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Um herói esquecido.

  • Foto do escritor: postsdepescada
    postsdepescada
  • 4 de jan. de 2019
  • 4 min de leitura

É certo que a nossa espécie já partilhou de notáveis individualidades que pelo caminho da diferença se demarcaram perante os demais, ficando eternizados na história pelos seus feitos. Alguns tiveram a felicidade de serem reconhecidos por isso, outros nem tanto, tendo a erosão do velho relógio atuado nas suas memórias.

Uns são ídolos, mitos, lendas. Outros, livros cobertos de pó numa estante vazia de vida. Por isso considero importante valorizarmos quem se deve enquanto é tempo, em vez de optarmos pela simples criação de falsos ídolos – fenómeno ao qual assistimos correntemente.

Por entre séculos e milénios da nossa existência poderia ter escolhido qualquer homem ou mulher, de que tantos exemplos há, para preencher estas páginas. Porém decidi falar sobre um personagem bem particular, maioritariamente esquecido, mas que tem uma importância desmedida no nosso meio. Falo de Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, ou simplesmente Baden-Powell. Neste momento o leitor deve estar a interrogar-se que personagem é este. Vamos por partes.

Quem foi?

Baden-Powell nasceu em Londres a 22 de fevereiro de 1857. Orfão de pai já desde os três anos, foi a mãe quem o estimulou desde sempre o gosto pela Natureza e pela Arte. Ingressou na Charterhouse, uma centenária escola inglesa, que serviu de rampa de lançamento para o que mais tarde seria a sua entrada no exército. Durante muitos anos, Baden-Powell, oficial consciencioso, vai prosseguir, por quase todas as partes onde impera a coroa britânica, uma brilhante carreira, que fará dele, aos 43 anos, o mais jovem oficial - general do Exército Britânico.

Entre os seus feitos militares mais notáveis figuram as campanhas contra os Ashantis e os Matabeles - tribos africanas que se tinham revoltado – dirigidas com um extraordinário engenho e, ainda, o cerco de Mafeking, na África do Sul, onde, durante 217 dias, em inferioridade numérica e em más condições, defendeu-se dos Boers, imigrantes de origem holandesa em rebelião contra o governo central.

A sua obra e o movimento

Depois de toda uma vida rica e azafamada, Robert Baden-Powell regressa a Inglaterra em 1903, onde repara que o seu primeiro livro - Ajudas ao Escotismo – estava a ser usado para treinar jovens ingleses. Em 1907, depois de ver o sucesso que aquilo estava a ter na sociedade inglesa, decide fazer um acampamento experiemental, de 29 de julho a 9 de agosto, na ilha de Brownsea, no costa meridional da Grã-Bretanha. Juntamente com 20 rapazes Baden-Powell realiza o que seria o pontapé de saída para a criação do Scouts Movement.

O sucesso do "Escotismo para Rapazes" produziu um movimento que rapidamente, quase de forma automática, adotou o nome "The Boy Scouts". Em 1909 a obra já tinha sido traduzida para cinco línguas e uma atividade em Londres que atraiu mais de 11 mil escoteiros. O Chile foi um dos primeiros países a ter escotismo e em 1910 visitou o Canadá e os Estados Unidos da América, onde o escotismo já tinha dados os primeiros passos. A primeira guerra mundial em 1914 poderia ter ditado o fim do movimento escotista, no entanto, a formação providenciada pelo sistema de patrulhas revelou-se fundamental. Os guias de patrulha assumiram a liderança quando os dirigentes voluntários foram chamados para servir a pátria. Os escoteiros contribuiram durante a primeira guerra mundial de muitas formas, a mais notável de todas terá sido levada a cabo pelos escoteiros marítimos que ficaram responsáveis pelo patrulhamento da costa libertando assim os guardas-costeiros para que estes fossem servir a nação na frente de batalha. O primeiro Jamboree Mundial do Escotismo teve lugar em 1920 e contou com 8 mil participantes. Os jovens que marcaram presença no primeiro Jamboree Mundial eram provenientes de diferentes países e juntaram-se para partilhar interesses e ideais.

O escutismo e o Mundo

Muitos países conquistaram a sua independência durante estas décadas. O Escotismo desenvolveu-se de forma gradual em cada país e os programas educativos foram adaptados a cada realidade e às suas especificidades culturais. Os escoteiros, particularmente em países desenvolvidos, tornaram-se mais ativos em questões como a saúde infantil, habitação social, literacia, agricultura, desenvolvimento de competências laborais, educação para o não consumo de drogas, desenvolvimento de competências para a vida, incentivo à inclusão, educação para as questões ambientais e para a paz.

Em 2007 o Escotismo celebrou os seu centenário. O que começou com um pequeno campo na Ilha de Brownsea é hoje em dia um movimento em crescimento com membros em quase todos os países do mundo. Apesar da sua combinação única de aventura, educação e diversão, o Escotismo consegue renovar e adaptar-se a um mundo em constante mudança e às diferentes necessidades dos jovens. O Escotismo contribui diariamente para que os jovens sejam cidadãos globais, ativos e que ajudam a construir um mundo melhor. Com mais de um século o movimento tornou-se o maior movimento juvenil nível mundial. Existem mais de 40 milhões de escoteiros em todo o mundo espalhados por mais de 200 países e territórios. Mais de 500 milhões de pessoas já foram escoteiros, inclusive pessoas que atualmente ocupam lugares de destaque na sociedade.

Alerta Para Servir!

Baden-Powell hoje é esquecido mas a sua obra não pode ser ignorada. Por falta de conhecimento ou simples ignorância, grande parte da população não conhece o nome daquele que (ainda) desperta o interesse e fascínio de 40 milhões de adolescentes um pouco por todo o mundo. Talvez a crise de valores humanitários a que assistimos hoje tenha solução neste movimento que prega a disciplina, o respeito e o amor quer pelo próximo quer pela pátria. B.P dizia: “O melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros. Procurai deixar o mundo um pouco melhor de que o encontrastes e quando vos chegar a vez de morrer, podeis morrer felizes sentindo que ao menos não desperdiçastes o tempo e fizestes todo o possível por praticar o bem”, não fosse a sua divisa “Sempre Alerta Para Servir!”.

Nota: Escotismo e Escutismo são apenas diferentes pela ligação a uma religião. Os escuteiros são ligados á Igreja Católica, já os escoteiros não.


 
 
 

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