percebemos que Oliveira já estava a arder e que não podíamos voltar, então encaminharam-nos para a estação rodoviária de Tábua onde supostamente íamos permanecer até a situação acalmar.” Depois de longas horas em que todos esperavam uma resposta positiva, foi-lhes transmitido o facto de não existir nenhuma forma que lhes possibilita-se uma viagem de regresso,”percebemos que nada melhorava e só piorava, foi então que os bombeiros nos mandaram para o pavilhão Multiusos de Tábua.”

A situação só se agravava e foi naquele abrigo que se deparou com um verdadeiro cenário de terror, “estava ali( pavilhão Multiusos) e senti que tudo se agravava, o pavilhão estava cheio de animais, pessoas que não tinham reação e outros que não conseguiam parar de gritar e chorar."Foi então que o pior das visões chegou aos olhos de Sara e ela não quis acreditar “percebemos que tudo à nossa volta estava arder, o medo atingiu-me por completo” acrescenta ainda, “foi angustiante, nunca senti nada assim.”

Sara Cunha, 20 anos

Sara Cunha, 20 anos

Oliveira do Hospital - Reduzido a cinzas e a escuridão

 

Oliveira do Hospital estava também rodeada de chamas intensas, enquanto Sara passava a noite longe de casa. Não tinha notícias dos seus familiares desde o momento que seguiu viagem, tudo parecia um incógnita: a sua vida e a vida daqueles que mais gosta. ”Estava ali e sabia que em Oliveira a situação não estava bem, não pensava na casa nem no carro, apenas pensava na minha família e nos meus amigos.”

Todos os meios envolventes presentes, conseguiram evitar que as chamas se aproximassem do pavilhão e depois de passarem a noite naquele abrigo, conseguiram finalmente sair, “por volta das onze da manhã de segunda, fui à boleia com os pais de uma amiga minha que também tinha sido evacuada para o pavilhão de Multiusos.” afirmou.

Parecia tudo mais calmo, mas a preocupação com tudo o que tinha longe não diminuía, desejava chegar e saber que estava tudo minimamente bem. “Cheguei e senti um aperto no coração, não queria acreditar, a cidade que me viu crescer estava toda em cinzas, pessoas queimadas na beira da estrada, outras desorientadas a ver das suas casas, à procura de familiares e animais. Era o caos” descreveu.

Um concelho a renascer

 

Dezenas de desalojados em Oliveira do Hospital depois das suas casas terem sido totalmente destruídas pelas chamas, pessoas feridas e outras que acabaram por morrer naquele terror. Famílias tentam recuperar aos poucos tudo aquilo que perderam. Esta é hoje, uma cidade a renascer das cinzas.

Quando questionada sobre a presente situação, Sara afirma que o processo de recuperação de habitações “é o que está mais demorado”, no entanto acrescenta também que “às pessoas não lhes falta nada, vem ajuda de todo o lado”.

São muitos os apoios que chegam para tentar ajudar na recuperação da cidade, “É uma atitude de louvar, nunca pensámos que houvesse tanta solidariedade de outras cidades e mesmo de outros países. Foi mesmo incrível, algo que nós nunca vamos conseguir agradecer” afirma Sara, emocionada.

Foram inúmeras as campanhas e eventos organizados: recolha de bens materiais e criação de contas solidárias, foram algumas das formas possíveis para angariar fundos. Foram mais de cinquenta incêndios ativos a nível Nacional, e muitas das causas ainda estão por apurar, “em Oliveira já se falou de tudo, de fogo posto e dos ventos fortes que se faziam sentir naquele dia” conta Sara sobre algumas possibilidades já abordadas que possam ter contribuído para este cenário.

Portugal não esquece o dia em que o verde se transformou em cinza, e é certamente uma data que ficará na memória pelos piores motivos.

Fonte: André Gouveia/Global Imagens

Ana Fernandes

(Ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

Núcleos de estudantes optam pela imparcialidade para com a Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra

Quarta-feira, dia 22 de novembro, deu-se por terminado a campanha eleitoral das três listas que disputaram a direcção geral (DG) da Associação Académica de Coimbra (AAC). Eleição essa que terminou quando apurados os resultados e Alexandre Amado, líder da Lista C, foi reeleito como presidente da DG.

Toda a campanha passou por diversos procedimentos e exercícios de persuasão mas sobretudo o apelo ao voto de forma a vencer os quase 80% de abstenção registados nas anteriores eleições. Este ano, embora não tenha sido o valor pretendido, verificou-se uma significativa melhoria tendo sido registada uma percentagem de 60.55% de abstenção por parte dos estudantes da Universidade de Coimbra.
No decorrer desta campanha as listas tentaram obter contactos e parceiros com o objectivo de fortalecer a sua equipa nesta corrida eleitoral. Uma das principais fontes de apoio seriam os Núcleos de estudantes dos diversos cursos e departamentos da UC, uma vez que estes núcleos são os representantes efectivos dos estudantes para com a associação académica e dão a voz ao povo estudantil.

Apesar dessas propostas, uma grande parte dos Núcleos de estudantes optou por manter uma posição neutra no que toca ao apoio das listas que estavam na luta eleitoral para a DG.
Cesário Silva, Dirigente Associativo do Núcleo de Engenharia Informática (NEI/AAC), explica que “os núcleos são grupos de trabalho que após as eleições terão de trabalhar e ajudar a lista vencedora na realização de diversos projectos e actividades”, desta forma o NEI/AAC optou por manter uma posição neutra publicamente “de forma a evitar possíveis conflitos no futuro”.
Cesário conta também que “houve membros do NEI/AAC que tomaram a iniciativa de abandonar a nossa equipa para ingressar numa lista da DG, após ficar acordado que nenhum membro efectivo do NEI deveria apresentar a sua preferência política a nível público”.
Apesar disto, houve membros de núcleos de estudantes que marcaram a sua posição publicamente como são os casos dos Núcleos dos cursos dos representantes das listas: Núcleo de estudantes de Direito e Núcleo de estudantes de Economia apoiaram, respectivamente, Alexandre Amado e Francisco Sarmento numa fase precoce da campanha das listas, contudo “o NEI/AAC optou, mesmo assim, por se manter neutro, uma vez que, o nosso principal objectivo é o bem da AAC e dos estudantes de Coimbra, independentemente do vencedor”.
Quando questionado relativamente ao seu voto, Cesário manteve a sua postura: “cumpri o meu dever enquanto estudante e exerci o meu direito ao voto. Naturalmente que tenho a minha opinião e a minha preferência mas permanecerá pessoal”.

Venceu o projecto da Lista C com 57.98% (maioria absoluta) dos votos que corresponde a 4727 votações, contra os 33.94% (2651 votos) da lista J, e segue para mais um mandato “onde com certeza procurará cumprir com o seu plano, em nome de todos os Estudantes de Coimbra”.
 

Emissão de programa de Rádio: "Sintoniza-te FM"

José Miguel Forte

(Ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

Deixamos na vossa companhia uma pequena emissão da rádio Sintoniza-te FM, de modo a ficarem a par das notícias ocorrentes bem como do trânsito e tempo que fará nos próximos dias. 

Rádio Sintoniza-te FM - Emissão
00:0000:00

Ana Fernandes

Inês Freire

José Miguel Forte

Mariana Cerveira

Sérgio Magalhães

Aveiro: a cidade incomparável

  Aveiro é um distrito do centro do país, com cerca de 55.000 habitantes, dono de paisagens variadas e uma arquitetura característica, entre outros aspetos.
  Esta cidade foi reconhecida como tal em 1759, tendo como seu primeiro nome “Nova Bragança”.
  Questionando alguns cidadãos residentes sobre quais os motivos que os levam a gostar desta cidade, todos explicam que é devido à temperatura amena com pouca discrepância durante o ano, às paisagens que se podem apreciar em vários lugares, aos pontos turísticos e de lazer, à sua gastronomia, às boas condições de vida, entre muitos outros fatores.
  Cristiana Rocha, de 23 anos, afirma que não trocaria a cidade onde vive por nada. “É aqui que tenho toda a minha família, já conheço tudo, já sei onde está tudo. Quando preciso de alguma coisa sei onde posso encontrar”. Quanto ao seu futuro, Cristiana diz que gostaria de continuar a permanecer na cidade, pois explica que “o sítio é acolhedor, sou sempre bem recebida em qualquer lado, e como já tenho emprego aqui, não tenho em mente ter que morar noutro lugar. Até para constituir família Aveiro é uma boa cidade, porque é calma e não acontecem grandes tragédias nem nada que coloque em risco a vidas dos habitantes”.
  Já Jéssica Oliveira partilha a mesma opinião. Com 19 anos, estuda noutra cidade, e diz que “é uma alegria voltar a casa aos fins de semana. É uma sensação inexplicável. É onde me sinto verdadeiramente em casa”. Em relação ao seu futuro, o lugar onde se sente em casa não é uma das suas opções: “quando acabar a universidade, gostava de ir viver e trabalhar para outro lado. Talvez por não encontrar aqui as oportunidades e as escolhas certas para mim, para o que eu realmente quero para o meu futuro, por isso gostava de ir trabalhar para Lisboa ou para o Porto, ou então para fora do país, onde há mais variedade de escolhas. A minha casa vai ser sempre a minha casa, vou sempre adorar voltar cá e sei que vou ser sempre acolhida e tenho aqui um lugar que está sempre garantido caso alguma coisa não me corra bem, mas em termos de trabalho acho que há lugares com mais para oferecer”. Explica, por fim, que esta escolha baseia-se no facto de esta ser uma cidade mais pequena, comparada com os lugares que tem em mente.  
  Enquanto estas duas cidadãs favorecem e enaltecem as qualidades da cidade, Nancy Santos não tem a mesma opinião. Com 46 anos, vive em Aveiro desde os 22, altura em que veio da Venezuela e se casou. “Vivo nesta cidade como podia viver em outra qualquer. Foi aqui que casei, é aqui que trabalho, é aqui que os meus filhos andam na escola e têm amigos”. Questionando-a se gosta da cidade, a resposta é rápida: “mais ou menos. Acho que é uma cidade igual às outras todas. Algumas têm características mais bonitas que outras, mas isso depende do gosto de cada pessoa. Acho que tem boas ofertas, a qualidade de vida é muito boa, tem uma série de serviços disponíveis para todos os habitantes, mas isso todas as cidades o têm. Na minha opinião não há nenhum elemento ou característica que me faça gostar mais desta cidade do que outra, por isso ter dito que gosto mais ou menos”. Apesar da sua indiferença, pretende continuar a viver em Aveiro, devido à estabilidade da sua vida, tento pessoal como profissional.
  Como acontece em todo o lado e em todas as situações, existem opiniões diversas e diferentes pontos de vista, mas numa coisa todas estavam de acordo: Aveiro é uma cidade bem desenvolvida, favorável ao turismo e com uma basta variedade de serviços, concluindo que aqui têm tudo o que precisam para viverem as suas vidas em boas condições.  

 

 
                                                                                                                                                                                                                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                Laura Batel 

                                                                                                                                                                                                                          (Ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

                                                                                                                                                                                                                                                                

Meia Bola com Miguel Barroca

Neste podcast tivemos uma pequena conversa com Miguel Barroca, antigo jogador profissional de basquetebol e comentador da SportTV, na qual fizemos uma previsão da nova época da NBA que se aproxima e abordámos também algumas questões sobre o desempenho que alguns jogadores terão este ano, entre outros assuntos.

Meia Bola - Miguel Barroca
00:0000:00

Francisco Fonseca

Luís Costa

Pedro Paulo

Vasco Moreira

Meia Bola comRita Neves

Desta vez o “Meia Bola” chega em formato escrito e conta com Rita Filipa Carvalho Costa Neves, nascida a 11/09/1983 licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Católica Portuguesa e hoje é uma das caras da SICNoticias. Iremos falar do seu percurso o seu trabalho e o estado da profissão.

 

Quando é que percebeu que queria seguir Jornalismo?

- Muito cedo, logo na preparatória. Queria fazer entrevistas e escrever textos. No final do secundário não tive dúvidas de que iria seguir comunicação social. A minha ideia era ir para a imprensa escrita, mas acabei por ir para televisão. 

Depois de completar os estudos onde começou a dar os primeiros passos na profissão?

- Fiz o estágio curricular na SiC (5 meses) onde acabei por ficar a trabalhar até hoje. Comecei na editoria de Economia, passei pelas várias Edições da SIC Notícias e comecei a apresentar noticiários poucos meses depois, nas madrugadas informativas. 

Na altura estava à espera de chegar ao grande ecrã?

- A minha ideia inicial era imprensa escrita, e fazer trabalhos de investigação. Mas na altura de escolher o estágio, no final do curso, acabei por escolher a televisão porque eram aqueles estágios que apresentavam melhores hipóteses de colocação profissional. Nos jornais como o Público ou Diário de Notícias era raríssimo alguém ser contratado depois do estágio. Acabei então por optar pela sic, fiz um atelier de televisão no Cenjor para aprender mais bases de jornalismo televisivo e acabei por gostar imenso. O estágio correu muito bem, e como gostaram do meu trabalho, em conjugação com a minha voz (já tinha passado pela rádio, mas em locução) e imagem, acabaram por me convidar para ser pivot da SIC Notícias, trabalho que ainda hoje desenvolvo a par da reportagem. 
 

Quais as primeiras preocupações quando prepara o seu trabalho, seja uma peça jornalística ou um direto?

- Transmitir a informação essencial de forma clara aos espectadores. Tentar chegar a eles com uma linguagem simples e acessível e ser fiel aos factos e ao rigor da informação. Os espectadores têm de saber a verdade, seja qual for o assunto. Essa deve ser sempre a preocupação primeira.

 

Como reagir às adversidades, existe alguma formula?

- Não há nenhuma fórmula, mas penso que em várias situações complicadas é importante manter o foco na nossa missão: informar. Seja qual for a adversidade, o público é sempre o mais importante. 

 

O jornalista tem muito trabalho que é feito na “sombra”, como encara o dia a dia profissional e chega a ser desgastante?

- Pode ser muito desgastante, sim. Aprende-se a lidar com esse desgaste e cansaço quando se gosta muito do que se faz e, uma vez mais, o foco está na missão de informar o público. De fazer um bom serviço passar a informação. Só se consegue manter esta resistência ao desgaste se houver independência para desenvolver o trabalho diário. 

 

Qual gostaria que fosse o seu próximo passo?

 - Poder ser uma Pivot de referencia nos noticiários de prime time da SIC. 

 

Estando ligada a uma das cadeias televisivas mais mediáticas como a sic e trabalhando na secção de jornalismo que também é das mais respeitadas, como analisa a forma de trabalhar da sua redação?

- Livre, isenta e autónoma. Como em todas as redações, há desgaste, cansaço e alguma insatisfação. Porém os jornalistas sentem-se livres e autónomos para fazer o seu trabalho e passar a informação no ângulo que consideram mais relevante.

 

O jornalismo hoje é por vezes mal compreendido por alguns exemplos de jornalismo mais sensacionalista (exemplos como jornalismo desportivo e a cmtv no geral) , que papel acha que o jornalismo vai ter nos próximos anos?

- Essa é a grande incógnita para todos os jornalistas atualmente. Na realidade ninguém sabe que papel vai assumir o jornalismo. Os públicos mudaram, a forma como consomem informação mudou e mudou também a forma como lidam com essa informação. Há mais escolha, maior participação do cidadão na veiculação de informação, o que torna mais difícil distinguir o que é verdade do que não é. O papel do jornalista é, consequentemente, menos valorizado. As pessoas queixam-se do sensasionalismo do jornalismo desportivo e da CMTV, por exemplo, mas a verdade é que escolhem ve-los. As audiências demonstram isso. O facebook é hoje a maior fonte de informação. O jornalismo terá de se reinventar para poder continuar a ter um papel essencial nas sociedades democráticas. 

 

Tem medo de uma descredibilização do jornalista?

- Sim. Já está a acontecer. Culpa das empresas de media que têm continuamente desinvestido na informação, nos seus profissionais e  na qualidade, culpa dos públicos que têm cada vez menos disponibilidade para consumir informação, culpa das redes sociais nas quais não se entende o que é rigoroso do que não é, culpa de cada um de nós que cedemos a estas adversidades e deixamos de lutar em nome de um jornalismo sério e de qualidade, que preste efetivamente um serviço público. Espero que o jornalismo volte a entrar numa outra fase de recuperação. 

Alguma vez arrependeu se de ter seguido esta área? 

- Nunca. 

 

 

 

Francisco Fonseca

Luís Costa

Pedro Paulo

Vasco Moreira

Meia Bola: Pelos Caminhos do Futebol – Um mundo sem igual

No Meia-Bola de hoje vamos em busca de uma fotografia da realidade desportiva do futebol português, que vai muito além daquilo que é a Primeira Liga e os ditos “três grandes” do nosso país. Por este Portugal fora, o futebol amador ou semi-profissional também tem uma palavra a dizer, apesar da discrepância que existe entre este e o futebol de “topo”, que é bem visível a olho nú.

 

É seguro dizer que como o futebol não há. Para além de ser uma modalidade desportiva conhecida e valorizada em praticamente todos os cantos do mundo, sendo a prova disso mesmo as suas audiências globais e as transações milionárias que são realizadas com as transferências de jogadores de vários clubes de todo o mundo, é também e cada vez mais, um dos principais fenómenos socioculturais do século XXI, capaz de influenciar os mais variados segmentos da sociedade, e que provocam no homem uma diversidade de reações físicas e psicológicas.

 

Olhando para o futebol dentro do nosso país, conseguimos observar que as equipas profissionais demonstram ter condições que as equipas de escalões inferiores muitas vezes não têm capacidade de igualar. Existe uma grande discrepância entre os clubes profissionais e os não-profissionais ou de divisões inferiores, principalmente quando falamos de recursos financeiros. Os clubes pequenos muitas vezes não têm capacidade de pagar salários aos jogadores dos seus plantéis e, inclusivamente, os próprios atletas, por vezes, pagam para jogar.

 

Por esse mesmo motivo, ao contrário do futebol profissional, em que os atletas têm um salário fixo e conseguem viver apenas do que o futebol lhes dá, grande parte dos jogadores que atua no futebol amador precisa de ter uma outra profissão. Nos casos em que existe remuneração, o valor é tão baixo que não permite ao jogador viver apenas daquele valor. Pedro Rodrigues, atleta do Atlético Clube Marinhense, que este ano, depois de uma grande prestação na Divisão de Honra na temporada transata, se encontra a disputar o Campeonato Nacional Prio afirma que "Dificilmente alguém que não seja profissional consegue viver apenas do futebol. No entanto, existem jogadores em final de carreira que sempre jogaram ao mais alto nível e como estão em final de carreira jogam em campeonatos amadores, mas são também bem pagos por isso. São eles raras exceções que conseguem ainda viver do futebol, mesmo disputando um campeonato amador.”

 

Mas assim sendo, o que move um jogador de futebol, que após um dia de trabalho ainda tem que ir treinar? Pedro Rodrigues não tem dúvidas quanto à resposta: "Uma grande paixão que se chama futebol. É difícil de explicar, deixar a família em casa todos os dias e treinar muitas vezes com condições meteorológicas adversas, fins de semana em que treinamos ao sábado de manhã e no domingo saímos cedo para entrar em “estágio”. É algo que está no nosso sangue, basta haver uma lesão que nos impossibilite de treinar e jogar que automaticamente sentimos falta de uma parte de nós”.

 

O futebol amador ou não-profissional sofre muito também com a falta de visibilidade, em oposição ao futebol profissional, em que os clubes e atletas recebem patrocínios de grandes empresas ou marcas que procuram aumentar as suas vendas ao associarem-se a essas mesmas equipas ou jogadores. O futebol amador tem, portanto, de ser autossuficiente e sobreviver com subsídios próprios, visto que não atrai colabores nem investidores. Ainda que o futebol de divisões inferiores sofra muito com a falta de recursos financeiros será que o mesmo acontece em relação a infraestruturas? Existem algumas exceções. Ainda que grande parte das vezes, os jogos são realizados em relvados deploráveis que condicionam a prestação das equipas e colocam em perigo o estado físico dos próprios atletas, o jogador do Atlético Clube Marinhense, que dos 19 aos 25 anos esteve inserido na realidade do futebol profissional, tendo representado um clube em Espanha, o Águilas Club de Fútbol e outros tantos em Portugal, afirma que, no seu atual clube, "Por experiência própria, as condições de trabalho são idênticas e até superiores a muitas equipas da 1ª e 2ª liga. Os únicos recursos que são inferiores têm a ver com orçamentos.”

Um domingo de futebol no Inatel

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Há o futebol profissional, há o futebol semi-profissional, há o futebol amador e depois há o Inatel. Foi precisamente um jogo deste campeonato que o Meia Bola foi acompanhar. A partida foi entre o CCR São Caetano e o Chã, num campeonato abaixo dos campeonatos distritais e onde as diferenças para o futebol que estamos habituados a ver na televisão são gritantes.

 

O jogo está marcado para as 15h, na pequena aldeia de São Caetano, mas o encontro no campo é às 14h. Os jogadores começam a chegar e aqui aparece logo a primeira diferença. Ao invés dos habituais autocarros, cada jogador chega no seu carro, sendo que a alternativa, quando o jogo é fora, é viajar numa carrinha mais antiga do que o clube. A noite anterior de alguns é denunciada pelas olheiras enquanto se preparam para uma das poucas semelhanças com o futebol profissional: o aquecimento.

 

Começam a chegar os primeiros adeptos, aqui não é preciso bilhete, apenas uma rifa facultativa de 1 euro que se pode transformar numa garrafa de vinho do Porto. O frio afastou muita gente, numa altura em que a bola começa a rolar.

 

A primeira parte passou depressa e não correu de feição aos da casa, que foram para o balneário em desvantagem, graças à conversão de um livre depois de um atraso ao guarda-redes. 1-0 para o Chã e tempo da palestra e do habitual copo de vinho do Porto para ganhar forças para recuperar da desvantagem. Em tempo de intervalo, os adeptos aproveitam para beber uma cerveja no “Bar da Gente” e, no campo, era altura dos mais pequenos passarem a protagonistas demonstrando as suas qualidades futebolísticas. O guardião suplente abdica da presença no balneário para cumprimentar a sua namorada e fumar um cigarro, ou não fosse esta a última divisão futebolística…

 

O segundo tempo começou, entretanto, e outra semelhança com o futebol profissional apareceu, as típicas sugestões sobre a profissão da mãe dos membros da equipa de arbitragem. Até ao final os adeptos da casa ainda se entusiasmaram com um remate que passou muito próximo da baliza do Chã e com um livre frontal que acabou por não assustar. Houve ainda tempo para o 2-0 do Chã e para ver Maricato aquecer, um dos símbolos do clube que aos 49 anos ainda se mantém jovem no espírito e não falha a um único treino, mas que acabou por não entrar.

 

Acabou a partida, o Chã, atual campeão em título do Campeonato Inatel, ganhou por duas bolas a zero. Tempo para tomar banho, isto se a fogueira feita pelo Sr. Rilhó, outro dos símbolos do clube, for suficiente para aquecer a água. Numa tarde em que o resultado foi o menos importante, foram bem visíveis as diferenças futebolísticas, mas também as semelhanças no espírito de que ainda vai à bola ao domingo.

Meia Bola: Locais emblemáticos de Coimbra

Francisco Fonseca

Luís Costa

Pedro Paulo

Vasco Moreira

Francisco Fonseca

Luís Costa

Pedro Paulo

Vasco Moreira

Pedro Paulo

Explorar a cidade de Leiria

Entrevista a Frederico Pombares: “Viste o não sei quê? Por acaso essa fui eu que escrevi”

 

Frederico Pombares é uma das mentes por detrás de alguns dos projetos mais inovadores e de maior sucesso do humor em Portugal. Desde Levanta-te e Ri a Último a Sair e, mais recentemente o D’Improviso. Nesta entrevista falamos sobre o seu percurso, alguns pontos de vista sobre a profissão, projetos futuros e uma ou outra curiosidade que nos permite perceber melhor quem é.

 

Começaste por ser criativo publicitário depois da licenciatura em Comunicação Empresarial, há mais exemplos de pessoas ligadas ao humor que também por lá passaram (Diogo Faro e o Guilherme Geirinhas). Consideras semelhante o processo criativo de um texto humorístico e de uma publicidade? Achas que há uma grande ligação entre o humor e os criativos publicitários ou apenas em casos específicos, como o teu?

 

Pelos vistos há, porque se não, não acredito que houvesse tantas coincidências de pessoas a migrar da publicidade para o humor. Eu já tenho uma predisposição humorística grande, por causa do meu pai, etc., já os meus avós também, portanto, os meus anúncios na altura já tinham um pendor humorístico. A vida acabou por me levar para aqui e depois, quando descobri que em em dois dias fazia tanto dinheiro como num mês de publicidade, mudei. Não, não foi por isso, foi mais porque nem tudo o que tu fazes em publicidade sai e é muito frustrante. Tu fazes um anúncio que achas que está muito giro, chega o cliente e diz “isto era muito fixe mas era mudar de um lado ao outro e tirar estes desenhos aqui atrás”, percebes? E depois o que vai para o ar, tu nem sequer tens orgulho de dizer “fui eu que fiz”, tens vergonha. O que acontece na minha profissão de agora é que sai como eu quero. Para já tenho o orgulho de poder trabalhar com quem eu quero e com quem eu gosto e depois as coisas não são censuradas. Desde o Levanta-te e Ri que eu escrevo estas coisas e nunca fui censurado. O problema é que em publicidade era constantemente censurado. Uma das coisas favoráveis que há na minha profissão é isso, é toda uma liberdade diferente e é todo um lado autoral muito mais realizado.

 

Diz que nem eras mau naquela área, deixaste completamente de o fazer? O Salvador, por exemplo, já admitiu dar ideias para anúncio a marcas.

 

Repara, eu até podia fazer as duas coisas, porque tenho algumas saudades de publicidade, mas seria a outro nível, não podia ser copy outra vez, teria de ser numa posição de maior relevo, tinha de haver um convite. Mas teria todo o gosto, se fosse um convite mais sério, uma coisa grande.

 

Na realidade o que acontece é que algumas agências estão mais preocupadas consigo do que com tratar bem os clientes E quando aparecem outras…é como os casamentos, a mulher não liga muito ao marido, de repente aparece outra mulher e a mulher começa a ligar muito. É o que acontece com as agências, não ligam muito aos clientes e depois quando aparece outra agência mais nova, que faz outras coisas, depois a outra agência fica muito chateada, mas deviam é ter trabalhado mais e feito mais. Daí o Salvador e o próprio César Mourão darem ideias para a autopromoção da SIC, dos programas. Às vezes falta a malta ser proactiva em vez de ser só reativa. Não é só quando te pedem. É giro tu estás do lado de cá e pensares “olha isto era muita giro” e ir lá falar. Um prémio que eu ganhei, por exemplo, fui eu que tive de ir fotografar com a minha dupla, no meu dia de anos, com a minha namorada da altura. Tudo de borla e quase que pedi por favor para o anúncio sair. Percebes? E depois o anúncio saiu e foi premiado. Todo um trabalho que ninguém quis saber. Tipo “‘Tá bem, deixem lá o maluco ir vender uma coisa”. E depois o maluco vai vender, perder tempo para “cacete” e depois ganha prémio.

 

Indo agora ao humor, Levanta-te e Ri (Bruno Nogueira e Marco Horácio), Herman SIC, Telerrural, Lado B, Último a Sair, Sal. A lista é grande e incrível, no entanto a maior parte das pessoas com quem lido não te conhece e dá-me ideia que não te é dado o devido valor. Concordas com isto, achas que está relacionado com o facto do trabalho de guionista ser muito um trabalho de sombra?

 

Eu não quero ser conhecido, quero ser reconhecido no meio. Que saibam quem eu sou e que me vejam como alguém que teve sucesso nisto. Agora, andar na rua e conhecerem-me, só era giro por uma razão: arranjava lugares em restaurantes mais depressa e nunca estavam cheios. Ligava, dizia o meu nome e nunca estava cheio. Era a única cena que me dava jeito. Às vezes há malta que me reconhece do Ferro Ativo e agora disto do D’Improviso.

 

A questão não era o passares a ser conhecido. Numa entrevista antiga, tu e o Henrique falam sobre lá fora existir o “dos autores de”.

 

Sim, tens toda a razão. Já disse isto milhares de vezes. Acho que se ganhava imenso em fazer como se faz lá fora: “Do mesmo produtor do Matrix” ou “Do mesmo autor do não sei quê” e cá não se faz, porque o nosso país é uma merda. É mesmo muito fraquinho. É como um pato bravo que só vê a cara das pessoas, é aquele país que só vai atrás dos famosos para tirar uma selfie e não percebe tudo o que está por trás e porque é que eles são famosos. As pessoas não ligam a estas coisas, a maior parte não quer saber quem escreve. Atenção, não é toda a gente e eu recebo mensagens muito fixes, mas a maioria não quer nem saber. Eu não estou a dizer isto com mágoa nenhuma, isto para mim é indiferente, mas eu fico é com pena que as pessoas não queiram saber mais. Porque normalmente, se tu gostas imenso de um filme, o normal é ires vires outros filmes daquele realizador ou do gajo que escreveu. Acho que isto devia mudar, deviam saber que os gajos que escreveram o Sal foram os mesmo que escreveram o Último a Sair, que o gajo que escreveu o monólogo do César Mourão, da velha, foi o mesmo gajo que escreveu o Sal, o Último a Sair e o Telerural.

 

Sobre o D’improviso. Está a ser diferente ter de escrever as frases no momento na parte da novela? Até porque vocês conhecem o César.

 

Claro, repara, ainda no último programa aconteceu o momento de o César ter cortes na voz. Eu conheço o César, eu sabia disso, então eu e o Salvador falamos e achamos que era giro meter ali aquele momento. Tem a ver com a amizade e com o facto de nos conhecermos.

 

O D’improviso é o César Mourão, o Frederico Pombares, o Salvador Martinha, isto tem alguma coisa a ver com o Cavalinho da Chuva? Não tem? O que é o Cavalinho da Chuva?

 

O Cavalinho da Chuva, basicamente, sou eu, o Salvador, o César e o Unas que nos decidimos juntar para fazer qualquer coisa online, sem ninguém para prestar contas, para dizer que  conteúdo é mais para esquerda ou mais para a direita. É largar quatro malucos à maluca e ainda não está nada definido. Temos ideias, temos timings mas de repente pode mudar, ser outra coisa. O que te posso dizer é que somos um coletivo criativo de conteúdos, que tanto pode ser para isto como para um lado mais comercial.

 

Qual é para ti a melhor piada que já escreveste?

Às vezes não tem a ver com piada, tem que ver com situações. Há coisa muito fixes que me orgulham imenso no Último a Sair, no Telerural, no Sal. Há coisas que eu acho que ficaram muito bem conseguidas e nem é só o meu trabalho. Lá está, o Último a Sair se tivesse sido com outras pessoas se calhar não estávamos aqui a falar daquilo. Uma má piada dita por uma boa pessoa é sempre uma má piada, percebes? Mas há várias coisas de que me orgulho imenso, às vezes há pessoas que me perguntam “Viste o não sei quê?” e eu digo, por acaso essa fui eu que escrevi e eles “quê, mas isso tava escrito?”, acontece-me imensas vezes. Acontece imensas vezes as pessoas pensarem que a minha profissão nem sequer existe.

 

Quem é que entende melhor a tua escrita?

 

O Bruno [Nogueira] é aquele pessoa que tu fazes uma piada de diálogo e depois sai igual ou melhor do que tinhas na cabeça. Em termos de monólogo, de diálogo, de fazer dele próprio é um coisa…cá é insuperável. Depois tens o caso do César [Mourão], que é capaz de fazer uma personagem brilhante sobre um lápis. E esse lado das personagens, o César é o gajo que me dá mais…mesmo que eu saiba o que é que escrevi, dito por ele, naquela personagem é mesmo de vir às lágrimas. Estas são as duas pessoas que eu me lembro de repente, que realmente sai igual ou melhor do que aquilo que eu tinha na minha cabeça.

 

Como é que convenceram a RTP a alinhar no Último a Sair?

O caso do Último a Sair foi quase um erro maravilhoso. Primeiro estávamos perante o José Fragoso que é o melhor diretor de estação que se pode ter. É um senhor maravilhoso que tanto aposta nos Contemporâneos como no Telerural. Ele teve aquela noção de serviço público que é, não há uma piada que faça rir toda a gente, há é várias que podem fazer rir um maior número de pessoas possível. Essa é a cena dele. Telerural é para estas pessoas, Contemporâneos, tem humor político e não sei quê, é para estas pessoas. Não tens um programa que agrade a toda a gente, tens vários que agradam a muita gente e isso era o que ele fazia. E depois o Bruno [Nogueira] é um gajo que tem carta branca em qualquer lado. Ele chega a um lado qualquer e diz “Quero fazer um programa sobre uma cadeira e um pneu” e as pessoas “Claro que sim! É para começar quando?” Ele tem essa facilidade e na altura o Fragoso percebeu isso e deixou-o ir e o que aconteceu foi isso. Confiaram na qualidade do Bruno, quando tens sucesso, acreditam que o que vais fazer a seguir não vai ser um insucesso. Aquilo que eu dizia do “do mesmo escritor de”, no caso do Bruno é “do mesmo gajo que fez isto, isto e isto”. Já tínhamos feito o Lado B antes e até foi o Fragoso que disse “Não há segunda série! Vocês vão é fazer outra coisa!” Eram bons tempos.

 

Numa altura em que se critica muito a televisão, achas que o futuro passa muito por conteúdos para plataformas online como a Netflix?

 

Claro! Claramente, as pessoas que estão a fugir da televisão não estão a ir para rádio ou para os jornais! Estão a ir para a net e para a cabo. Vês a cabo a crescer imenso. Tem que ver é com a falta de qualidade que tens nos nossos canais e a preocupação das novelas que é sempre a mesma coisa. Na realidade tens de prestar contas e quando tens acionistas e obrigações eu percebo que tenhas de fazer escolhas. Eu percebo isso e não sou contra as novelas, se tem uma liderança brutal e se há milhões de pessoas que veem aquilo, claro que tem de se pôr! Agora não se venham é queixar depois. É como tudo na vida, tu podes fazer o que tu quiseres, desde que assumas e não te queixes a seguir. Não podes é fazer as coisas e dizer a seguir “Que azar que tive! Quem diria?!”. Não é “quem diria?”, se passas a vida a fazer novelas, tens pessoas até aos 40 anos que vão sair dali e nunca mais vão ver aquilo. Porque chegam à noite a casa, querem ver uma coisa qualquer, como é óbvio não vão ver a Herdeira, um gajo com 20 anos não vai ver a Herdeira, um gajo com 30 anos não vai ver a Impostora, percebes? Não têm idade para isso. Agora, é para as pessoas que estão em casa, para o velhotes? Certo, ainda bem, não se podem é depois queixar que a malta de 20 e tal vá à sua vida. Ainda por cima hoje em dia chegas a casa, nem precisas de um computador, tens um Smart TV, clicas, Netflix ou vais à net e vês uma cena qualquer. Não tens a obrigação que tinha antigamente e ter de ir para casa porque são nove e meia e vai dar o MacGyver. É aí que entram os Youtubers, essa malta aproveita. Goste ou não se goste, eles aproveitam e muito bem. Agora o conteúdo…mas se há 12 milhões de putos a ver aquilo, vou dizer que está mal? Aqui os gostos têm se ser metidos de lado, se tem público. Se tem qualidade ou não, é indiferente, se tu vês os putos a gargalhar a olhar para o telemóvel e estão a ver o Wuant a fazer uma cena numa casa. Agora, se eu não gostar daquilo vou ter de fazer uma cena diferente, lutar contra aquilo é quase impossível, aquilo é avassalador.

 

Era nestas plataformas que entrava o teu programa de culinária?

 

Sim, claramente! Se bem que o meu programa de culinária ligaria humor com culinária e acho que podia ser visto por mais pessoas. Mas, lá está, seria um programa em que eu podia dizer o que eu quisesse, podia fumar, podia dizer asneiredo. Não podia ser como aqueles programas da CMTV em que dizem “este almoço está magnífico” e lá atrás vês o Sol a nascer, são sete e meia da manhã. A fingir que é almoço e não está lá ninguém. O meu programa tinha de ter isso, ter pessoas atrás, era à noite, tinha de ser uma coisa vivida. Como o Anthony Bourdain faz as coisas, ninguém se vai embora para o senhor filmar, é o que é. Estão lá pessoas porque o sítio está aberto. E é isso, mas em princípio seria muito mais para a net, tal como o Cavalinho da Chuva. É uma liberdade que não há na televisão.

Vasco Moreira

Do inferno ao céu, sonho eu

 

Do céu ao inferno, uma expressão utilizada milhares senão milhões de vezes no universo futebolístico com o intuito de retratar uma reviravolta com um fim menos desejado para o nosso lado. Nestes poucos parágrafos a expressão é virada do avesso com o retrato de uma visão muito pessoal de um sonho, o meu sonho.

Muitas foram as vezes que o chamaram de louco ou maluco, mais ainda as vezes que um amor imenso ao futebol o fez viajar milhares de quilómetros e gastar mais dinheiro que todas estas vezes juntas sem nunca pensar duas vezes se aquela era a opção correta ou não. Mas poucos são os eventos e até pessoas que fizeram o relógio parar com a força desregulada e muito pouco saudável das suas pulsações e ainda menos as vezes aquelas que há minha frente soltou uma lágrima. O meu pai é louco, fez de mim um louco mas mostrou-me aquela que viria a ser a minha maior paixão, o futebol.

Foi com um simples saco de tremoços e uma camisola a dar pelos pés que a minha aventura começou. A camisola ostentava um símbolo com quase uma centena de anos, um peso enorme para um pequeno eu de apenas 6, e três letras (CAF) que podem este ano realizar o meu sonho.

Clube Académico de Futebol, criado em 1914, por estudantes de duas das maiores escolas do distrito de Viseu, daí o nome “Académico”. Nascera então o maior representante desportivo de sempre da Beira Alta, um clube com centenas de troféus a diversas modalidades e que atingira o seu expoente máximo no final dos anos 90 com a presença na Primeira Liga de futebol, registando assistências espetaculares apenas batidas pelos três grandes (Sporting, Porto e Benfica) naquele que é ainda hoje a casa do CAF, o Estádio do Fontelo.

 

Foi no Fontelo que presenciei o meu primeiro jogo de futebol de todos os tempos no longínquo ano de 2002 e pensar que um dia como qualquer outra na vida de uma criança de 6 anos teria tanta influência para o resto da sua vida é arrebatador e prova que é impossível limitar o futebol (e o desporto em geral) a apenas teoria, ignorando todas as emoções e sensações.

Como todas as boas histórias de amor esta também teve uma parte trágica. O ano de 2005 fica na memória de qualquer adepto do CAF como o pior. O clube não aguenta uma série de gestões danosas e é extinto em 2005. Toda uma lenda destruída num papel, todas as emoções resumidas a nada, toda uma história com quase uma centena de anos, apagada.

Óbvio será dizer que pouco tempo passou até vários simpatizantes e sócios levantaram o “gigante” e com a direção do, ainda, presidente António Silva Albino voltaram a erguer o clube a um lugar meritório com toda a sua história.

António Albino afirma que “existem ideias demasiado grandes para morrer” e que se não fosse o próprio a comandar este reerguer “outros fariam o mesmo pelo CAF”. O crescimento do clube é notório e desde a subida em 2012 à segunda divisão maior do futebol português que o objetivo tem sido “ consolidar o lugar no Académico entres as melhores equipas de Portugal” mas com especial atenção e investimento esta presente época em que “ o CAF é candidato à subida à Primeira Liga”.

 

Ao cabo de dezasseis jornadas o CAF segue líder da Segunda Liga e já provou ser uma dos candidatos mais sérios a ter em conta quanto à promoção e um dos fatores preponderantes a esta liderança é o “apoio dos adeptos” que tem sido “espetacular onde quer que o Académico vá jogar”, palavras de Bruno Loureiro, médio do Académico que já veste estas camisola há muitos anos e vivenciou na primeira pessoa o espetacular desenvolvimento do clube na última década e sente que o trabalho só estará concluído com a subida ao escalão máximo do futebol português.

A comandar as tropas dentro de campo está Francisco Chaló, experiente técnico português que procura a promoção há largos anos mas acredita que esta equipa “ tem valor e experiência suficientes para ser considerada um grande candidato e a forma como tem vindo a jogar só prova isso mesmo” concluindo ainda que “ a cidade de Viseu merece este troféu, não só pelo apoio que dão à equipa como também pelo excelente trabalho que desenvolvem em todas as áreas no interior do país e em concreto nesta cidade”.

Quinze anos depois, com uma extinção e muitas histórias para contar, a criança de 6 anos ainda sente o mesmo ao entrar nas portas do Estádio do Fontelo, o relógio do pai ainda para quando a emoção é em demasia e as lágrimas caem agora aos dois. Quinze anos depois o sonho está cada vez mais perto de se realizar e espero que estas palavras sejam apenas mais uma força de apoio.

 O futebol por vezes leva-nos ao céu, outras ao inferno, demonstra-nos coisas inacreditáveis, faz os não-crentes, crer, faz-nos a todos roer as unhas, talvez até nos tire mais do que nos dá mas tal como o lema do Académico nos ensina: “Mais do que uma paixão: Magia!”

 

Francisco Fonseca

Chegou o frio e, com ele, as roupas quentes e o calçado resistente à chuva. Para os mais atentos e interessados no mundo da moda, é importante incorporar e até investir em peças que se encontrem nas tendências de moda da estação para que possa desfrutar do tempo fresco da melhor forma e com os melhores looks.

 

Neste Inverno, procure ter no seu guarda-roupa peças como blazers, t-shirts simples com ou sem frases, camisas, saia plissada, camisolas de malha, casaco de fazenda ou de pelo, jeans, vestidos de corte envelope, por exemplo, botins, ténis, entre outros. Muitas destas peças poderão já estar no seu guarda-roupa de outros anos, por isso vale a pena rebuscar essas peças e conjuga-las entre si ou com novas peças de forma a criar um look que se enquadre nas tendências deste outono/inverno.

Camisas brancas combinadas com calças ou saias suavizam as peças de roupa mais complexas, dando-lhes um toque de classe. As camisas lisas ou com riscas são sempre muito elegantes e tanto podem ser usadas no quotidiano como em situações mais formais. Tudo depende da forma como as combinar.

Um blazer de qualidade fica bem em qualquer ocasião, não estando apenas cingido ao escritório, dado o seu aspeto intelectual. O blazer feminino é das peças mais versáteis que pode ter no seu guarda roupa, pois tanto fica bem com uma t-shirt e calças de ganga como com um vestido.  

Todas as estações trazem novidades no calçado e este ano não é exceção. Uma das grandes novidades deste outono/inverno 2017/2018 são as botas de cano alto, bem como as ankle boots, que regressam num estilo mais militar e criativo.

Os ténis já se tornaram um clássico atemporal, e neste outono/inverno a tendência tem sido conjuga-los num look mais desportivo ou clássico, tendo sempre em vista adotar um estilo mais descontraído e prático.

As plataformas regressam também em força este ano, quer seja em formato de ténis, botins ou botas.

Outro calçado que tem dominado a estação são as botas cuissards (acima do joelho), justas e em materiais como o verniz, o veludo ou a camurça, dando uma certa ousadia aos looks.

As sock boots são também uma outra tendência do outono/inverno 2018, que se moldam à pele e são muito confortáveis.

Os botins são outro calçado que se encontra cada vez mais, dado que facilmente se enquadram em qualquer estilo e gosto pessoal, podendo ser usados com qualquer look. No entanto, se quiser dar-lhes destaque, utilize-os com calças curtas ou vestidos compridos.

As novas tendências de moda masculina voltam ao estilo militar, às riscas tanto horizontais como verticais, ao xadrez em tamanho grande principalmente em camisas. A conjunção denim com denim, calças com casacos hoje em dia é aceite e é tendência. Do mundo das cores vamos encontrar propostas entre os castanhos, cinza, cor de vinho e também cores de inspiração militar.

O vídeo mostra algumas opções de combinações, umas mais clássicas outras mais versáteis, podendo servir como fonte de inspiração para os leitores.

Ana Luísa Maciel, Beatriz Céu, Jorge Brito, Catarina Pinto e Diogo Pereira

Madeira – Hora e meia para o paraíso

 

 

 

 

O arquipélago da Madeira é constituído por duas ilhas habitáveis e outros vários ilhéus (Desertas e Selvagens) os quais são reservas naturais protegidas, descoberta por três descobridores portugueses a “Perola do Atlântico” é um dos destinos mais procurados pelos turistas provenientes do norte da Europa.

 

            É seguro dizer que a Madeira está num estado de graça nestes últimos anos e assim como o seu mais conhecido filho Cristiano Ronaldo a ilha também está na linha da frente pelo seu turismo, foi brindada com ouro na votação do “Melhor Destino Insular do Mundo”, premio atribuído pela “World Travel Award” à região portuguesa pela quarta vez e foi recebido pela secretária regional de Turismo e Cultura, Paula Cabaço. Deixou para trás destinos como Bali, Hawai, Jamaica, Sicília entre outras.

 

A Madeira é uma das principais beneficiárias da grande vaga de turismo que Portugal vive nos últimos tempos. “Temos passado nos últimos anos por um período muito favorável”, garante Sérgio Gonçalves, vice-presidente da ACIF [Câmara de Comércio e Indústria da Madeira] aponta para subidas em todos os indicadores, com particular destaque para a taxa de ocupação, que consistentemente ultrapassa os 70%, com reflexos na rentabilidade do sector.

O sector do turismo é visto como a galinha dos ovos de ouro da região autónoma, pois representa 25% do PIB regional e 15% do total de emprego.

 

Identidade Madeirense

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


                  

 

 

 

 

                                                                                     

Apesar dos efeitos positivos que geralmente têm as reabilitações urbanas, há uma certa alteração de paradigma que deve obrigar os responsáveis a estarem atentos e pensar nos destinos em termos de quem lá vive. Um dos principais problemas que há é o estrangulamento da capacidade aeroportuária da Madeira se entretanto nada for feito, a dificuldade de segurar passagens sem um planeamento por vezes irreal e o preço das mesmas são umas das principais lutas dos habitantes da região. Esse mesmo problema é uma das principais causas do turismo português na ilha não ser ainda o desejado.

Se é claro que as novas ideias são bem-vindas, é hora de passá-las à prática, e segundo o presidente da região, Paulo Cafôfo acredita que pode ser um “virar de página na discussão que se tem feito do sector na região. Aspetos como o turismo natural ou cultural têm que ser vistos com outros olhos para explorar novas oportunidades de negócio quando é notório que o perfil dos turistas tem-se alterado”. Ao assumir uma discordância em absoluto do conceito de “turismo a mais”, quer garantir que os visitantes fiquem mais tempo e consumam mais, revelando também esperança numa estratégia consertada para que os novos talentos fiquem na sua terra. O sector do turismo na madeira pode fazer sempre mais, sobretudo num sítio onde se respira turismo e se encontra a maior taxa de ocupação em Portugal. Um local com condições únicas e que só tem a ganhar em apostar no empreendedorismo para captar mais investimento” e obter novas oportunidades de distribuição, promoção e comercialização.

As épocas principais de turismo na região é o mês de Dezembro e os meses de verão. Que o sol da Madeira fé uma das principais atrações isso é um facto, mas é de um magnífico espetáculo pirotécnico que pinta o céu do Funchal na passagem de ano, evento que leva quase sempre a ocupação hoteleira da cidade esgotar, outras das principais atrações é a “Festa da Flor” que concentra sempre vários curiosos todos os anos, num dia que celebram a natureza e a beleza do arquipélago. O futuro parece risonho para o turismo nacional que tal como a sua beleza é inesgotável.

Luis Miguel Viveiros Costa

Fontes : VisitMadeira.pt // DN(madeira)

A Paixão pela Rádio -
00:0000:00

 A Paixão pela Rádio

Viemos, junto de Braga da Cruz, conhecer a sua paixão pela rádio e aquilo que o levou a seguir esta carreira que sempre sonhou e que tanto nos entusiasmou. 

 

 

                                 Ana Silva

Carolina Gama

Duarte Côrte-Real

Francisca Pereira

Patrícia Caneira 

O Valor Da Liberdade

 

 

 

Com apenas 21 anos foi condenado a 7 anos de prisão. Viu a sua liberdade fugir-lhe por entre os dedos. Viveu confinado ao espaço minúsculo da sua cela que partilhava com mais três homens, ansiando pelo dia em que colocaria o pé de novo cá fora. Hoje, com 44 anos e 17 anos depois, relata-me a sua história.

 

“Às vezes, ia ao recreio e ficávamos a olhar para as árvores, a sentir o vento, mas acima de tudo, sentíamos a liberdade ali tão perto e ao mesmo tempo tão longe…”

Estamos no ano de 1993, um jovem trabalhador troca um cheque no valor de 50 contos, 250 euros, a alguém a quem um dia chamou de amigo. Jamais poderia imaginar que esse ato de ajuda seria a troca fatal. Confiando cegamente no coração em vez de dar alento à razão, não reparou que o cheque que trocava se tratava de um cheque sem cobertura, o qual lhe valeu o despedimento.

Sem dinheiro, sem trabalho, e influenciado por esse alguém, decidiu cometer a loucura que iria mudar a sua vida: um roubo. Um assalto à mão armada a uma empresa. O dinheiro foi dividido e cada um seguiu o seu rumo.

Não podia acreditar, nem sabia o que fazer, quando um ano mais tarde a judiciária lhe bateu à porta alegando saber o crime que tinha cometido. Sem um conhecimento profundo do funcionamento do sistema da justiça portuguesa, simplesmente confessou. O tribunal atribuiu-lhe 12 anos de cadeia, mas como ainda era muito jovem, apenas foram aplicados dez, dos quais cumpriu sete por bom comportamento.

Foi preso na antiga regional em Coimbra e quando chegou o seu primeiro pensamento foi que já estava condenado a não sair dali vivo: “Já morri, vim parar ao inferno”. Sentia, todos os dias, um stress enorme, devido ao facto de viver (a maior parte do dia) fechado num espaço que não possuía mais do que três ou quatro metros quadrados, juntamente com mais três pessoas. Conta que sentia um peso enorme no peito e no coração e que o que mais lhe custava era quando ia ao recreio e sentia todas as sensações do que é estar livre, sem de facto o estar. “Temos uma altura do dia em que podemos sair à rua, ou seja, a área do recreio que é ao ar livre. Deixam-nos ir, nós estamos ali duas horas, três horas, não mais. Ficamos a olhar para as árvores, a sentir o vento, mas acima de tudo, sentimos a liberdade ali tão perto e ao mesmo tempo tão longe”.

“Para sobreviver lá dentro juntei-me aqueles que eram alguém, os maus, considerados os reis. Fui fazendo biscates para eles e garanti a minha sobrevivência…”

Menciona que lá dentro teve muito medo, não passava de um “garoto” quando lá entrou. Lutava quotidianamente para garantir a sobrevivência pela qual teve de fazer coisas das quais não se orgulha, como começar a consumir drogas das pesadas, para que fosse mais facilmente aceite. “Eu antes de ir preso, não consumia drogas, nem álcool, nem tabaco, nem nada de nada. Foi lá dentro que comecei a consumir as drogas duras e foi muito pior, mas… na cadeia temos de fazer o que podemos para sobreviver…”.

Sendo uma pessoa com um corpo frágil, tentou procurar juntar-se a quem mais o podia proteger. Foi fazendo favores àqueles que eram considerados os mais influentes e assim garantiu que ninguém lhe fazia mal. “Eles não deixavam que ninguém me tocasse”.

“Quando acontece alguma coisa, ninguém abre a boca para contar nada, se não aparecem mortos no dia seguinte. Esta é a lei da prisão.

 Afirma que viu coisas que não deseja que mais ninguém veja. Conta que assistiu à morte de dois homens, que um contraiu tuberculose e que mesmo avisando os guardas estes não fizeram muito. “Nós avisamos os guardas prisionais. Eles tentaram tapar o sol com a peneira. Chamaram lá um médico, mas ninguém fez nada, nem o homem levaram ao hospital, esse foi o crime deles, deixaram-no, ali, à espera de morrer”. O outro foi esfaqueado durante o período do recreio, “levou duas facadas, foi para o hospital. Quando voltou, vinha morto”.

Observou um homem ser espancando quase até à morte, afirmando que o mesmo levou tanta pancada, desde murros a pontapés, que quando voltou do hospital vinha com a cara totalmente deformada.

 E um homem que violou a filha de três anos, que quando lá dentro descobriram, encostaram-no contra uma parede da cela e lhe enfiaram um ferro de, sensivelmente, 20 centímetros pelo ânus acima.

Declara que mesmo assistindo a estas situações, a lei na prisão é outra. Se alguém conta a um guarda o que viu outro alguém fazer, no dia seguinte há a grande probabilidade de serem os próximos. Toda a gente se cala. Ninguém vê nada. Não há pessoas erradas à hora errada, pois essas são silenciadas. “E depois é assim, na cadeia, quando acontece alguma coisa, ninguém abre a boca para contar nada, se não aparecem mortos no dia seguinte. Cada um tem de sobreviver como pode e se abre a boca, é mais que certo que não corre bem.”

 

“Coloquei o pé  fora, eu quase nem sabia andar, olhava para todos os lados, tentava assimilar tudo muito rápido como se me fossem tirar aquilo de novo, é uma satisfação gigante.”

Relembra o que sentiu quando finalmente, depois de tantos anos, saiu em liberdade. Antes da liberdade total, foi lhe concedida a hipótese da liberdade condicional, onde ia a casa de três em três dias. A primeira vez que colocou um pé fora do portão, quase já nem se recordava do que era ter tanto espaço, e ver tantas coisas. Fala de como teve quase de voltar a aprender a andar, no entanto, diz que é uma sensação estupenda sentir de novo o mundo. “Estive em liberdade condicional, quase no fim de ter cumprido a pena. Vinha de três em três dias a casa, nessa primeira altura, assim que coloquei o pé cá fora, quase nem sabia andar. Não estava habituado a andar durante tanto tempo e com tanto espaço. Dava passos muitos longos, foi uma aprendizagem. Mas, acima de tudo, foi completamente sensacional”.   

Afirma que hoje em dia nunca mais cometeria os mesmos erros, e que se alguma vez voltar lá para dentro será por fatores externos e não por vontade própria. Que prefere ser verdadeiro consigo e pedir ajuda, do que ter de passar por tudo outra vez. “Prefiro pedir, do que andar nessa vida de novo, assim depois não há ninguém que possa falar mal de mim. Sou eu. E se for lá para dentro é por qualquer coisa que não posso controlar, não pelas minhas escolhas”.

 

“Se não me conhecerem bem, se não formos bons amigos, não me ajudam e julgam-me, olham-me de outra maneira completamente errada.”

Explica como nunca teve a necessidade de esconder este lado da sua vida, que sabe em quem confiar. No entanto, fala de situações em que as pessoas o julgam e não confiam nele, unicamente, por causa do seu passado. “Um exemplo disso é aqui em baixo no café. Ele não me deixa lá entrar porque lhe disseram que fui preso e lhe foram contar outras coisas, e eu nunca fiz nada lá e nunca iria fazer. Eu ajudava-o muito, eu dava-lhe muito dinheiro, mas agora perdeu mais que um cliente por causa desse comportamento, que não tem nada decerto”, confessa.

Fala de como é difícil encontrar emprego tendo em conta a falta de confiança expressa pelas pessoas e pelo facto de muita gente ainda olhar para ele como drogado, tendo em conta que fez duas desintoxicações e ainda toma medicamentos, lutando contra o seu vício todos os dias. “Quando saí fiz duas desintoxicações, a primeira correu mal, a segunda já foi mais ou menos, deram-me medicamentos que ainda ando a tomar, tomo diariamente, mas há 17 anos que não toco em droga nenhuma. Há pessoas que além dessa medicação toda, ainda me olham como se eu fosse um drogado, quando eu luto contra isso todos os dias. Quando vou pedir emprego, aqui e ali, olham para o meu passado e não para mim.”

Indica com tristeza no olhar que muitas pessoas falam dele e quando lhe chega aos ouvidos já é considerado um monstro. Diz que o que mais quer é que olhem para ele por aquilo que é e não por aquilo que foi um dia. “Quando me chega aos ouvidos eu já considerado um autêntico monstro, e não o sou. As pessoas convivendo comigo sabem bem que não o sou, sabem que sou outra pessoa completamente diferente do que aquilo que dizem, que não faço mal nenhum a ninguém, que fico no meu cantinho. Porque é isso que eu quero, quero muito que as pessoas me olhem por aquilo que sou. Não aquilo que julgam, ou porque lhe foram encher os ouvidos com mentiras. Quero que as pessoas convivam comigo, e aprendam aquilo que sou. Não sou nenhum monstro.”

“A minha mãe tentava ao máximo dar-me tudo, por causa do que tinha passado. Tentou dar-me todo o carinho, amor e muito mais. A minha mãe é a pessoa que mais me apoiou e aquela que mais me apoia, se não fosse ela, hoje já não estava aqui.”

 Garante que quando esteve na cadeia o que sentiu mais falta, tirando a liberdade, foi da família. Em especial da sua mãe, o seu grande porto seguro. Sendo órfão de pai, a partir de uma tenra idade, tendo problemas de saúde que prejudicaram a situação financeira familiar, teve de frequentar o colégio dos órfãos, juntamente com o irmão. Saiu aos 18 anos, e um ou dois anos depois, tentou alistar-se na tropa, mas não lhe foi permitido devido à sua asma. Voltou para casa e foi quando cometeu a loucura que daria a volta à sua vida.

Revela que vive numa situação complicada, pois não sabe o que irá ser de si quando a sua mãe partir. Não tendo um emprego, e com pouquíssimos descontos à caixa, não sabe como irá sobreviver. “Eu quero ter um emprego, mas se eu for a ver, o que foi a minha vida em termos de trabalho? Se for preciso tenho quatro, seis ou oito anos de trabalho, o que é que eu descontei para a caixa? Praticamente nada. O que é que serei de hoje para amanhã? Sem reforma, sem dinheiro, sem a minha mãe? É muito complicado.”

 

“Quando saí da cadeia, bati um pouco no fundo, é uma situação que acaba por abater as pessoas.” 

Sente que a sua vida foi muito ingrata, sente que teve uma vida muito infeliz. Não em termos de amor ou de carinho, mas das próprias situações que fazem a vida uma aprendizagem. Afirma que antes de ir preso, era uma pessoa cheia de vida e feliz, mas que agora vive deprimido, que acabou a bater no fundo. Não obstante, luta todos os dias com a sociedade, para ser visto por aquilo que verdadeiramente é. O seu maior desejo é que as pessoas parem de o julgar, deixem de olhar para um passado e sim que consigam vislumbrar um futuro. “Fui menos afortunado, não em questão de amor, nem carinho, esses sempre tive da minha mãe, mas estou a falar da própria vida. Mais pela maneira como as pessoas são e me tratam muitas vezes. Apesar disso, não quero ser visto como o coitadinho, vou sempre tentar dar o melhor de mim, ser verdadeiro e mostrar-me a quem realmente me quer conhecer.”  

 

(Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

Ana Mamede

             Comunicação Social, 2º Ano

Redinha: Influência das invasões francesas na gastronomia

A freguesia da Redinha, pertencente ao concelho de Pombal, é atravessada pelo Rio Anços, um rio de água pura. Caracteriza-se pelos seus terrenos de ótima qualidade para a prática agrícola e pela existência das azenhas e os centros de moagem. Uma das árvores predominantes é a Oliveira, sendo o seu azeite, fabricado no lagar da Redinha, um azeite especialmente rico.

A 12 de Março de 1811 esta freguesia foi palco da terceira invasão francesa. Na altura, ainda sede de concelho, a Redinha reunia alguns edifícios importantes como Câmara, Forca, Prisão e Hospital. Foi apenas em 1842 que Pombal se tornou sede de concelho, após as autoridades se terem transferido para esse mesmo local, como consequência das Invasões Francesas.

O Combate da Redinha aconteceu quando as tropas francesas, invadindo esta zona incendiaram e saquearam toda a vila. A Redinha era vista como uma zona estratégica de invasão, devido à sua ponte, que permitia aos exércitos atravessar o rio Anços sem se molharem. As tropas aliadas anglo-lusas, desencorajando os comportamentos invasivos por parte do exército francês, praticaram a técnica da terra queimada, com o intuito de deixar as tropas francesas esfomeadas. Essa técnica acabou por ser eficaz, pois muitos franceses desertaram ou acabaram por morrer. No entanto, após as tropas francesas se retirarem, os habitantes da Redinha aperceberam-se que a política da terra queimada lhes traria graves consequências. Embora tivessem sido bem-sucedidos a afastar o inimigo, os seus terrenos tinham ficados inaptos para o cultivo, e a fome acabou também por atingi-los. Na altura, os dois únicos ingredientes que restavam, devido à sua predominância e conservação foram a farinha de trigo e o azeite. Para se alimentarem, os habitantes da Redinha preparavam papas de farinha de trigo e azeite.

Todo o processo de transformação da azeitona girava em torno do lagar. Desde a apanha da azeitona pelo lavrador, até a extração e moagem, onde a azeitona depois de espremida se convertia em azeite. Ao lado do lagar, encontrava-se, e ainda hoje se encontra, o moinho de farinha, onde o milho era trazido, desfeito e moído, convertendo-se em farinha. Estes dois ingredientes uniam-se formando as papas de farinha e azeite, alimento de subsistência, bastante nutritivo para a população local que nessa altura se encontrava bastante débil.  

IMG_9029.JPG
IMG_9031.JPG

Azulejos representativos da Batalha da Redinha, em 1811, durante as invasões francesas.

Ana Sofia Rodrigues

Carolina Gama

Francisca Pereira

Azeite e Broa, os protagonistas da Redinha. Testemunho de Natália Sebastião.

Ana Sofia Rodrigues

Carolina Gama

Francisca Pereira

Pelariga: As canções de ir à monda

Unknown Track - Unknown Artist
00:0000:00

Ana Sofia Rodrigues

Carolina Gama

Francisca Pereira

Pombal: Doces Típicos.

Testemunho de Filipe Neves.

Filipe Neves é dono da pastelaria Filinata. Ao longo do tempo foi recuperando receitas antigas de diversos doces. É também o criador do famoso Cardalinho - doce que marca esta região.

Ana Sofia Rodrigues

Carolina Gama

Francisca Pereira

Pombal: Picada de Pepino

A picada é uma comida feita principalmente no verão. Era uma receita muito usada em Pombal, visto que nessa região existia uma grande quantidade de pepinos.

Ana Sofia Rodrigues

Carolina Gama

Francisca Pereira

A Matança do Porco em Abiul

Ana Fernandes

Ana Catarina Pinto

Maria Valverde

Como eram as refeições em Abiul?

Ana Fernandes

Ana Catarina Pinto

Maria Valverde

Vídeo Promocional de Abiul

Vem conhecer a freguesia de Abiul!

Chegamos a Abiul.

Esta vila encontra-se situada num vale verdejante cercado de outeiros no sopé da Serra do Sicó. Pela freguesia passa a ribeira do Seiçal. O período de maior esplendor desta vila foi alcançado entre os finais do século XIII e meados do século XVIII.

O nome atual, Abiul, parece ser corrupção de Abiud, nome hebraico com o qual foi batizada aquando da atribuição da sua primeira carta foral no ano de 1167, outorgada por El-Rei D. Afonso Henriques - (D. Afonso I), ao seu aio Diogo Peariz e à sua esposa.

Nos anos de 1561 e 1562, desenvolveu-se na vila uma grande peste, causando a morte a centenas de habitantes. Foi nesta altura que os seus moradores fizeram um voto, que consistia numa grande festa à sua padroeira Nossa Senhora das Neves, e na qual se registava uma cerimónia que atraía muitos forasteiros no primeiro domingo de agosto. A festa era conhecida por Festas do Bodo.

No largo onde existia a praça de touros existe um grande forno, que se acendia na sexta feira antecedente ao dia da festa, estando o mesmo a arder até ao domingo. Gastavam-se 12 a 13 carros de bois de lenha, e no domingo era então metido no seu interior um bolo (fogaça) no qual se gastavam 10 a 12 alqueires de trigo. Esta tradição foi mantida até ao ano de 1913.

É na era seiscentista que aparece a praça de touros, considerada hoje a mais antiga do País. Aquando da realização da tourada, as ruas circundantes eram vedadas por carros de bois e toros de pinho. As lides foram realizadas nesta praça até ao ano de 1898, ano em foi substituída por uma outra praça.

Com as Invasões Francesas no ano de 1811, que saquearam e incendiaram a vila, e a peste que então ocorreu, Abiul sofreu uma machadada final.

Em 1821 com a reestruturação territorial realizada no Reino, é então extinto o concelho de Abiul e no ano de 1870 a Misericórdia é anexada à de Pombal.

Ana Fernandes

Ana Catarina Pinto

Maria Valverde

As receitas mais confecionadas em Abiul

Estivemos à conversa com a Dona Rosa, habitante de Abiul, que nos contou algumas das receitas desde sempre confecionas na zona.

O bacalhau parece ser o alimento mais confecionado em Abiul, seguido das migas e friginada. A batata a murro ganha destaque para o acompanhamento mais utilizado. Geralmente em grandes festividades comia-se o carneiro ou cabra. Noutras festividades era o galo ou o coelho. Como petiscos temos o pica pau, os jaquinzinhos, fígado de vaca grelhado, presuntos e queijos.

Começamos com o carneiro guisado, eleito como o prato mais típico da região pela Dona Rosa. O carneiro era temperado de um dia para o outro, com colorau, laranja e erva da província. Era acompanhado com batata, feijão verde ou alface. As miudezas do carneiro (bofe, língua, cachola, coração…) podiam ser aproveitadas e servidas num ensopado, feito com o sangue do próprio animal. Levava folhas de hortelã para dar um toque especial. Este ensopado era chamado de “O Verde”.

Fazia-se também muitas vezes, e em especial nos casamentos, os Tortulhos. O Tortulho, feito com o estomago do carneiro, era recheado com a carne, mais propriamente a carne das pernas do animal, com entremeada e chouriço. A carne, sem os ossos, era migada miudinha. Podia ser recheado com arroz ou não, dependendo do gosto. Esta receita leva muitos temperos: cebola, hortelã, salsa, colorau, pimenta ou piripiri, alho, sal e vinho tinto. Demora mais de duas horas a cozer! A Dona Rosa confessa que o estomago dos carneiros são muito procurados e que não se encontram em muitos sítios. Ela própria confeciona tortulhos e vende para fora.

A caldeirada, feita com carne de cabra, é também uma receita típica da região. Era temperada de um dia para o outro, de véspera, com sumo de laranja e uma folha de hortelã. Fazia-se um estrugido e colocavam-se os temperos: colorau, pimenta e vinho tinto. Esta receita era utilizada em casamentos quando não havia carneiro.

O galo de cabidela e o arroz de coelho, feitos em tachos de barro, são também muito apreciados por quem passa na freguesia de Abiul.

Unknown Track - Unknown Artist
00:0000:00
Unknown Track - Unknown Artist
00:0000:00
Unknown Track - Unknown Artist
00:0000:00

Ana Fernandes

Ana Catarina Pinto

Maria Valverde

Doce de Canela à moda de Maria Gouveia

Maria tem 71 anos e foi cozinheira quase a vida toda. Aos 14 anos mudou-se para Lisboa, uma vez que sempre teve interesse em descobrir um mundo novo e diferente daquele em que cresceu. Mal soube que o seu primo a levava para lá, não pensou duas vezes e seguiu viagem.

 

Em Lisboa, Maria ficou alojada na casa de uma modista que a ensinou a costurar e, mais tarde, aos 16 anos, a cozinhar. Levou-a a um restaurante para fazer experiência de emprego durante um mês, no qual acabou por não ficar por escolha própria. Foi nessa altura que Maria descobriu a sua paixão por cozinha e decidiu fazer da mesma a sua profissão para o resto da sua vida.

 

Foi em Lisboa que conheceu o seu falecido marido, com o qual viveu durante 6 anos em Angola, regressando a Vermoíl apenas um ou dois anos após a Revolução de 25 de Abril de 1975.

 

Após ter ido para Lisboa, a senhora Maria decidiu meter mãos à obra e inventar o seu próprio doce. Ao longo dos anos, adaptou-o e foi alterando a sua própria receita, melhorando-a cada vez mais. Esta sua invenção teve imenso sucesso numa festa da sua terra em Pombal, e, quando menos esperava, tornou-se imprescindível e toda a população de Vermoíl começou a fazê-lo.

 

Inicialmente, a senhora Maria começava por ferver o leite, juntando-lhe água, farinha e gemas de ovos. Mexia bastante bem até ficar tudo bem misturado e envolvido de forma uniforme, batendo as claras dos ovos em castelo, que colocava por cima do doce, juntamente com açúcar amarelo ou bolachas esmigalhadas. Para finalizar adicionava a canela, de maneira a enfeitar o doce.

 

Nos dias de hoje, o doce sofreu bastante alterações, não sendo muito semelhante à invenção inicial. Em vez de o ferver o leite, Maria passou a juntar-lhe um pacote de gelatina de ananás, uma lata de leite condensado e 6 claras de ovo, misturando tudo muito bem. De seguida colocava bolacha por cima desta “primeira camada”. Finalizando com uma camada de natas e caramelo para enfeitar, tornando o ingrediente canela opcional.

Ana Fernandes

Ana Catarina Pinto

Maria Valverde

A cantiga em Albergaria dos Doze

Albergaria dos Doze é uma antiga freguesia portuguesa do concelho de pombal. Desta, é tradicional o presunto e particularmente a sopa de presunto. Dona Leonor vive em Albergaria desde sempre e recorda como é que num dia de festa se fazia referência ao que a sua terra tem de melhor.
Hoje em dia, estas tradições não estão tão presentes, no entanto, permanecem na memoria de quem viveu com elas.

Unknown Track - Unknown Artist
00:0000:00
IMG_0049.JPG
IMG_0108.JPG

Ana Fernandes

Ana Catarina Pinto

Maria Valverde

Gastronomia no Município de Pombal

A Rede de Castelos e Muralhas do Mondego tem como grande objetivo promover o desenvolvimento cultural, turístico e económico de concelhos como Figueira da Foz, Lousã, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Penela, Pombal e Soure.

Através deste projeto, foi-nos possível conhecer um pouco da história do Município de Pombal, com maior incidência para a sua gastronomia.

Almagreira foi uma das freguesias por nós estudada. É uma freguesia portuguesa do concelho de Pombal, com 43,18 km² de área e 3 076 habitantes. Com os testemunhos da D. Elvira Fernandes e D. Lurdes Pinto conseguimos identificar os pratos mais emblemáticos desta freguesia.

Carriço foi a segunda localidade a visitar.  É a terceira maior freguesia do concelho, 60% da qual ocupada por floresta. Contámos com a ajuda de alguns habitantes locais, que nos falaram de algumas das suas tradições gastronómicas, destacando as sopas de cavalo cansado e a marmelada.

Matança do porco: Tripas e Cachola -
00:0000:00

A última localidade por que passámos foi Louriçal. É a paróquia da Diocese de Coimbra, com 48,04 km² de área e 4 720 habitantes e foi vila e sede de concelho até 1855. Era constituída pelas freguesias da vila e Mata Mourisca. Para compreender a gastronomia e principais tradições desta localidade, contámos com cinco das suas habitantes. Foram muitas as tradições e pratos realçados: as papas; matança do porco; bolos de sangue; broa; vindimas; arroz de Sardinha; sopas de Cavalo Cansado; velhoses; confeção do queijo; confeção do arroz; arroz doce e ainda as migas. No entanto, os que obtiveram um maior destaque foram a confeção do queijo e a broa.

As Velhoses - Louriçal
00:0000:00

Catarina Santos

Sérgio Magalhães

Susana Mendes

União de Freguesias da ilha, guia e mata mourisca

Memórias Gastronómicas

A Matança do Porco

Unknown Track - Unknown Artist
00:0000:00

Marcha e Hino da Ilha, músicas com mais de 60 anos cantandas pela D. Alzira.

Unknown Track - Unknown Artist
00:0000:00

Música dedicada à Cangona que antigamente ia à freguesia.

Jorge Brito

José Forte

Freguesia de meirinhas

Receita de Filhoses

Festival da Fava

A segunda edição do Festival da Fava irá ser realizada no próximo dia 4 de maio, em Meirinhas. O festival tem a função de promover, como o nome indica, a fava, como também, o artesanato típico desta terra. O produto é o mais cultivado e consumido na freguesia de meirinhas desde que há memória. É o ingrediente principal da ementa presente em todas as refeições, variando a sua forma de confeção.

Os pratos confecionados neste evento vão desde entradas às saladas. A patanisca de fava foi a estrela da última edição do evento, quem o garante é Maria de Fátima e Célia Maria, cozinheiras no festival. Pode ser degustado três maneiras de bacalhau, como o Bacalhau no forno com broa e favas, Bacalhau frito com cebolada e puré de favas, e Bacalhau no forno com migas de favas. Na carne, o festival apresenta Entrecosto com ovo escalfado e favas, Carneiro gizado com favas e Favas com enchidos. Nas saladas é confecionada Salada russa com favas.

Jorge Brito

José Forte

Freguesia de carnider

Receita de Carneiro

Receita de Arroz Doce

Jorge Brito

José Forte

Freguesia de vila cã

Confraria dos Tertulhos

Liliana Silva, nascida em Lisboa e actual presidente do Centro Cultural e Recreativo de Vila Cã, é a responsável pelo mais recente projecto da vila dinamizado no sentido da divulgação dos sabores gastronómicos mais característicos desta região.

O Tortulho é a iguaria representada pela Confraria do Tortulho. Liliana descreve o Tortulho como “algo que sempre se destacou […] já a avó da minha avó o fazia”. Este prato nasce do aproveitamento de todas as partes de vários animais como forma de evitar desperdícios numa altura em que a população vivia para conseguir comer. Liliana olhou para a confraria como uma oportunidade de defender a população de Vila Cã bem como as suas tradições gastronómicas perante vilas adjacentes e espalhar a palavra da Vila pelo país fora.

Com o aproximar do dia 19 de Agosto e a respectiva celebração do dia de S. Bartolomeu, Padroeiro de Vila Cã, a presidente do Centro Cultural e Recreativo de Vila Cã lançou o convite à comissão da Igreja de celebrarem em conjunto as respectivas festividades e assinalar o primeiro capítulo da Confraria do Tortulho de Vila Cã.

A Confraria do Tortulho de Vila Cã foi aprovada a 9 de Novembro de 2015, em assembleia geral de sócios do Centro Cultural e Recreativo de Vila Cã e constitui um departamento desta mesma associação.

O projecto com o objectivo de preservar e divulgar o “Tortulho da Vila” como produto secular da gastronomia local e produzido artesanalmente avançou e “caberá à Confraria a faculdade de preservar a autenticidade da cozinha local, através da sua divulgação e da elaboração de uma carta gastronómica” aliada com a tradição local, pretendendo contribuir para que a confecção artesanal do Tortulho de Vila Cã se perpetue, consolidando o saber-fazer deste elemento gastronómico.

Associada à área da saúde, Liliana afirma que este projecto contribui também para a dinamização da vila e criar todo um envolvimento entre os associados e os restantes habitantes e potenciação da saúde mental através da alegria que eles transmitem ao trabalhar em algo que provem das suas raízes.

IMG_5972.JPG
IMG_5977.JPG
IMG_1944.JPG

Jorge Brito

José Forte

© 2023 por O Artefato. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Black Facebook Icon
  • Black Google+ Icon
  • Black YouTube Icon
bottom of page