É possível sobreviver à praxe?
- Ricardo Rebelo
- 20 de dez. de 2018
- 3 min de leitura
Muito provavelmente nunca ouviu falar da praxe, ou talvez tenha, mas da maneira que este assunto é tão pouco falado no nosso quotidiano, penso que acaba por ser normal o desconhecimento geral sobre o tema, por isso mesmo, nada melhor do que dar uma breve noção sobre aquilo que pretendo abordar neste sério e enriquecedor texto.

Cartoon: Notas e Melodias
A praxe consiste num processo de integração para os novos alunos do ensino superior e é sustentada por hierarquias que regulam os papeis dos vários grupos estudantis consoante o seu número de matrículas. Por norma, os estudantes mais velhos possuidores do traje académico (vestimenta exigida para poder praxar) tem o poder de controlar e ordenar os recém-chegados “caloiros” nos vários encontros realizados.
A atividade acaba por ser criticada em setembro e ignorada de outubro a agosto, quando algo de mal acontece nestes encontros estudantis, apenas uma vitória do Benfica pode livrar os praxistas de aparecerem crucificados na abertura do telejornal ou das capas dos jornais. A atividade praxistica tornou-se um tema de discussão quase tão chato como aqueles clássicos empregados aspirantes a humoristas reconhecidos pela fabulosa piada “queria? Já não quer?”. Os novos alunos chegam ao ensino superior receosos sobre a praxe, o que é? Quanto durará? Correrão perigo de vida? Será mais importante do que fazer uma cadeira?
A formação de dois polos totalmente diferentes em relação ao tema surge naturalmente e compreende aqueles que se opõe vivamente a este fenómeno académico e aqueles que reiteram a necessidade de se promoverem eventos destes, um pouco à imagem do teor dos conteúdos apresentados pela TVI durante o horário nobre, este assunto também suscita uma grande discussão, ainda assim, o debate poderia ser muito maior caso este fosse um tópico tão retratado como por exemplo a necessidade de promover hábitos como a reciclagem ou a não produção/uso de plástico de maneira a diminuir o crescente efeito do aquecimento global sobre o nosso planeta.
Com este texto não pretendo adotar uma posição sobre o assunto, mas sim tentar expandir os horizontes das pessoas e sensibilizá-las para que não formem uma opinião sobre a praxe através do que ouvem dizer. A primeira vez que vi alguém vestido de preto com um olhar tão intimidatório como o da Constança Cunha e Sá enquanto discute assuntos políticos, também me apeteceu dizer com toda a convicção que a praxe era a melhor coisa do mundo, até mesmo melhor do que comer um pastel de Belém acabadinho de fazer.
Contudo formei a minha opinião abstraindo-me de testemunhos de terceiros e participei na praxe, hoje não me arrependo, perdi três quilos, fiquei com as mãos calejadas e ainda aprendi a cantar, sinto que posso fazer igual ao Salvador no futuro! Apesar de tudo, a praxe não é como assistir a um jogo da seleção portuguesa, ou seja, obrigatória, os caloiros devem tomar a sua decisão conforme aquilo em que acreditam e sem medo das consequências que podem surgir.
Posto isto, a minha mensagem para todos os futuros caloiros que lerem este texto que certamente terá repercussões nacionais consiste essencialmente na seguinte lógica: se conseguem sobreviver uma semana a comer arroz com atum como um verdadeiro universitário, certamente conseguirão resistir às adversidades da praxe! Com isto não quero influenciar a vossa escolha, nem tão pouco ser tão adorado como o professor Marcelo, ou talvez queira, seja como for, a decisão é vossa, eu sobrevivi.
Por: Ricardo Fernando Dias Da Silva Rebelo
Trabalho Individual no âmbito da cadeira de Atelier de Cibercultura
2º ano, Comunicação Social
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