Manuela Marques: “Gosto muito do que faço, o único senão é realmente a distância e o tempo que se pe
- Mariana Matos
- 7 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
Manuela Marques, residente em Santarém, vem contar-me um pouco do que é andar de comboio todos os dias.
Atualmente a trabalhar na área da Logística, numa empresa em Lisboa, vai e vem todos os dias úteis, há 13 anos.
Como e porque começou o quotidiano de ir todos os dias para o trabalho de comboio?
Ao trabalhar numa empresa, que era um concessionário DAF e que passou a ter apenas 3 pontos de venda no país, fui convidada a passar para um desses concessionários que se situava em Castanheira do Ribatejo, perto de Vila Franca de Xira. Inicialmente fazia o percurso em carro próprio, mas rapidamente percebi que ficava demasiado dispendioso, porque a juntar às portagens e gasóleo havia também o desgaste e manutenção da viatura, que ficava bastante caro. Optei então por me deslocar de comboio porque era o que se tornava mais acessível, tanto logisticamente como a nível de poupança.
Quanto tempo perdes por dia no comboio?
Neste momento o meu emprego é em Lisboa, gasto, por dia, aproximadamente 2 horas em deslocação.
Porque optaste por um transporte público em vez do próprio carro?
Como disse anteriormente, o motivo prende-se com o facto de ficar menos dispendioso, pois com o próprio carro temos o valor das portagens, combustível e também o desgaste e manutenção do carro. Também temos de salientar o desgaste humano, pois a conduzir também se fica mais cansado do que nos transportes públicos, podemos ir a ler, no telemóvel ou a fazer outra atividade que se goste.
Há um lado mau em se andar de comboio todos os dias? Se sim, qual a pior parte?
Sim, há. O lado mau de se andar de comboio normalmente são os atrasos, e ultimamente, e como até já foi divulgado publicamente e nas redes sociais, o mau estado em que se encontram os comboios e a falta de carruagens. Isto faz com que a CP [Comboios de Portugal] por vezes suprima comboios e também os faça circular com poucas composições, que são insuficientes para a quantidade de passageiros, o que faz com que grande parte das viagens sejam feitas sem condições mínimas, muitos passageiros em pé e quase como "sardinha em lata".
O que sentes em relação à CP?
O sentimento neste momento em relação à CP é de total desilusão e por vezes o que apetece é deixar de comprar passe.
Em que aspetos achas que poderia melhorar?
A CP tem de melhorar o serviço que presta ao passageiro, tem de ser feito um investimento na reparação das composições que se encontram paradas a aguardar reparação, e também na aquisição de novas composições para melhorar a frota.

Se tivesses a oportunidade de fazer o mesmo que fazes em Lisboa, mas em Santarém, aceitarias?
É claro que sim, nada melhor ter o que faço perto de casa. Gosto muito do que faço, o único senão é realmente a distância e o tempo que se perde por dia nas deslocações. Já trabalhei perto de casa e efetivamente as condições de vida são realmente melhores.
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