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“Responsabilidade, interesse e empenho” (…) “Não vale a pena, uma pessoa que venha para aqui e não t

  • Fábio Araújo I Tiago Pereira I Pedro Santos I
  • 21 de dez. de 2018
  • 7 min de leitura

Duas das pessoas mais influentes nos media da Associação Académica de Coimbra contam-nos um pouco da sua história e argumentam também sobre o que é ser um jovem neste meio, nomeadamente os prós e contras de estar inserido nesta esfera que é a comunicação social.

Daniel Filipe Cardoso Pereira, 24 anos, estuda Jornalismo e Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e é presidente do Conselho de Administração da TV AAC.

Joana Duarte de Matos Gama Gomes, estudante de Mestrado em Direito, tem 22 anos e é diretora de informação da Rádio Universidade de Coimbra.





Falem-nos um pouco da vossa história, como é que chegaram aqui à RUC/TV AAC?


Daniel Filipe:

“O que me trouxe cá…quando eu vim estudar para Coimbra, vim para Jornalismo e como acontece todos os anos, falam-nos das secções da AAC, mas a nós especificamente, falam-nos mais da Cabra, da TV AAC e da RUC.

Em conversa com o atual presidente da secção na altura, o Pedro, disse-me para vir experimentar, ver se gostava do ambiente e da cena com as câmaras e eu decidi arriscar, vim para cá.


Joana Gomes:

“Vim para a RUC quando estava no 3º ano da faculdade e fiz um curso de informação durante o mesmo. Como sou de Coimbra, já tinha ouvido falar da RUC. Para além disso tenho uma amiga, que esteve em Direito e depois mudou para Jornalismo, que entrou na RUC e disse-me que aprendíamos imenso aqui, garantiu-me que eu ia gostar. Foi sem dúvida um dos meus maiores incentivos.”


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso na TV AAC, que função é que começaste a desempenhar e que função desempenhas atualmente?


Daniel Filipe:

“Comecei como colaborador no meu primeiro ano a fazer essas tais pequenas peças de que eu estava a falar, que se prolonga como uma fase de formação desde setembro/outubro até à Queima [das Fitas] (maio).

No 2º ano fui convidado para tesoureiro, um bocadinho por falta de pessoas, um bocadinho também pelo interesse demonstrado pela direção que ia tomar posse. Entretanto em fevereiro, como o diretor de produção (…) acabou o curso e foi estudar para o Porto, como eu gostava muito dessa parte de realização e produção, era muito interessado e ia a todos os festivais, acabei por assumir os dois cargos.

Então fazia tesouraria, que era perfeitamente acessível e ao mesmo tempo fazia direção de produção. Depois terminou esse mandato e no final deste, como o nosso presidente também acabou o curso, (…) visto que ele não estava, alguém tinha de representar a secção. Eu era o tesoureiro e lidava muito com secretaria, burocracias e estava mais à vontade com essa parte e também com a parte de produção, logo acabaram por me empurrar para presidente, que é o cargo que tenho neste momento e que exerço desde abril deste ano até agora.”


Qual foi a maior dificuldade ou desafio que já encontraram desde que iniciaram a vossa função na RUC/TV AAC?


Daniel Filipe:

“(…) não sei até que ponto qual é que foi a situação mais difícil ou os maiores desafios que tive aqui, mas acho que sem dúvida vou arriscar que o cargo que tenho agora será o maior desafio que vou ter, sendo que sou o maior representante da secção e nunca estive em nada parecido, ou seja, a minha experiência nesta área é pouca, vai ser sempre um maior desafio.

Ser diretor de produção também foi um desafio enorme, se calhar pode vir até ser um desafio equiparado ao de presidente, pois diretor de produção é um cargo que te obriga a lidar com muitas pessoas, com muitas outras entidades, com núcleos de estudantes, com secções da casa, com a própria direção-geral, com organizações da Queima da Fitas e tudo mais, e por exemplo com tunas diariamente, que é o trabalho mais específico que fazemos e se alguma coisa corre mal és tu que tens de dar a cara e é dos poucos trabalhos que a TV faz em que são serviços pagos. A TV é remunerada pelos serviços que presta, ou seja, se alguma coisa não corre tão bem, as pessoas têm mais tendência em reclamar porque estão a pagar um serviço e querem mais qualidade.

Agora acho que o maior desafio foi diretor de produção, mas acho que o maior desafio que posso vir a ter aqui será o cargo que estou a desempenhar agora.”


Joana Gomes:

“Enquanto jornalista/locutora a maior dificuldade é, talvez, aprender a desenrascar-se. Por exemplo, quando ficamos sem luz, se não tivermos o trabalho guardado, perdemos tudo e temos de fazer tudo de novo. O que acontece também muitas vezes é termos coisas preparadas e, de repente, surge uma notícia que é mais importante. Temos de estar sempre a par dessas coisas. Às vezes, no verão, umas das nossas maiores dificuldades é não termos notícias. Uma coisa que acontece muito no início é que os teus superiores te lançam aos lobos, de forma a que percas um pouco a vergonha. Já falei com pessoas muito importantes e, às vezes, existe aquele receio de fazer asneira ao falar com eles.

Enquanto coordenadora do departamento, a tarefa mais difícil é mesmo gerir toda a equipa e gerir todos os recursos para garantir que nada falha. E aí, tens de saber também gerir opiniões, porque nós aqui somos todos muito iguais, todos temos a mesma opinião, a opinião de todos é importante em igual medida.”


Qual foi a vossa maior conquista desde que iniciaram o vosso percurso na RUC/TV AAC?


Daniel Filipe:

“Aqui já tive boas experiências, acho que é um bocado aquilo que eu tiro daqui, são experiências, não são conquistas. Desde quando gravo programas com pessoas que de uma forma ou de outra, admiro do panorama nacional, sejam eles músicos, artistas, escritores com que pude até falar ou conviver de certo ponto.

Pequenas produções que correram mesmo bem, das quais me orgulho bastante, por exemplo: fiz a serenata da Queima das Fitas do ano passado e era diretor de produção, por isso era responsável. Nessa produção conseguimos meio milhão de pessoas a ver, foi a maior produção que nós conseguimos ter em termos de alcance e também de qualidade, então tenho um certo orgulho de ter participado e de ter sido “o diretor” com a ajuda de toda a equipa, que foi muito importante para atingir esse objetivo. Também neste momento estou muito feliz por ser o presidente da secção, sei que vai ser e que é um desafio que não vai ser fácil, apesar de tudo, sou eu que tenho de liderar uma equipa de colegas e amigos que às vezes acaba por ser complicado, mas que no fundo são experiências que não vou esquecer e que me vão dar uma certa bagagem tanto para a minha profissão futura, seja ela profissional ou pessoal.”


Joana Gomes:

“Já fiz um debate para as eleições da AAC que foi um desafio, porque ainda estava a acabar o meu curso. Já cobri também as eleições autárquicas, foi muito giro, andar mesmo atrás dos partidos. Consegui entrevistar, por exemplo o Marques Mendes e a Marisa Matias. É interessante entrevistares pessoas muito diferentes. Depois outra coisa é mesmo isso de trabalhar sob pressão porque te ajuda a ser uma pessoa mais despachada e faz-te sair da tua zona de conforto e, mais uma vez, faz-te perder a vergonha.”


Quais são as mais valias fundamentais que vocês consideram que um jovem jornalista/locutor deve ter de forma a desempenhar bem a sua função?


Daniel Filipe:

“Responsabilidade, interesse e empenho, eu diria que talvez sejam estes as três principais palavras ou principais qualidades que uma pessoa deve ter quando quer vir para a TV AAC.”


Joana Gomes:

“(…) acho que ter uma boa voz não é necessariamente uma coisa essencial porque é uma coisa que se vai trabalhando. O que é essencial é tu já teres um nível de escrita bom. Uma coisa que também é muito importante é teres cultura geral, porque acontece que muitas pessoas vêm para aqui e não a têm, nem têm interesse em obter mais. Para isso, nem vale a pena ser jornalista, porque um jornalista é uma pessoa que quer mostrar algo que muitas pessoas não sabem e quer, também, trazer para público assuntos mediáticos, como por exemplo, casos de corrupção, casos de problemas da cidade e coisas deste género. Não vale a pena, uma pessoa que venha para aqui e não tenha interesse em saber mais da atualidade…”



Que erros consideram ser os mais frequentes num jovem locutor/jornalista/alguém do ramo?


Daniel Filipe:

“Aqui é um espaço em que podes e deves errar, vocês principalmente que vão trabalhar no futuro aqui podem errar, os próprios professores nos dizem isso, que nós devemos aproveitar estas secções para errarmos e para vermos aquilo onde nos sentimos mais confortáveis, jornalismo ou câmara. Agora erros… toda a gente que vem aqui comete erros (…) agora quais são os mais frequentes, há um que (…) toda agente acaba por cometer, que é aparecer com uma gravação sem som, acho que isso é vertical a todos.

Também acabam por chegar muitas vezes com as imagens com a cor queimada, ou porque está muito sol ou porque “Ah, no ecrã parecia bem”, mas depois quando chegam aqui ao computador “Epá, está muito queimada” e depois acabam por não corrigir.

Por vezes quando trazem áudio, ou é muito baixo ou tem muito ruído, porque às vezes também gravamos em sítios como espetáculos ou concertos, que acabam por ter muito ruído e que em edição são problemas difíceis de corrigir (…). “


Joana Gomes:

“Primeiro, toda a gente tem muito medo do feedback por parte dos superiores. Isso aí é uma coisa de que as pessoas têm muito receio, às vezes.

Outra coisa que também noto é que as pessoas aqui são muito perfeccionistas e isso não pode acontecer. Já vi, por exemplo, formandos meus a apagarem um parágrafo inteiro porque qualquer coisa não soava bem. Isso é uma coisa que nós nunca podemos fazer, nunca podemos apagar trabalho que já fizemos. Por isso, ser muito perfeccionista é uma coisa que não dá mesmo, não coaduna com a pessoa.

Depois, temos erros no ar. Já aconteceu nós acharmos que não estamos no ar e afinal estamos, e há coisas que saem que não são assim muito boas.

Como disse há pouco, as pessoas acanham-se um bocado ao início, mas isso também acho que é normal.”


Porquê locução?


Joana Gomes:

“Primeiro porque eu gosto de falar muito, está decidido. Depois porque eu sempre fui muito interessada em notícias, ver notícias, ouvir e perceber. Aqui nós não fazemos só notícias, fazemos também programas de debate, coisa que eu sempre achei muito interessante fazer. Para aprender mais, mas também para tentar fazer conteúdo.

Música não é a minha coisa, ainda por cima a RUC tem um estilo musical muito alternativo, que claramente não percebo nada disso.”


Porquê produção?


Daniel Filipe:

“Quando eu entrei aqui não sabia para o que é que queria vir, não vinha com aquela coisa de “Ah, quero ser jornalista ou quero ser só editor ou realizador”, vinha numa de “vou porque tenho lá amigos e há lá malta que vai e vou experimentar”. No início acho que há muita gente que vem com a ideia de que quer muito estar à frente da câmara, porque é aquilo que vemos na televisão em casa, mas eu percebi que aquilo que me fascinava era totalmente o oposto, que era estar atrás da câmara, onde me sentia mais confortável e onde eu achava que era melhor.”






 
 
 

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