Pedro Dinis Silva: “Ver uma secção que estava um bocadinho em baixo a renascer, é muito bom”
- Beatriz Silva, Laura Oliveira e Soraia Lima
- 21 de dez. de 2018
- 6 min de leitura
JORNALISMO E PROFISSÃO
O diretor do Jornal Universitário de Coimbra, destaca o crescimento do jornal e mostra-se confiante no futuro.
“A Cabra” surgiu em janeiro de 1991, no seio da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra. De regularidade de impressão periódica, o jornal é um órgão de imprensa regional e gratuito, constituído por voluntários, na sua maioria alunos do Ensino Superior. Contudo, qualquer pessoa que demonstre interesse pela atividade por ele desenvolvida, pode colaborar, independentemente da área profissional. No meio de altos e baixos, o jornal tem-se assumido como uma publicação de referência, reconhecida não só em Coimbra, como a nível nacional.
Pedro Dinis Silva, diretor do periódico, fala-nos um pouco sobre o seu trabalho.
Qual é a tua ocupação, neste momento?
Eu sou estudante de jornalismo e comunicação, na Faculdade de Letras de Coimbra. É daí que vem o interesse pela área.
Há quanto tempo estás aqui no jornal?
Este é o meu terceiro ano. Assim que entrei na universidade decidi juntar-me à casa.
Porque decidiste entrar para o curso de jornalismo de “a Cabra”?
O meu curso na faculdade de letras (jornalismo e comunicação), não considero que seja um mau curso, no entanto, é muito teórico logo desde o início e eu acho que não há aluno de jornalismo que não se interesse por fazer imediatamente o que esta a aprender. Então, eu antes de ingressar na universidade já sabia mais ou menos que a cabra existia, já tinha entrado em contato até com a então diretora e sabia também que existia uma rádio e uma tv mas, tenho um pouco aquela perceção que a escrita está na base de tudo. Foi por esse motivo que, decidi entrar na “Cabra”, acabei por gostar, acabei por ficar, e agora sou diretor.
Estando no jornal pelo terceiro ano, foi por isso que chegaste ao lugar de diretor?
Um bocado por aí, sim (risos). No primeiro ano, fui redator. Fiz o curso de jornalismo que a secção tem dinamizado todos os anos, depois, no ano seguinte, chamaram-me para ser editor. Fui editor de ensino superior até que, o então diretor do ano passado, Carlos almeida, convidou-me para ser editor executivo. Fui ganhando um pouco mais de estaleca sobre o que é estar mais próximo do diretor e, este ano, o Carlos passou-me a pasta e eu aceitei.
Quem está acima de ti hierarquicamente?
Convém perceber como funcionam aqui as secções culturais na associação académica. O jornal faz parte da secção de jornalismo da Associação Académica de Coimbra que, como muitas, é uma secção cultural da casa. Portanto, tudo o que é produzido pela “cabra” é através da secção de jornalismo. Por este motivo, acima de mim não há ninguém, sendo eu o diretor. Claro que temos os conselhos de redação, que nos ajudam em outras questões, mas, tecnicamente, sou eu o responsável agora na secção de jornalismo na qual eu sou o vice-presidente e acima de mim está a presidente, que é a Margarida Mota.
Quais são os maiores desafios que encontras habitualmente?
Eu acho que o maior desafio dentro da casa é mesmo conseguir conciliar tudo porque, parecendo que não, isto leva-nos muito tempo e quanto mais responsabilidade se tem pior. Eu acho que esse é o maior desafio e depois há os desafios que eu acredito que acontecem em todas as outras redações. Por exemplo, quando tentamos uma entrevista e não conseguimos e o artigo cai e nós precisamos de arranjar outra coisa. Ou quando colocam em causa o nosso trabalho, se bem que é um direito de toda a gente, mas nós tentamos sempre fazer com que saia tudo direitinho e é um bocado por aí. Claro que quem está por amor à casa, aceita e continua o trabalho.
Quantas pessoas estão envolvidas na cabra?
Neste momento, da nossa direção fazem parte quinze pessoas, isto contando com os editores de cada editoria, com os editores executivos e comigo. Também há o conselho de redação neste momento, pelo menos em anos recentes, porque o jornal, há uns anos esteve fechado, por falta de gente. Assim, desta nova era, eu acho que é sem dúvida a vez que temos mais gente, por volta de trinta e cinco pessoas só a escrever, o que é muito bom.
No que diz respeito ao jornal impresso, quanto tempo demora, em média, um jornal desde a sua idealização ate à distribuição?
No impresso, esse tempo é um bocado decidido por nós. O primeiro passo é fazer um plenário que é aberto à comunidade estudantil, ou seja, é aberto a toda a gente que queira escrever nele. Abrimos o plenário, apresentamos os temas que queremos tratar no jornal e depois geralmente, é entre uma semana e meia a duas semanas e meia de produção dos artigos. Depois guardamos um fim de semana, antes da distribuição, para paginar, corrigir tudo e mandar para a gráfica. Perguntamos se está tudo em ordem e eles vêm cá entregar num dia em que tenham disponibilidade. Contamos todos os jornais, decidimos o dia em que vão sair a público e quantos vamos distribuir em cada sítio. Normalmente, tudo isto demora cerca de duas semanas e meia.
Quantos exemplares é que são impressos por edição?
São impressos dois mil exemplares. É o habitual desde que houve a remodelação do jornal há cerca de quatro anos atrás.
Tens uma noção de quantas pessoas leem o jornal, tanto online como impresso?
No online, nós temos o número de visualizações que varia imenso de tema para tema. Por exemplo, no ano passado, a comunidade estudantil aboliu a garraiada cá em Coimbra e nós acompanhámos isso. Fomos o primeiro jornal, a nível nacional, a conseguir declarações oficiais do dux e esse artigo, por ser um exclusivo, chegou a ser bastante visualizado ao nível das dezenas de milhares de visualizações. Como é óbvio, isto não é comum, sendo que os nossos artigos costumam ter umas centenas de visualizações “apenas”.
Quanto ao jornal impresso, não sei dizer porque nós não controlamos isso. Nós colocamos os jornais à disposição nos lugares selecionados e esperamos que as pessoas leiam. Mas posso dizer que são muito mais lidos aqui perto da universidade do que noutro local público, como numa loja da baixa, por exemplo.
Tens noção do feedback das pessoas?
O feedback, sobretudo este ano, que é o que eu posso dizer tem sido bom. Há muitas pessoas e instituições que têm vindo falar connosco e que têm acompanhado o crescimento da “Cabra” ao longo destes anos, desde que fechou e que estão felizes por nos verem crescer e estarmos mais ativos. Antigamente, esta era uma secção que estava um bocadinho em baixo e que por estar a renascer, é muito bom. Por isso o feedback tem sido positivo.
Na parte do jornal online, as redes sociais têm contribuído para a divulgação do jornal? Como é que esta “a Cabra” nesta área?
Até este ano, nós só tínhamos atividades em redes sociais no Facebook. Também tínhamos um Twitter mas estava praticamente desativado porque não partilhávamos lá nada. Mas, com a nova direção, este ano apostamos no Instagram e em voltar ao Twitter onde já que tínhamos uma grande base de seguidores que foi sendo adquirida ao longo dos tempos. O Instagram foi criado em setembro (de 2018) e tem crescido imenso porque já está com cerca de oitocentos seguidores. No Facebook, estamos a evoluir gradualmente, não sei se foi pela academia se ter lembrado que nós existíamos ou que é importante estar informada do que aqui se passa ou se é porque, de facto, estamos a fazer um bom trabalho e uma boa divulgação. Mas, eu acho que as redes sociais são um fator importante sobretudo para chegar a outros públicos e para interagir com outras instituições. Por exemplo, o TAGV já nos pediu várias vezes para nós os identificarmos nas publicações porque eles adoram partilhar isso. E este é o ponto positivo dessa interação.
Como achas que vai ser o futuro do jornal, consoante a evolução que tens vindo a observar desde que estás na direção?
Para ver o que se pode passar no futuro, também há que ver o que se passou no passado. Este jornal já foi muito grande, já foi algo que saia de duas em duas semanas. Já foi citado por grandes órgãos de comunicação, como a National Geographic, já teve editoriais como o “país e o mundo” onde eram abordados problemas reais de lá fora…, mas, respondendo à questão: visto da minha perspetiva, que tive aqui os meus três anos de faculdade e vi o jornal a crescer gradualmente, eu só posso esperar que isso continue a acontecer. Um bom exemplo disso é o nível de interesse que este jornal teve quando abrimos o curso de jornalismo, que é o que junta estas pessoas aqui a vir escrever. O número de interessados foi mesmo superior àquele que tinha acontecido no ano passado e ficámos muito felizes com isso. Se isso continuar a acontecer, nós vamos ter de pedir uma sala maior (risos) à direção geral da Associação Académica de Coimbra, mas, eu também não sei se vou ficar ou não, não sei se fico a fazer mestrado ou não. Não sei quem vai ficar daqui ou não, mas, eu só posso esperar coisas boas do jornal nem que seja apenas numa perspetiva de continuidade e de crescimento.
Para terminar, que conselhos darias a um futuro jornalista?
É preciso ter noção de como está o mercado neste momento. Eu próprio, sendo diretor do jornal, não sei se vou seguir a área de jornalismo, mas isso é uma questão pessoal. Se quiserem ser jornalistas e vierem estudar aqui para Coimbra, o meu conselho é envolverem-se numa casa aqui na academia ou mesmo fora. Agora estudamos apenas três anos e temos menos possibilidade para nos envolvermos neste tipo de coisas, daí a valorização destas atividades.
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