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É fácil ser vegetariano ou vegan em Portugal?

  • Frederico Magueta | Joana Lopes | João Mareco |
  • 18 de dez. de 2018
  • 5 min de leitura

Foto retirada do site Gazeta do Povo

Apesar das semelhanças, é importante distinguir as diferenças entre a alimentação vegetariana e vegana. Ambos os estilos de vida têm subjacentes preocupações comuns com o meio ambiente, os maus tratos a animais e a saúde individual.

Segundo a plataforma digital Centro Vegetariano, a alimentação vegetariana é aquela onde se procura evitar a morte e o sofrimento animal. Leguminosas, cereais, vegetais e frutas são os alimentos primordiais deste tipo de alimentação. Os lacticínios e os ovos são opcionais. Já o vegano, exclui todos os produtos de origem animal, tanto da sua dieta, como da roupa, dos produtos de higiene e dos detergentes, por exemplo. Evita, igualmente, utilizar produtos testados em animais.

Catarina Ferreira começa por explicar que existem inúmeras dietas vegetarianas e que a alimentação vegana “é muito mais restrita”. Defende, apesar disso, que estes dois tipos de alimentação, “se forem devidamente acompanhados, são bastante saudáveis”.

A nutricionista alerta para os cuidados que se devem ter em relação aos suplementos deste tipo de alimentação e explica que, em questões metabólicas, “é sempre melhor que seja o corpo a ir buscar os minerais e vitaminas ao alimento”. Aclarando assim que, se for utilizado um suplemento, a “parte da digestão fica comprometida, tornando o corpo mais preguiçoso”.

Apesar dos benefícios deste tipo de alimentação, a Ordem dos Nutricionistas recomenda a importância de fazer uma transição planeada, tendo em conta que, quanto maior for a restrição da dieta, maiores são os riscos para a saúde. Catarina Ferreira vai mais longe e aconselha todos aqueles que passam para este tipo de alimentação a procurarem ajuda profissional. Isto para não se tornarem vítimas de doenças muito comuns de quem faz uma transição não planeada. Acrescenta ainda que “é muito importante termos todos os tipos de alimentos dentro de cada grupo” e, por isso, “o segredo é a variedade”

Catarina Ferreira explica quais os cuidados que devemos ter quando escolhemos este tipo de alimentação. Para além do acompanhamento e da variedade, salienta a importância de, em qualquer tipo de alimentação, “haver uma fonte proteica em cada refeição”. Desvenda que a vitamina B12 é adquirida, exclusivamente, da carne e que esta tem de ser “obrigatoriamente suplementada”. Outro suplemento que é preciso ter em consideração, é o de ómega 3. Quem escolhe uma dieta vegetariana ou vegana deve procurar este ácido gordo nos frutos secos, por exemplo. Assim, “se os frutos secos e as sementes não forem em quantidades adequadas”, o suplemento é essencial. Mais uma vez, a nutricionista refere a necessidade de acompanhamento por parte de um profissional, porque “há sempre alguém que pode não gostar” e, por isso, é essencial um plano adequado a cada pessoa. Ainda sobre este suplemento, refere que. “a qualidade é essencial, porque é um ácido gordo muito caro”.

DOENÇAS

Caso a dieta não seja bem cuidada, existem doenças que podem surgir devido às carências nutricionais. Catarina dá um exemplo, referente à vitamina B12, em que famílias de veganos, muitas vezes, “impingem uma dieta vegana a um bebé”. Esclarece que, se esta vitamina não estiver presente na alimentação, pode originar “problemas de desenvolvimento, mutações e problemas genéticos. É muito grave”. Enumera, ainda, como doenças mais comuns, a anemia e as doenças cerebrais, como o Alzheimer, Parkinson. Finaliza, referindo as hipervitaminoses [intoxicação por excesso de vitaminas] que, apesar de raras, podem acontecer numa dieta em que há “quilos e quilos de vegetais que as pessoas consomem, e isso pode ser perigoso”.

OPINIÃO DE UMA VEGETARIANA

Vanessa Peixoto, estudante do segundo ano de Psicologia, assume-se como vegetariana, mas lamenta o facto de não se poder tornar vegan devido à “inexistência de certos produtos, ou a dificuldade em encontrá-los”. Esclarece que decidiu optar por este estilo de alimentação devido à sensibilidade que sentiu ao ver documentários sobre a indústria da carne. Não consegue ficar indiferente e explica que, se consegue optar “por uma vida em que não tenha de contribuir para a dor e tristeza de terceiros”, então garante “querer essa vida”. A vegetariana defende que “não vale a pena todo o prejuízo que causamos” apenas para ter “uns minutos de prazer alimentar, ou para ter umas sapatilhas fixes”. Neste sentido, a futura psicóloga começou também a ter cuidado com a parte ambiental e, por isso mesmo, passou a “usar produtos que não se testam em animais nem são prejudiciais para o ambiente”.

A estudante explica que, inicialmente, foi muito difícil mudar o seu estilo de alimentação pelo facto de viver com os pais e, por isso, não ter “independência na cozinha”. Os pais começaram por desvalorizar a situação, mas quando se aperceberam de que não era apenas um capricho, ficaram “preocupados” com as doenças a que a filha podia ficar mais suscetível e tentaram demovê-la. “Não vais mudar nada porque és só uma pessoa”, ouviu “algumas vezes”. Apesar de ter sido um começo complexo, a jovem sente-se feliz pelo aumento de “vegetarianos na família” e salienta que agora, sempre que há jantares de família, “as pessoas já têm o cuidado de terem comidas vegetarianas e veganas”, o que não aconteceu nos primeiros anos.

Vanessa expõe que, na maioria das vezes, é fácil encontrar comida que não tenha origem animal, mas lamenta o preço e o facto de ainda não haver muita variedade dos pratos vegetarianos nos restaurantes.

Para suprimir a ausência de aminoácidos, presentes na carne e no peixe, a estratégia será o consumo de leguminosas. “Como muito feijão, lentilhas e legumes para ir buscar as vitaminas e as proteínas”, explica Vanessa. A ausência de lacticínios no organismo poderá levar à insuficiência de cálcio. Leite de soja e de arroz, iogurtes e manteiga da alpro, bem como a consumo de brócolos e couve portuguesa, são aconselháveis.

A jovem afirma ter especial cuidado com a saúde e, por isso, refere fazer análises “regularmente”, para se manter atenta aos “níveis das diferentes vitaminas”. A terminar, refere que as suas análises estão “melhores do que quando comia carne”.

A estudante de psicologia sente-se feliz por ter adotado este estilo de vida e por “influenciar as pessoas positivamente”. Sente que, deste modo, faz a diferença no planeta. Quanto ao futuro, Vanessa Peixoto deixa de lado a hipótese de voltar à alimentação que tinha antes e garante que “a partir daqui é só a melhorar, passar de vegetarianismo para veganismo”.

MITOS

Tanto a alimentação vegetariana, como a alimentação vegana, carecem de muitos mitos. Foi neste sentido que, com a nutricionista, tentamos descobrir alguns deles. O principal mito que a especialista em nutrição nota é “uma alimentação vegetariana e vegana são mais saudáveis”. Catarina afirma que não é de todo verdade, visto que, se existirem cuidados, são “as duas muito parecidas”. Outro mito que, segundo a doutora, é muito frequente, é a ideia de que as pessoas que aderem a este tipo de alimentação não têm força nem capacidade para fazer exercício físico, por exemplo. “Um vegano não pode ser atleta de alta competição” é uma das frases que “as pessoas dizem muito”, refere. A especialista garante que este mito não tem qualquer tipo de fundamento, já que “há muitos veganos que conseguem atingir lugares de pódio em provas de alta competição”.

 
 
 

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