República Estudantil "Ay-Ó-Linda" - Paredes que contam histórias
- Ana Neves | Bianca Rocha | Carina Silva | Daniela
- 24 de dez. de 2018
- 2 min de leitura
Em Coimbra, na cidade dos estudantes, é frequente falar-se em Repúblicas - várias organizações estudantis, cada uma com a sua história, sem quaisquer tipo de fins lucrativos e destinadas a albergar os estudantes do ensino superior, sendo geridas pelos mesmos.
Fruto da mente de estudantes da Universidade de Coimbra, a República “Ay-Ó-linda” nasceu em 1949 num edifício diferente daquele em que se encontra hoje. Atualmente, encontra-se junto aos Arcos do Jardim e aloja nove estudantes que veem aquele local como uma segunda casa.
“Aqui vivemos em comunidade, segundo valores hierárquicos e praxísticos” foi a frase de arranque para dar início à visita guiada pela “Ay-Ó-linda”. Como na maioria das casas, a sala de estar é o sítio onde os estudantes passam maior parte do tempo. “Os quartos são só utilizados para outros fins, como para estudar, dormir ou namorar” – afirma Miguel, enquanto os outros riem envergonhados.
A torre da universidade dentro de um copo e o gato preto são os símbolos que distinguem esta República das outras. O primeiro, explicou o rapaz, representa o equilíbrio entre a vida boémia e a vida académica. Por sua vez, o segundo símbolo foi criado em jeito de homenagem ao local onde esta república se encontrava ulteriormente, onde os gatos das vizinhas faziam já quase parte da mobília da casa.
Nesta República só se festejam centenários e milenários. Os centenários realizam-se todos os anos e, segundo Miguel, “um ano em qualquer república equivale a cem anos na vida normal”. É por isso que as festas centenárias duram três dias: no primeiro dia, os festejos são apenas entre os residentes da república; no segundo dia, os festejos contam também com a participação de ex-residentes, ainda “jovens”; e o terceiro é para todos os que já passaram por aquela casa, incluindo residentes, ex-residentes e “antigos”.
Um passo dado, uma história contada ou um retrato guardado. Tudo o que entra fica, e é por isso que nas paredes escritas e desenhadas ninguém pode mexer, pois é o legado que carrega em si de antigos estudantes para futuros caloiros. Os estudantes que têm a sorte de fazer parte de algo tão especial, fazem questão de deixar a sua marca nas paredes da “Ay-Ó-linda”, seja ela em cartoons, poemas ou rabiscos.
Quem entra ali chega sozinho e vai embora com uma família, quanto a isso não restam dúvidas.
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